Se há um sonho cultivado pelos poderes instituídos é ver o Sindicato dos Trabalhadores da Educação do Rio Grande do Norte (SINTE-RN) enfraquecido, sem poder de pressão. E não é de hoje que a gestão Rosalba Ciarlini, mais especificamente, procura deslegitimar a atividade representativa dos professores no RN – acordos não cumpridos, planos não implementados, tentativa de vender, via imprensa conservadora, a torpe tese de que os docentes não trabalham e por aí continua.
Agora o governo do estado recebeu, digamos, uma mãozinha do Ministério Público Estadual. Conforme o parquet, o sindicato teria direito apenas a 03 professores afastados para atividade sindical e não 35, como é hoje.
De forma marota o promotor sentencia: “[o afastamento] deixa lacunas nas escolas, salas de aula e outros setores administrativos da SEEC, comprometendo a eficiência e a regularidade do serviço público de educação, que sofre, há bastante tempo, com a falta de servidores e professores” (fala dita a Tribuna do Norte). Para um desavisado, a mensagem que fica é: o SINTE-RN, com o uso de 35 profissionais, contribui para o caos da educação no RN e o esvaziamento das unidades educacionais.
Porém, é preciso desatar tal desonestidade intelectual, sair das aparências – alicerçadas em interesses inconfessáveis? – exploradas até o nível do absurdo, para desvirtuar a atuação sindical e fundamentar a ofensiva contra o mesmo. Jogados ao vento, o número 35 docentes retirados da sala de aula beira um crime contra a educação pública.
Contextualizemos e saiamos das bordas, para que fique claro o quanto tais afirmações, feitas da maneira como foram, só escondem tudo o que está, de fato, em jogo:
O Rio Grande do Norte conta com 167 municípios, extensão territorial de 52.811,047 km2 e exatos 3.168.027 moradores;
São mais de 20 mil professores que o sindicato deve assistir;
16 direds;
700 escolas;
Mais de 302 mil alunos (ver quadro publicado).
Os dados, quando bem situados, são reveladores de quão espúrias são as falas da secretária de educação Betânia Ramalho e do Promotor implicado na celeuma.
Vejamos:
O Sinte-RN consome para a fiscalização, apoio dos professores e da própria qualidade da educação do RN 0,17% dos docentes para tanto;
Uma média de 1,9 afastados (dos 35) por dired (e há direds que administram mais de 100 escolas e dez municípios);
Com sua atividade sindical, o sinte-rn usa um único trabalhador para cada 20 escolas;
Dos 35 afastados para realizar um trabalho, que também contribui para a educação do RN, cada um cobre uma extensão territorial de 1.508,88 km2. Isto equivale, mais ou menos, ao tamanho de nove cidades do Natal.
Não, caros membros do Ministério Público. A culpa da ausência de professores não é do Sinte-RN. Muito pelo contrário. Este vem denunciando constantemente os descalabros da gestão Rosa, como a governadora é chamada pelos bajuladores, que diante do aumento de arrecadação estadual, diminuiu os repasses para a educação.
Mais. Quantos os outros poderes têm de professores cedidos? Alguns milhares, não?
O Sinte-RN não precisa diminuir sua estrutura, mas aumentá-la. E não serão apenas os docentes – que já seria muito -, mas toda a educação do RN que vai ganhar com a atuação sindical.
O alvo de vocês deveria ser outro.
Fonte: www.cartapotiguar.com.br
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