A decisão da direita brasileira de golpear a democracia, derrubar a presidente Dilma Rousseff e prender o ex-presidente Lula para impedi-lo de participar das eleições presidenciais de 2018 criou um cenário extremamente complexo para a sucessão presidencial de 2018. De um lado, a centro-direita tradicional, responsável pelo golpe, se vê esmagada pela extrema direita, que saiu do armário e hoje se vê representada pela candidatura do deputado Jair Bolsonaro. De outro, as forças de esquerda continuam em compasso de espera, aguardando a definição do que ocorrerá com Lula. No meio do jogo, os partidos do chamado centrão, que se movem pelo instinto de sobrevivência, também não sabem que rumo tomar.
Não tivesse havido o golpe, o cenário seria completamente diferente. De um lado, Lula seria o candidato das forças de esquerda, aglutinando aliados de partidos como PCdoB, PDT, PSB e parte do centro. De outro, o candidato tucano seria o senador Aécio Neves (PSDB-MG), que teve 51 milhões de votos em 2014, mas jogou fora todo seu capital político ao apostar na canoa furada de Michel Temer e se enrolar nas gravações da JBS. Desmoralizado, Aécio está prestes a perder a vaga de senador para Dilma e busca um refúgio na Câmara dos Deputados para preservar o foro especial. Geraldo Alckmin, seu substituto na corrida presidencial, não empolga, mas vem conseguindo atrair apoios daqueles partidos que não têm para onde correr.
Na esquerda, embora preso, Lula teve uma vitória importante na semana passada, quando a ministra Rosa Weber, do Tribunal Superior Eleitoral, Rosa Weber, decidiu não aderir à tese da inelegibilidade do ex-presidente, antes de seu registro. Portanto, Lula será oficializado candidato no dia 15 de agosto, num ato que deve reunir milhares de pessoas diante do TSE em Brasília. Só depois disso, seu registro poderá ser contestado, mas uma decisão final não sairá antes de primeira semana de setembro, caso os prazos legais não sejam atropelados – o que é uma hipótese real, num país que hoje vive em regime de exceção.
Como existem precedentes de candidatos que disputaram eleições mesmo condenados em segunda instância, o PT poderá esticar a corda ao máximo, porque tem um bom motivo para isso: todas as pesquisas mostram que Lula é capaz de vencer as eleições, até em primeiro turno, mesmo de dentro da cadeia. Caso seja possível levá-lo às urnas, dificilmente a juristocracia, que tanto mal fez à democracia e à economia brasileira, terá força para impedir sua diplomação. Se Lula vier a ser impedido antes, ainda assim o PT terá tempo para lançar seu "plano B" na reta final, quando maior será o potencial de transferência de votos de Lula. O cenário mais provável hoje, portanto, é o de um candidato lulista, que pode ser o próprio Lula, versus Bolsonaro.
Fonte: www.brasil247.com
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