Irlandês William Campbell e japonês Satoshi Omura dividem metade da láurea.
Segunda metade do prêmio de 2015 fica com Youyou Tu, chinesa.
Os dois primeiros vencedores dividirão metade dos 8 milhões de coroas suecas do prêmio (US$ 963 mil), enquanto Tu ficará com a outra metade.O prêmio Nobel de Medicina e Fisiologia de 2015 foi concedido nesta segunda-feira (5) aos cientistas William C. Campbell, irlandês, e Satoshi Omura, japonês, por criarem novas terapías para combater doenças causadas por vermes nematódeos e para YouYou Tu, chinesa, por desenvolver uma nova terapia contra malária.
Campbell e Omura descobriram uma nova droga, avermectina, que reduziu radicalmente a incidência de oncocercose (a "cegueira dos rios") causada pelo verme Onchocerca volvulus, e pela filaríase linfática, infecção por trás da elefantíase, causada por vermes do gêneroFilarioidea. Já Tu descobriu a artemisina, droga que combate os plasmódios, parasitas causadores da malária.
Campbell, nascido em 1930, trabalhava para multinacional farmacêutica Merck na época da descoberta do medicamento, na década de 1970. Hoje é pesquisador emérito da Universidade Drew, de Nova Jérsei (EUA). Omura, nascido em 1935, é professor emérito da Universidade Kitasato, de Tóquio. Tu, nascida em 1930, formou-se em farmacologia na Universidade Médica de Pequim e hoje é professora-chefe da Academia de Medicina Tradicional Chinesa.
"Essas duas descobertas forneceram à humanidade novos e poderosos meios de combater essas doenças debilitantes que afetam milhões de pessas anualmente", afirmou o comitê do Nobel em comunicado à imprensa. "As consequências em termos de melhora da saúde humana e redução do sofrimento são imensuráveis."
Do golf às farmácias
O papel de Omura na descoberta da avermectina se deu a partir da expertise que o cientista tinha em cultivar bactérias do solo. Ao criar milhares de culturas do gêneroStreptomyces, ele conseguiu identificar várias delas que produziam substâncias tóxicas para outros organismos.
Em entrevista à rede de TV japonesa NHK, Omura descreveu sua linha de pesquisa como um "trabalho tedioso" e disse que não esperava receber o Nobel.
"Aprendi tanto com os microorganismos e dependi deles, então eu preferira dar o prêmio a eles", afirmou. "Essa é uma área de pesquisa meio humilde, mas microorganismos são extremamente importantes para os humanos. Eles podem ser nossos parceiros. Espero que a área ganhe mais atenção em razão do prêmio, de forma que possa contribuir mais com os seres humanos."
Omura contou à agência de notícias Associated Press que a amostra de solo onde encontrou aStreptomyces foi obtida em um campo de golf, esporte que costumava praticar.
Campbell, que deu continuidade ao trabalho de Omura, adquiriu as culturas de bactéria para avaliar sua eficácia. Uma das espécies encontradas, a S. avermitilis, era aquela que produzia a avermectina, capaz de combater diversos parasitas de animais. Mas tarde, a substância foi quimicamente modificada para criação da ivermectina, versão mais eficaz do medicamento, que passou por testes em humanos e se mostrou capaz de matar larvas dos vermes patógenos.
Projeto secreto
Enquanto Cambell e Omura se voltaram às bactérias para encontrar um medicamento contra os vermes, Tu estudava compostos derivados de plantas que pudessem atacar os plasmódios causadores da malária.
Na época, já se sabia que a erva Artemisia annua às vezes era eficaz contra o parasita, mas os resultados eram inconsistentes e não se sabia bem por quê. A cientista chinesa foi quem conseguiu isolar a artemisina, o princípio ativo da planta, e demonstrar sua eficácia em animais e humanos na década de 1960.
Até 2005, o nome da descobridora da artemisina não era conhecido da comunidade científica. Tu encontrou a substância ao trabalhar num programa de pesquisa secreto chinês nas décadas de 1960 e 1970. Sua identidade foi revelada após cientistas vasculharem trocas de correspondências do projeto na época e descobrirem seu nome. Em 2011, em entrevista à revista "New Scientist", Tu conta que teve de ficar tanto tempo longe da filha para trabalhar em hospitais de campo que uma vez não foi reconhecida por ela quando, passou seis meses fora.
"Estava disposta a sacrificar minha vida pessoal", afirmou a pesquisadora. "Vi muitas crianças em estágio terminal de malária."
Fonte: G1
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