A miséria ainda atinge mais de 40 milhões de chineses
Casas assentadas ao longo das inférteis montanhas amarelas da Província de Shanxi, norte da China. A estiagem extrema afeta a colheita de milho e os agricultores da região tiram menos de mil yuans (cerca de US$ 147) por ano da terra que cultivam.
“Tudo depende do tempo, o que quer que ele nos dê pra comer”, disse Ma Yuyin, chefe do Partido de uma aldeia local. A região, sob jurisdição da cidade de Lyuliang, é uma das áreas mais pobres da China.
Entre os 13 distritos de Lyuliang, dez são considerados em situação de extrema pobreza. Durante o período de seca, agricultores se desanimam com suas colheitas fracassadas.
O progresso econômico da China nas últimas décadas ajudou seus cidadãos a ganharem mais, mas um grande número de pessoas ainda vive abaixo da linha da pobreza. Ao longo dos últimos 30 anos, 700 milhões de pessoas foram elevadas acima da faixa da pobreza, mas esta ainda é uma das principais preocupações da China.
A pobreza persiste em áreas remotas montanhosas habitadas por grupos de minorias étnicas, zonas de fronteira, e regiões com infraestrutura ruim, frágeis condições ambientais e frequentes desastres naturais.
No final de 2016, 43,35 milhões de chineses viviam abaixo da linha nacional da pobreza de 2.300 yuans (US$ 344,3) por ano. O número corresponde a cerca de 3% da população.
Nos próximos três anos, a China promete tirar todas estas pessoas da pobreza, política que deve receber um endosso no 19º Congresso Nacional do Partido Comunista da China (PCCh) em meados de outubro.
Lutando contra a pobreza
A China colocou 2020 como meta para completar a construção de uma sociedade moderadamente próspera, o que requer a erradicação da pobreza. A tarefa se torna mais difícil e custosa a medida em que se aproxima da meta.
De acordo com a experiência global, a fase mais difícil na erradicação da pobreza é quando as pessoas que vivem nesta situação são menos de 10% do total da população.
Para atingir o alvo em 2020, a China precisa tirar mais de 10 milhões de pessoas por ano da pobreza, ou cerca de 1 milhão por mês, nos próximos quatro anos.
Com o presidente chinês Xi Jinping liderando pessoalmente os esforços pelo alívio da pobreza, quadros locais montaram uma abrangente luta pela causa. Eles mapearam o número de famílias pobres e elaboraram soluções de acordo, com secretários de comitês locais do PCCh requisitando promessas escritas.
Quadros do Partido foram enviados para liderar o trabalho em áreas atingidas pela pobreza. Mais de 195 mil primeiros-secretários, incluindo oficiais locais, militares aposentados e graduados universitários, foram alocados em aldeias pobres. Ao mesmo tempo, 775 mil quadros do Partido, de diferentes níveis administrativos, foram enviados para auxiliar no trabalho.
Luo Junyuan foi cedido pelo departamento de agricultura da Província de Jiangxi, sul da China. Ele agora é o primeiro secretário do comitê do Partido da aldeia de Paitou.
“Quando eu cheguei, era um total estranho para os moradores. Mas me mantive focado nos detalhes que dizem respeito aos seus meios de subsistência e agora eles me veem como um bom amigo”, disse ele.
Luo listou as necessidades e os planos dos aldeões, e coordenou com agências governamentais os fundos precisos. Ele também distribuiu cobertores e aquecedores de mão para os moradores mais velhos da aldeia.
Mudanças ao caminho
Huang Suyuan, uma encarregada pelo alívio da pobreza na Província de Yunnan, no sudoeste do país, deu a cada família local um aparelho de TV para tentar persuadi-las a enviar suas crianças à escola.
“Até 2014, quase nenhuma criança ia à escola. Eu implorei a eles que enviassem suas crianças para estudar”, disse ela.
Em áreas como a que Huang trabalha, uma mudança de mentalidade é essencial para enfrentar os problemas da miséria. A determinação para vencer a luta contra a pobreza, a coragem para enfrentar as dificuldades mais complicadas e a fé implacável para ter uma vida melhor levou milhões a superar as probabilidades.
Sob uma nova rodada de reformas, agricultores podem transferir seus direitos de uso da terra para cooperativas agrícolas. Até o final do ano passado, mais de 31 milhões de hectares de terras, cerca de 35% do total das terras aráveis, foram colocadas em circulação. Havia mais de 870 mil fazendas familiares e 1,8 milhão de cooperativas.
Além do aluguel da terra, empréstimos e deslocamento são importantes soluções para erradicar a pobreza.
“Se você desloca árvores, elas morrem. Se você desloca pessoas, elas vivem” An Yanlong, um agricultor de 44 anos de Ningxia, citou o dito popular. Ele comprou uma nova casa nos subúrbios da capital provincial Yinchuan, a cinco horas de carro.
A antiga casa de An em Xiangwafu era uma espaçosa casa na caverna. “O ruim era a inconveniência. Para comprar sal ou sabonete, eu tinha que caminhar cinco quilômetros até a loja mais perto”, disse ele.
An gastou 12.800 yuans (US$ 1.969) em um novo apartamento em Binhejiayuan, lar de outros 16.800 migrantes. Ele também recebeu terra e gado, que ele arrendou para cooperativas agrícolas. Agora trabalhando em uma plantação de framboesa a três quilômetros de distância de sua casa, o salário mensal de An, de 3.600 yuans (US$ 553,85), é mais do que ele esperava.
“Meus filhos podem ir brincar na cidade nos finais de semana, e é conveniente para meus pais irem ao hospital”, disse An.
“Mudar-se é o primeiro passo, para sair de casas pobres. O segundo passo é melhorar de vida”, disse Hao Xifen, diretor do escritório de alívio à pobreza na cidade de Yinchuan.
Hao está buscando empresas têxteis, produtores de laticínios e cultores de flores para oferecerem empregos a esses migrantes. Em Yinchuan, a renda anual disponível para esses migrantes cresceu de 2.300 yuans (US$ 353) em 2012 para 6.086 yuans (US$ 1.217) em 2015. De acordo com os governantes, de 2016 a 2020, cerca de 10 milhões de pessoas serão removidas de áreas pobres, a maioria de regiões remotas montanhosas.
“Nossa missão é ir ao encontro do desejo das pessoas por uma vida feliz”, disse Xi há cinco anos em uma conferência de imprensa após o 18º Congresso Nacional do PCCh, dando sinal verde para o impulso final rumo à meta de 2020 da China.
Fonte: Agência Xinhua, via Resitsência
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