Além dos quatro detidos, um menor de idade que participou do crime também foi apreendido na ação
Diego Hervani
Repórter
Em pouco mais de um dia, a comissão especial da Polícia Civil conseguiu prender quatro homens e apreender um menor suspeitos de da morte do policial civil Ilfran Tavares, de 51 anos, assassinado no último domingo (27) em uma tentativa de assalto na Panificadora no bairro de Petrópolis, em Natal.
Os presos foram identificados como sendo Marcelo Pegado Correia, 18, Gláucio Herculano Fonseca, 19, Thiago Jerônimo Pinheiro, 18, vulgo “Thiago Coxinha”, Alessandro Wallace de Freitas Procópio, vulgo “Sandrinho”, 20, além de um adolescente de 17 anos. As prisões aconteceram na Zona Norte de Natal, Parnamirim e Macaíba. Durante depoimento, todos assumiram a participação no crime.
De acordo com a polícia, a quadrilha informou que a Panificadora não era o primeiro alvo. “Eles foram roubar um depósito de bebida em Santo Antônio (Distrito de São Gonçalo). Porém, esse depósito estava fechado. Então eles voltaram para Natal e ficaram rodando pela cidade. Quando passaram pela panificadora, eles perceberam que a região estava escura e deserta, então resolveram assaltar”, afirmou Herlânio Cruz, delegado titular da Delegacia Especializada de Furtos e Roubos (Defur) e que fez parte da comissão especial. O bando estava em duas motocicletas pretas e um Celta branco (as motos e o carro foram apreendidos). Ao decidirem assaltar o local, eles foram para a Praça Cívica e lá Gláucio e o menor pegaram as armas que estavam dentro do veículo e partiram para a Panificadora.
Nas imagens do sistema de segurança, o menor é o de camisa listrada, que entra em confronto com o policial morto, que reagiu ao perceber que o menor estava ameaçando sua irmã com uma arma, e Gláucio é o de capacete. Nesse momento, Gláucio veio por trás e disparou. “Em depoimento, o menor e Gláucio acusaram um ao outro quando questionados quem teria atirado no policial. Mas temos quase certeza que o tiro partiu de Gláucio. Mas ainda estamos fazendo alguns exames para confirmar. Eles confirmaram que o policial reagiu ao assalto”, afirmou Herlânio. Thiago e Marcelo ficaram do lado de fora dando apoio nas motos, enquanto Marcelo ficou no carro.
A situação que mais chamou a atenção dos policiais envolvidos nas prisões foi o fato de que todos do bando tinham uma condição financeira boa. “A família deles tinha condições de dar uma boa vida para todos. Eles escolheram o mundo do crime por querer mesmo. Eles queriam ostentar. O pai do Gláucio, por exemplo, falou que não entendia como o filho conseguia ir para tantas festas. O carro utilizado no assalto era do irmão de Thiago”, destacou o delegado Frank Albuquerque. O adolescente, inclusive, estudava em uma escola particular. “Esse adolescente era do time da escola. Era uma pessoa muito conhecida e não precisava roubar para ter uma boa vida. Teve todas as oportunidades para seguir a vida do bem, mas escolheu o outro lado”, completou Frank.
Marcelo Pegado era Bombeiro Civil, Gláucio trabalhava como auxiliar de britagem e Alessandro Wallace era motoboy. O único desempregado da quadrilha é Thiago, que foi apontado pelos próprios comparsas como o “cabeça”. “Os outros falaram que a ideia de assaltar o depósito e a panificadora foi do Thiago. Eles também falaram que ele já tinha cometido outros assaltos. Nenhum deles tinha ficha criminal, mas agora, com a divulgação da imagem deles, temos certeza que mais acusações irão aparecer”, explicou Herlânio Cruz.
De acordo com o Delegado Geral da Polícia Civil, Adson Kepler, a elucidação rápida do crime se deu por conta do empenho e solidariedade dos policiais civis, bem como da comunidade que ajudou no caso. “Desde que ocorreu o fato a Polícia Civil se mobilizou. Policiais civis de outras delegacias que não estavam de serviço efetuaram diligências para prender os criminosos e pessoas da comunidade também contribuíram muito com as investigações, então essa série de fatores tornou possível a solução rápida desse crime”, concluiu. As armas utilizadas no crime não foram localizadas. Segundo Gláucio e o menor, eles jogaram as duas na rua a mando de Thiago. Na casa do adolescente a polícia ainda encontrou a roupa utilizada por ele naquela noite.
Ilfran Tavares trabalhou por 24 anos na Polícia Civil e atualmente estava lotado na Delegacia Especializada de Acidentes de Veículos (DEAV). Durante sua carreira policial prestou serviço nas delegacias distritais: 1ªDP, 4ªDP, 6ªDP; e nas Especializadas: Delegacia Especializada no Atendimento ao Turista (DEATUR), Delegacia Especializada no Consumidor (DECON), além de ter atuado também na Corregedoria de Polícia Civil (CORREPOL). Ele foi enterrado nessa segunda, em um cemitério em Nova Descoberta.
O delegado Sérgio Leocádio, amigo da vítima há mais de 20 anos, lamentou o ocorrido e criticou duramente a situação da segurança no Rio Grande do Norte. “Ele começou a trabalhar comigo na polícia na década de 90. Era uma pessoal exemplar, tanto profissionalmente quanto pessoalmente. Hoje perdemos não apenas um grande profissional, mas também um grande amigo. Acho que a insegurança no RN chegou ao limite. Se um policial morre dessa forma, como fica a situação do cidadão comum? Quem deveria estar dando entrevista agora era o Governo, pois ele é o culpado por toda essa insegurança”, afirmou.
Fonte:JH
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