Depois de mais de 50 anos de conflito, a Colômbia está a poucos passos da paz definitiva. Os últimos dois mil membros das Farc chegam esta semana às zonas de transição onde devem deixar as armas e começar a ingressar na vida civil. Além disso, no dia 8 de fevereiro começa a fase pública de negociação de paz do governo com o ELN (Exército de Libertação Nacional), o último grupo de guerrilha do país.
Por Mariana Serafini
Farc-EP
Membros das Farc são recebidos pelos moradores das comunidades próximas às zonas de transição
A negociação entre os membros das Farc e o governo colombiano, realizadas em Havana, Cuba, duraram mais de 4 anos. Depois disso, ainda foram necessários alguns meses para o acordo ser assinado e aprovado pelo parlamento do país para, finalmente, ser colocado em prática. O primeiro passo agora é conduzir todos os membros das Farc para as chamadas “zonas de transição”, onde eles vão deixar as armas sob a fiscalização de voluntários do mundo todo orientados pela ONU.
Este processo de transição vai levar meses e já atrasou algumas semanas porque o governo não
cumpriu os prazos de entrega das áreas. Ao total são 26 sítios que devem estar equipados com toda a logística necessária: água potável, luz elétrica, estradas de acesso, aparelhos de saúde e educação.
Os últimos dois mil membros das Farc, entre eles os dirigentes que estavam em Havana para as negociações, chegam esta semana às zonas de transição. Até o momento a ONU registrou o traslado de 4.329 guerrilheiros por 17 rotas das 36 planejadas para o mecanismo de verificação de deixar as armas.
Moradores das comunidades dão as boas-vindas aos guerrilheiros
Com o acordo de paz, assinado em novembro do ano passado pelo comandante em chefe das Farc, Timoleón Jiménez, e pelo presidente da Colômbia, Juan Manuel Santos, os guerrilheiros se comprometeram em abandonar as armas e voltar à vida civil, depois deste processo de adaptação e, em contrapartida, poderão ingressar na política através de um partido. Inicialmente terão direito a assentos no parlamento e, a partir das próximas eleições, poderão concorrer como qualquer legenda.
Até o momento este processo de transição já tem causado alguns choques de realidade. As mulheres guerrilheiras, por exemplo, esperavam um mundo menos machista fora do universo da guerrilha.
Muitas se depararam com um padrão de comportamento que até então desconheciam porque, segundo elas, no ambiente onde convivem as tarefas e as responsabilidades são divididas de forma igual entre homens e mulheres e não é exatamente isso que elas perceberam ao entrar em contato com o “mundo externo”.
Os guerrilheiros são transportados das mais varidas formas, entre elas de caminhões, ônibus velhos, barcos e em alguns casos a pé
Muitos dos guerrilheiros ingressaram nas Farc jovens e não conseguiram cursar uma universidade, este é o sonho de grande parte deles agora que voltarão à vida civil. Mas o objetivo principal é, através de uma profissão, contribuir com as comunidades que os acolherem. Apesar das dificuldades, hoje entre os insurgentes há médicos, advogados, professores e dentistas.
As zonas de transição estão localizadas em comunidades afastadas e, em grande parte, muito pobres. Por isso há pouca estrutura. Mas mesmo assim, boa parte dos moradores está recebendo os guerrilheiros de braços abertos, prontos para ajudar na transição à vida civil.
Fonte: Com agências
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