1º picape da marca tem bom espaço traseiro, mas peca na direção pesada.
Pode tirar cliente da Strada mais cara, mas, briga de verdade, só em 2016.
A Renault sai na frente e inaugura com a Duster Oroch o segmento das picapes “quase médias”: difícil achar um termo melhor para aquela que é maior que as picapes compactas, lideradas pelaFiat Strada, mas são menores que as picapes médias, como a Chevrolet S10.
Sempre com cabine dupla, 4 portas, e com um bom nível de equipamentos de série e de espaço, a novidade poderá tirar clientes das versões mais caras da “picapinha” da Fiat, mas a briga de verdade só vai começar no ano que vem, quando a montadora de origem italiana lançar o concorrente direto, a Toro.
Com nome de tribo da Rússia, a Oroch chega às lojas em outubro, partindo de R$ 62.290 (veja todos os preços). A primeira pergunta é: trata-se do Duster com porta-malas descoberto? De fato, ao serem feitos sob a mesma plataforma, os dois modelos têm vários pontos em comum. Visualmente, são idênticos até a porta traseira. A largura é a mesma e a altura, basicamente, também.
Mas a plataforma foi alongada para conceber a Oroch, de modo que a picape não só é 36 centímetros mais comprida, como tem 15 cm a mais de distância entre eixos: aquela que, na prática, identifica o quanto de espaço vão ter os ocupantes lá dentro.
Assim, a Oroch cria, na verdade, um segmento de picape pequena de família. Sempre com cabine dupla, ela acomoda bem 4 adultos, coisa que, até então, só era possível em picapes maiores. Para ir ao encontro dessa proposta, inclui um bom pacote de equipamentos, mas, se o assunto é conforto, derrapa ao abrir mão de direção elétrica, assim como o Duster.
Para se armar contra a Toro, a Renault adianta que lançará a opção de câmbio automático também no ano que vem. Uma versão com tração 4x4 também está nos planos.
Para quem é?
A Renault diz que o foco principal da Oroch é o cliente que tem uma picape como carro principal: usado no trabalho e para transportar a família. Com estepe localizado na parte de baixo do veículo, a caçamba ganha espaço e leva 683 litros, basicamente o mesmo que a Strada, conforme dados das montadoras.
O G1 experimentou a picape nas ruas de São Paulo e no Rio de Janeiro, onde ocorreu o evento de lançamento, basicamente em trajetos urbanos. Foram avaliadas as versões Dynamique 1.6 (115 cv, câmbio manual de 5 marchas) e 2.0 (148 cv, manual de 6 marchas), as mais completas.
De série, a Oroch tem ar, travas e vidros elétricos (nas 4 janelas), alarme, volante com comandos de áudio e telefone, rádio CD MP3 com 4 alto falantes, USB e Bluetooth, rodas de liga leve aro 16, barras no teto, santantônio, protetor de caçamba.
Para a Renault, a intermediária Dynamique, 1.6 responderá pela maior parte das vendas do modelo. Por R$ 66.790, a versão acrescenta central multimídia, faróis de neblina, piloto automático, comando elétrico dos retrovisores, sensor de estacionamento, acabamento em couro no volante, computador de bordo e vidro do motorista com comando de 1 toque.
O único opcional é o banco em couro. São acessórios capota marítima, extensor de caçamba (que serve de rampa), DVD, câmera de ré, entre outros.
As rivais
A Strada com cabine dupla começa em R$ 52.210 (Working 1.4, 86 cv), mas as que mais se aproximam da Oroch são Trekking (1.6, 117 cv), de R$ 59.410, e a Adventure (1.8, 132 cv), de R$ 67.100, ambas com a famosa terceira porta, que facilita a entrada de quem vai no banco de trás.
A Trekking tem os itens básicos (ar, direção hidráulica, travas e vidros elétricos, rodas aro 14), mas cobra mais R$ 2.688 por rádio com CD/MP3 e Bluetooth, ajuste elétrico de retrovisor e volante em couro com comandos de áudio. O sensor de estacionamento, também à parte, custa R$ 861. Total: R$ 62.959.
Por R$ 67.110, a Strada Adventure inclui tudo isso mais capota marítima, bússola e inclinômetro, faróis de neblina, distribuição eletrônica de frenagem (EBD), janela traseira corrediça, sensor de estacionamento e rodas aro 16.
A Rock in Rio (1.6) era a única cabine dupla da Volkswagen Saveiro configurável no site da marca nesta quinta-feira (1º). O modelo com duas portas é vice-líder entre as compactas, atrás da Strada. Por R$ 61.900, a série especial é bem completa, com sensor de estacionamento, EBD, capota, ajuste elétrico do retrovisor, farol de neblina, rodas aro 15, santantônio e rádio com Bluetooth.
Dentro da Oroch
Estar na Oroch é sentir-se no Duster. É tudo igual: a posição de dirigir, a distribuição dos comandos, a visibilidade (exceto atrás porque o vidro traseiro da picape é, naturalmente, mais estreito). O painel é o do SUV reestilizado, com acabamento simples, e problemas de projeto como o ajuste do retrovisor ser feito por um botão “secreto”, embaixo do freio de mão.
A central multimídia tem todas as funções básicas, incluindo GPS, e é de fácil navegação, com tela sensível ao toque que é operada sem grandes esforços – a do Jeep Renegade, o modelo que servirá de base para a Toro, requer muito mais esforço para colocar um endereço, por exemplo. Se ficasse mais para cima daria mais conforto ao motorista que tenta acompanhar o mapa do navegador.
O GPS exibe condições de trânsito em tempo real via rádio, o que não exige uma conexão com a internet.
Ao volante
O volante, também igual ao do Duster, é pesado. Ter direção elétrica pelo menos em alguma versão colocaria a Oroch à frente de rivais até maiores – lembrando que mesmo carros de entrada começam a ter o recurso.
Na versão que a Renault acredita que será o carro-chefe, o motor 1.6 de 115 cavalos de potência (com etanol) demonstrou certa “sofrência” quando a picape de 1.292 kg se deparou com subidas, mesmo com a caçamba descarregada.
Por outro lado, a suspensão agrada. Na traseira, "herdou" a do tipo multilink do Duster 4x4, com braços independentes e que foram reforçados.
Na prática, a suspensão é um pouco mais rígida que no SUV, para suportar cargas maiores, mas não por isso desconfortável. O ocupante sente as irregularidades do piso, mas não é uma batida seca.
Descarregada, a picape se mostrou estável nas curvas, mesmo em velocidades mais altas, mas poderia contar com controle de tração e de estabilidade.
Vai emplacar?
Em tempo de baixa nas vendas de carros no Brasil, a Renault não divulgou a meta de vendas da Oroch. A picape divide a linha de produção em São José dos Pinhais (PR) com o “irmão” Duster, oSandero e o Logan, modelos de maior volume de emplacamentos.
Só com a Fiat Toro na área será possível avaliar o tamanho do desafio da Oroch. Por ora, ela poderá balançar quem esteja “namorando” a Strada Adventure, mais cara. A Renault acredita que a maioria dos compradores da picape virá das regiões Norte e Centro-Oeste. O modelo também será exportado para o Mercosul.
Mas será que conseguirá, como se especula, roubar clientes de S10 & cia, acostumados a dimensões bem maiores? Difícil. No território das picaponas, tamanho sempre foi fundamental, nem que seja para fazer figura nas ruas.
Nenhum comentário:
Postar um comentário