Publicação: 03 de Fevereiro de 2012 às 00:00
Yuno Silva - repórter
O jornalista Alexandre Gurgel, filho do folclorista Deífilo Gurgel, informou na tarde de ontem que o quadro de saúde do folclorista permanecia inalterado. "Ele está sedado, respirando sob auxílio de aparelhos, o coração está funcionando", disse Alexandre, que está sendo porta-voz da família. Na manhã desta última quarta-feira (1), Deífilo teve uma parada cardiorrespiratória. Reanimado pelos médicos, respira com auxílio de aparelhos na UTI do hospital Papi, onde está internado desde o dia 21 de janeiro quando foi diagnosticado um quadro de desnutrição e pneumonia. Os médicos não admitiram a morte cerebral que chegou a ser alardeada nas redes sociais. O quadro permance de caráter gravíssimo.
Alex RégisO jornalista Alexandre Gurgel, filho do folclorista Deífilo Gurgel, informou na tarde de ontem que o quadro de saúde do folclorista permanecia inalterado. "Ele está sedado, respirando sob auxílio de aparelhos, o coração está funcionando", disse Alexandre, que está sendo porta-voz da família. Na manhã desta última quarta-feira (1), Deífilo teve uma parada cardiorrespiratória. Reanimado pelos médicos, respira com auxílio de aparelhos na UTI do hospital Papi, onde está internado desde o dia 21 de janeiro quando foi diagnosticado um quadro de desnutrição e pneumonia. Os médicos não admitiram a morte cerebral que chegou a ser alardeada nas redes sociais. O quadro permance de caráter gravíssimo.
No ano passado, em entrevista à TRIBUNA DO NORTE, Deífilo disse que ainda havia muita coisa para se pesquisar no Estado
A pressão emocional da última quinta-feira, provocada pela notícia de que sua recuperação seria difícil, desestabilizou a família Gurgel e logo notícias dando conta de seu falecimento circularam com uma velocidade proporcional ao tamanho da admiração que coleciona.
O último guardião da sabedoria oral potiguar é dessas pessoas queridas, reconhecida e bem recebida em qualquer lugar que vá. Seu nome está escrito na história, seu legado é sólido e sua obra já serve como referência. Poeta, escritor, pesquisador, folclorista e, acima de tudo, um apaixonado pela cultura popular, Deífilo Gurgel, 85, está realizando a travessia de que tanto falava.
Em julho do ano passado, quando esta mesma TRIBUNA DO NORTE publicou reportagem sobre sua pesquisa transformada em livro (o ainda inédito "Romanceiro Potiguar"), o folclorista se mostrou preocupado com o futuro das pesquisas sobre as tradições populares ainda pulsantes aqui no RN. "Estou cansado Yuno, não sei se vão querer continuar esse trabalho. Tem tanta coisa ainda pra fazer, nosso Estado é privilegiado por ser dos poucos que conservam a originalidade das manifestações", disse na ocasião, após recitar poema de sua autoria onde fala sobre "passar para a outra margem".
Com olhar absorto e voz fraca, lembrou, naquela tarde, sentado na varanda de sua casa no Tirol, que ainda se recuperava de uma operação realizada dois meses antes (em maio de 2011) para retirada de um tumor benigno da próstata. "Ando meio desanimado", confessou.
O episódio coloca em cheque a continuidade do trabalho que Deífilo desenvolve desde 1971, quando se encantou pelo bailado do Pastoril e pelas cores do Boi.
O livro "Romance Ibérico", que será lançado com apoio editorial da Fundação José Augusto / Secretaria Extraordinária de Cultura, encontra-se na gráfica para impressão da prova final antes da última revisão. Sobre a previsão de lançamento, Isaura Rosado (FJA/SecultRN) disse que "agora vamos aguardar que a família se pronuncie. O que posso adiantar é que nos integraremos a qualquer proposta de homenagem", adiantou.
"Romanceiro Potiguar" mereceu sua atenção por quase 27 anos e traz catalogados 300 romances ibéricos, uma sabedoria secular que corria sérios riscos de desaparecer se não fosse a dedicação e o trabalho incansável do pesquisador.
Professor aposentado da UFRN, onde lecionou disciplina sobre Folclore Brasileiro, Deífilo circulou entre 1985 e 1995 por todo o Estado registrando tudo o que podia sobre a oralidade que restava na memória de potiguares ilustres como Dona Militana e Chico Antônio. O material (anotações e gravações) vinha sendo organizado desde então.
Os grupos de São Gonçalo do Amarante, entre eles o Pastoril e o Boi, os mesmos que encantaram Deífilo Gurgel, informaram que estão à disposição da família para prestar homenagens ao "maior dos incentivadores". "Foi ele quem rebatizou o Boi de Pedro Guagiru, hoje do Mestre Dedé Veríssimo. Era Boi Pintadinho Surubim e passou a ser chamado de Boi Calemba Pintadinho. Deífilo mostrou para todos nós brincantes a importância de se preservar a tradição. Devemos muito a ele", disse Lenilton Lima, do Ponto de Cultura Boi Vivo, que trabalha com grupos de SGA, município da Região Metropolitana de Natal reconhecido como o maior celeiro de Cultura Popular do RN. "Nada mais justo estarmos juntos em uma homenagem especial."
Fonte: Tribuna do Norte
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