Gustavo José
Barbosa
As transformações advindas com o fim do
Império do Brasil no ano de 1889 respigaram não somente na estrutura política e
administrativa em esfera nacional, mas alteraram a conformação dos comandos das
províncias e também dos municípios brasileiros. Conhecer essa nova dinâmica do
poder local e os atores que estiveram envolvidos naquela jovem etapa da estrutura
governamental é vital para nos localizarmos enquanto membros de uma comunidade,
cujo tecido social foi sendo construído ao longo dos séculos.
Tratando do município de Nova Cruz (RN) percebemos que as
lideranças políticas do lugar não ficaram inertes aos novos ventos que sopravam
desde o Rio de Janeiro, mas trataram de organizar com muito esmero a estrutura
republicana na antiga Anta Esfolada tão logo houve a mudança nos rumos do país.
Assim, aqueles tradicionais produtores rurais, comerciantes, antigos membros da
guarda nacional e até do judiciário tomaram partido e construíram uma dinâmica
de disputa pelo poder que ganhou uma nova nomenclatura: o Conselho de
Intendência Municipal.
Este Conselho foi conformado na grande maioria dos
municípios potiguares por seis membros denominados intendentes, eleitos pelos cidadãos
com direito à voto o que representava uma tímida parcela da população. Percebo
que essa página da história novacruzense precisa ser mais pesquisada, para que entendamos com detalhes como aconteceu à alternância de poder entre as
lideranças republicanas locais.
Por hora, lembro o nome de alguns cidadãos que foram líderes
da Intendência Municipal de Nova Cruz numa fase política que ficou conhecida
como República Velha (1889-1930): Anísio Alípio Carvalho, Camilo Soares de
Carvalho, José Gomes Barbosa, José Ignácio Moreira, José Luiz da Silva Lins,
Manuel Gomes Bezerra, Mário Gadelha Simas, Mário Manso, Nestor José Marinho,
Odilon Amâncio Ramalho, padre Bianor Emílio Aranha, padre Tomaz Maurício de
Aquino, dentre outros. O protagonismo destas famílias na disputa política está
amplamente registrado dos jornais da época com riqueza de detalhes, e também
com essas informações passamos também a entender como alguns dos descendentes
destes dirigentes ainda hoje atuam na política de Nova Cruz e do Rio Grande do
Norte.
Esse recorte temporal da história política de Nova Cruz
traz à luz um aspecto de grande importância para todos que tenham interesse
pelos ecos do passado que longe de ser uma peça para esquecimento, representa o
melhor da tradição do município e deve ser valorizado por todos. Conhecer os
detalhes destas disputas pelo poder é uma aventura intrigante que nos faz
mergulhar no universo político daquela primeira metade do século XX, lembrando
que estes personagens foram muito importantes na construção da cidade que temos
hoje e sua memória deve ser perpetuada.