domingo, 1 de dezembro de 2013

Fila de ortopedia tem 228 pacientes à espera de cirurgia no Walfredo Gurgel

Mutirão ortopédico atenderá também pacientes de Mossoró, que farão procedimento em Natal



Pacientes que estão há muito tempo esperando por cirurgia eletiva, bem como pacientes idosos e com fraturas de fêmur terão prioridade na transferência nesse segundo mutirão. Foto: Divulgação
Pacientes que estão há muito tempo esperando por cirurgia eletiva, bem como pacientes idosos e com fraturas de fêmur terão prioridade na transferência nesse segundo mutirão. Foto: Divulgação
Roberto Campello
Roberto_campello1@yahoo.com.br

A ortopedia tem sido, nos últimos meses, a grande responsável pela superlotação dos principais hospitais da rede pública de saúde, como o Hospital Monsenhor Walfredo Gurgel, em Natal, o Hospital Regional Deoclécio Marques de Lucena, em Parnamirim e Hospital Tarcísio Maia, em Mossoró. Atualmente, há 228 pacientes na fila de espera por uma cirurgia eletiva, sendo 104 no Tarcísio Maia, 60 no Deoclécio Marques e 64 no Hospital Walfredo Gurgel. Diante desse quadro, apesar das cirurgias eletivas serem de responsabilidade dos municípios, a Secretaria Estadual de Saúde Pública (Sesap) retornou nesta quinta-feira (28), o mutirão para as cirurgias ortopédicas.
Na manhã desta quinta-feira, seis pacientes que aguardavam com fratura de fêmur no Walfredo Gurgel já foram transferidos para o Hospital Memorial em Natal e à tarde mais quatro serão encaminhados. Hoje (29) está prevista a transferência de mais 10 pacientes do Walfredo Gurgel para o Hospital Memorial. Ao todo, o Estado investirá pouco mais de R$ 1 milhão na contratação de 371 procedimentos cirúrgicos.
Para prestação desse serviço, a secretaria renovou contrato com a Clínica Paulo Gurgel, com o Hospital Memorial e o Médico Cirúrgico. É a segunda vez neste ano que a Sesap adota essa medida emergencial para desafogar os hospitais regionais. O primeiro mutirão aconteceu no período de agosto a outubro e em apenas dois meses chegou a atender mais de 300 pessoas, conseguindo zerar a fila inicial de espera antes do prazo previsto de três meses. Desde então, o corredor de ortopedia do Pronto Socorro Clóvis Sarinho, que normalmente contava com mais de 30 macas, está vazio. No entanto, no Hospital Regional Deoclécio Marques de Lucena, a situação é mais complicada. Além dos corredores, as enfermarias estão repletas de pacientes a espera de cirurgia ortopédica. Espera, que em alguns casos, chega há vários meses.
Segundo o secretário Luiz Roberto Fonseca, “o mutirão se torna necessário em função das dificuldades pelas quais passa o município de Natal atualmente, a quem caberia oferecer esse serviço por ter gestão plena. Com isso, os usuários que precisam passar por esse tipo de cirurgia acabam se acumulando nas unidades da rede estadual de saúde enquanto aguardam pelo procedimento”. Para o secretário Luiz Roberto Fonseca, o mutirão realizado nos meses de agosto e setembro ocorreu conforme o planejado e garantiu “uma expressiva diminuição da quantidade de pessoas nos corredores, melhorando, assim, a assistência à população”.
O período da nova contratação será de 90 dias, de acordo com a Lei 8.666/93, quando serão realizados procedimentos cirúrgicos de trauma-ortopedia de média e alta complexidade. Será um investimento de cerca de R$  1,078 milhão, que são oriundos do Orçamento Geral do Estado (OGE) e de recursos federais do Sistema Único da Saúde (SUS).
Os casos de pacientes que estão há muito tempo esperando por cirurgia eletiva, bem como pacientes idosos e com fraturas de fêmur terão prioridade na transferência nesse segundo mutirão de cirurgia ortopédica. A prioridade também será para os pacientes do Hospital Walfredo Gurgel. Já foram transferidos 20 pacientes. Neste fim de semana, serão transferidos mais 30 pacientes, tanto do Walfredo Gurgel quanto do Deoclécio Marques de Lucena. A partir da próxima semana, o foco será o Hospital Tarcísio Maia, que possui a maior demanda.
Bruno Macedo, 25 anos, gerente de marketing, sofreu um acidente de carro na madrugada do último dia 8 de novembro. Desde então, ele está internado no quarto andar do Hospital Monsenhor Walfredo Gurgel à espera de uma cirurgia. No acidente, Bruno quebrou a clavícula esquerda e o antebraço. Ele conta que durante o longo período de espera, frustração foi o seu principal sentimento.
“Foi uma série de frustrações, pois eu tive, pelo menos, uns três alarmes falsos. O que mais dói não é o problema físico que somos acometidos, mas sim ver a situação de ‘desprioridade’ com a saúde pública. São milhões investidos em maquiagens, enquanto que serviços essenciais, como a saúde, são esquecidos”, afirmou Bruno Macedo.
Na manhã de hoje, Bruno foi informado da sua transferência para o Hospital Memorial, pois a cirurgia estava marcada para este sábado (30). “É uma notícia boa, mas tardia. Eu ia entrar com uma ação contra o Governo do Estado para garantir a realização da cirurgia, pois quanto tempo mais demorasse seria pior a recuperação, com possibilidade de graves seqüelas, mas que bom que isso não foi necessário”, disse o paciente.

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