Saudação na homenagem a Mandela não foi programada, diz Casa Branca.
'Normal, somos civilizados', disse Raúl Castro em entrevista a rádio.
O presidente de Cuba, Raúl Castro, disse que o aperto de mãos com seu colegaamericano Barack Obama nesta terça-feira (10) durante as homenagens a Nelson Mandela, em Johanesburgo, foi algo "normal".
"Normal, somos civilizados", disse Raúl em entrevista a uma emissora de rádio da Colômbia. "Me disseram algo disso", declarou Castro à emissora colombiana ao ser perguntado sobre o impacto midiático da histórica imagem.
Já a Casa Branca afirmou que o cumprimento "não foi programado".
"Nada foi planejado", disse o conselheiro de Segurança Nacional Ben Rhodes durante a viagem de volta aos EUA. "Ele realmente não fez mais do que trocar cumprimentos com os líderes que estavam no seu caminho antes do discurso, não foi uma discussão substantiva."
'Demonstração'
Um funcionário do governo dos EUA disse à France Presse que o aperto de mão com o sucessor de Fidel Castro foi uma "nova demonstração" da vontade da administração Obama de se aproximar dos inimigos dos EUA, entre eles Cuba.
O site oficialista cubano Cuba Debate celebrou o aperto de mão.
"Obama saúda Raúl: que esta imagem seja o início do fim das agressões dos EUA a Cuba", diz a legenda da foto no site.
A presidente do Brasil, Dilma Rousseff, que também discursou na cerimônia, presenciou a cena de perto.
Contexto
Washington rompeu relações diplomáticas com Havana em 1961, após a chegada ao poder de Fidel Castro, em 1959, e a nacionalização de propriedades americanas na ilha.
Um embargo dos Estados Unidos foi imposto em 1962, sob a administração de John F. Kennedy, e segue em vigor até hoje, apesar da desaprovação de boa parte da comunidade internacional.
Os dois países mantêm seções consulares de interesse que atuam como embaixadas.
Em 9 de novembro, falando a uma comunidade anti-Castro em Miami, Obama considerou que os Estados Unidos deveriam rever a sua política em relação a Cuba, mantendo o objetivo de ajudar a liberalizar a ilha.
"Temos que ter em mente que quando (Fidel) Castro chegou ao poder, eu tinha acabado de nascer. É tolice acreditar que as medidas implementadas em 1961 ainda são eficazes hoje, na era da Internet e do Google", disse Obama na época.
Cubano-americanos fortemente contrários a Castro compõem uma parcela considerável de eleitores e possíveis doadores na Flórida, um estado chave onde as eleições americanas podem ser decididas.
Como candidato presidencial, Obama foi taxado tanto de ingênuo quanto de perigoso por rivais de ambos os partidos por sugerir que, como presidente, estaria disposto a dialogar com inimigos sem pré-condições.
Mas a habilidade de Obama em rastrear e matar o terrorista Osama bin Laden e uma série de ataques de drones o distanciaram das acusações de fraqueza em política externa e segurança.
Não está claro se o aperto de mãos desta terça-feira contribuirá para descongelar significativamente as relações. Em 2000, o então presidente Bill Clinton apertou a mão de Fidel Castro na Assembleia Geral da ONU em Nova York.
No entanto, não foi feita nenhuma imagem do momento, e a Casa Branca negou inicialmente que ele tivesse ocorrido.
Fonte: g1.globo.com
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