Deputado é acusado de manter contas secretas e mentir à CPI; ele nega.
PF cumpriu mandados de busca na residência oficial de Cunha e na Câmara
O Conselho de Ética da Câmara dos Deputados aprovou nesta terça-feira (15), por 11 votos a 9, o parecer preliminar do deputado Marcos Rogério (PDT-RO) pela continuidade das investigações sobre o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ). O processo poderá resultar em punição que varia desde censura até a cassação do mandato do peemedebista.
Alvo da Lava Jato, Cunha é acusado de manter contas secretas no exterior e de ter mentido sobre a existência delas em depoimento à CPI da Petrobras, em março. A votação aconteceu horas após uma operação da Polícia Federal que fez buscas e apreensões na residência oficial de Cunha em Brasília e na sua casa no Rio de Janeiro. Também houve ação da PF e do MInistério Público ações na casa de investigados em sete estados e no Distrito Federal.
Com a aprovação do parecer preliminar, o presidente da Câmara será notificado sobre a continuação das investigações – ainda não há definição se isso acontecerá ainda nesta terça ou só na quarta-feira (16).
A partir daí, a defesa terá um prazo de até dez dias úteis para apresentar os seus argumentos. No entanto, se for mantido o recesso parlamentar, com início em 23 de dezembro, os trabalhos do conselho só deverão ser retomados em fevereiro com a coleta de provas e depoimentos de testemunhas de defesa e acusação.
A votação desta terça ocorreu após a leitura do parecer por Marcos Rogério, em meio a polêmica sobre se era cabível haver pedido de vista (pedido de parlamentar para analisar o caso por mais tempo, o que poderia atrasar a votação do relatório).
Deputados aliados de Cunha defendiam que deveria ser concedido pedido extra para que o novo parecer fosse analisado, uma vez que houve substituição do relator. Na semana passada, o deputado Fausto Pinato (PRB-SP) acabou destituído depois de manobras regimentaiscapitaneadas por parlamentares da "tropa de choque" de Cunha.
O presidente do colegiado, José Carlos Araújo (PSD-BA), negou o pedido de vista, mas passou a decisão final para o plenário, que acabou decidindo, por maioria, que não era justificado dar mais tempo por entender que Rogério apresentou apenas um complemento ao parecer de Pinato, que já pedia a continuação das investigações.
Sessão com bate-boca
A sessão mais uma vez foi tensa. Houve de novo bate-boca entre os integrantes do colegiado. O deputado Leo de Brito (PT-AC) fazia críticas ao PSDB por conta do apoio dado anteriormente pela sigla a Cunha. Deputados tucanos protestaram e virou uma discussão generalizada, mas não teve tumulto e logo os ânimos mais acirrados se acalmaram.
Parlamentares como Paulo Azi (DEM-BA) e Júlio Delgado (PSB-MG) tentaram coordenar um acordo com aliados de Cunha para que retirassem todos os requerimentos pedindo o adiamento e, em troca, a votação fosse adiada até esta quarta-feira (16).
Diante da falta de acordo, o presidente do conselho decidiu colocar em votação os três requerimentos de aliados do peemedebista que pediam o adiamento. No entanto, todos os pedidos acabaram sendo retirados pelos seus autores e o parecer foi votado em seguida.
Veja como votou cada deputado no Conselho de Ética
Quem votou a favor da continuação das investigações = 11 deputados
Arnaldo Faria de Sá (PTB-SP)
Júlio Delgado (PSB-MG)
Leo de Brito (PT-AC)
Nelson Marchezan Junior (PSDB-RS)
Paulo Azi (DEM-BA)
Sandro Alex (PPS-PR)
Zé Geraldo (PT-AC)
Valmir Prascidelli (PT-SP)
Rossoni (PSDB-PR) - suplente
Quem votou contra a continuação das investigações = 9 deputados
Cacá Leão (PP-BA)
Erivelton Santana (PSC-BA)
Paulo Pereira da Silva (SD-SP)
Ricardo Barros (PP-PR)
Vinicius Gurgel (PR-AP)
Washington Reis (PMDB-RJ)
Wellington Roberto (PR-PB)
João Carlos Bacelar (PR-BA) - suplente
Manoel Júnior (PMDB-PB) - suplente
Clique na imagem para aumentá-la. Fonte: G1 |
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