domingo, 31 de outubro de 2021

Nova Cruz e a República Velha

 


Gustavo José Barbosa

         As transformações advindas com o fim do Império do Brasil no ano de 1889 respigaram não somente na estrutura política e administrativa em esfera nacional, mas alteraram a conformação dos comandos das províncias e também dos municípios brasileiros. Conhecer essa nova dinâmica do poder local e os atores que estiveram envolvidos naquela jovem etapa da estrutura governamental é vital para nos localizarmos enquanto membros de uma comunidade, cujo tecido social foi sendo construído ao longo dos séculos.

            Tratando do município de Nova Cruz (RN) percebemos que as lideranças políticas do lugar não ficaram inertes aos novos ventos que sopravam desde o Rio de Janeiro, mas trataram de organizar com muito esmero a estrutura republicana na antiga Anta Esfolada tão logo houve a mudança nos rumos do país. Assim, aqueles tradicionais produtores rurais, comerciantes, antigos membros da guarda nacional e até do judiciário tomaram partido e construíram uma dinâmica de disputa pelo poder que ganhou uma nova nomenclatura: o Conselho de Intendência Municipal.

            Este Conselho foi conformado na grande maioria dos municípios potiguares por seis membros denominados intendentes, eleitos pelos cidadãos com direito à voto o que representava uma tímida parcela da população. Percebo que essa página da história novacruzense precisa ser mais pesquisada, para que entendamos com detalhes como aconteceu à alternância de poder entre as lideranças republicanas locais.

            Por hora, lembro o nome de alguns cidadãos que foram líderes da Intendência Municipal de Nova Cruz numa fase política que ficou conhecida como República Velha (1889-1930): Anísio Alípio Carvalho, Camilo Soares de Carvalho, José Gomes Barbosa, José Ignácio Moreira, José Luiz da Silva Lins, Manuel Gomes Bezerra, Mário Gadelha Simas, Mário Manso, Nestor José Marinho, Odilon Amâncio Ramalho, padre Bianor Emílio Aranha, padre Tomaz Maurício de Aquino, dentre outros. O protagonismo destas famílias na disputa política está amplamente registrado dos jornais da época com riqueza de detalhes, e também com essas informações passamos também a entender como alguns dos descendentes destes dirigentes ainda hoje atuam na política de Nova Cruz e do Rio Grande do Norte.

            Esse recorte temporal da história política de Nova Cruz traz à luz um aspecto de grande importância para todos que tenham interesse pelos ecos do passado que longe de ser uma peça para esquecimento, representa o melhor da tradição do município e deve ser valorizado por todos. Conhecer os detalhes destas disputas pelo poder é uma aventura intrigante que nos faz mergulhar no universo político daquela primeira metade do século XX, lembrando que estes personagens foram muito importantes na construção da cidade que temos hoje e sua memória deve ser perpetuada.

Nenhum comentário:

Postar um comentário