quarta-feira, 9 de agosto de 2017

Maria da Conceição Tavares: Governo agrava situação do país


 
 


“Estou muito pessimista porque as condições estão péssimas. Faz dois anos que estamos estagnados. Nunca vivemos uma crise tão forte. Isso não aconteceu nem mesmo nos anos 1930”, analisa, em referência à chamada Grande Depressão.

Em entrevista por telefone ao Jornal da Unicamp, desde o Rio de Janeiro, onde reside, instigada a falar sobre o atual momento do Brasil, Conceição Tavares não poupa o verbo, uma das suas características mais marcantes. Sobre o governo do presidente Michel Temer, a intelectual não faz qualquer concessão. “As atitudes deste governo têm servido para agravar a situação do país. Aliás, não se trata de um governo, mas sim de um desgoverno”, define.

A recém-aprovada reforma trabalhista, na opinião da economista, é um exemplo dos retrocessos impostos pela atual política de Temer e seus apoiadores. “Essa medida tem o claro objetivo de acabar com a CLT [Consolidação das Leis do Trabalho], que vem da era Vargas. Isso vai trazer repercussões graves, como o aprofundamento da precarização do trabalho”, aponta.

E continua: “Agora, estão discutindo a reforma da Previdência. Este governo não tem qualquer legitimidade para conduzir essa matéria. É um governo ilegítimo que está caindo aos pedaços. Não tem moral para fazer nada; só faz besteiras”.

Questionada se não vê as eleições de 2018 como uma oportunidade de recolocar o país nos eixos, Conceição Tavares mais uma vez demonstra extrema desconfiança. “Meu filho, para começo de conversa, eu espero que haja eleição no ano que vem. Tenho dúvida quanto a isso. Afinal, já não tivemos um golpe branco? Então, podemos ter outro. Além do mais, não tem candidato que preste. Do lado deles não tem ninguém. Do nosso lado tem o Lula, mas estão fazendo o possível e o impossível para neutralizá-lo. Está tudo muito obscuro”, finaliza.

Conceição Tavares está sendo homenageada ao longo do mês de agosto pelo Intitudo de Economiada Unicamp, sua casa, por meio do evento “Economia e Pensadores II”. Até o dia 30, serão realizadas diversas palestras e debates em torno da obra da economista, que ofereceu contribuições importantes para a compreensão de diferentes temas, entre eles o subdesenvolvimento. 




Fonte: Jornal da Unicamp

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