Ison, nome popular do cometa C/2012 S1, foi descoberto por dois astrônomos russos em setembro de 2012. Sua órbita preliminar indica que ele se desgarrou da Nuvem de Oort, nos confins do Sistema Solar.
A Nuvem de Oort é um verdadeiro reservatório de cometas de órbita parabólica, daqueles que vêm e passam uma única vez pelo Sistema Solar e voltam para as profundezas do espaço. Isso se não fazem um mergulho suicida no Sol. Essa nuvem é composta por bilhões de asteroides com grandes quantidades de gelo. São literalmente bolas de gelo sujo, o que os tornam fortes candidatos a cometas com grandes e brilhantes caudas.
Depois de sua descoberta, uma procura no banco de imagens do projeto de monitoramento de objetos potencialmente perigosos do Mount Lemon, nos EUA, apontou que o Ison já havia sido observado em dezembro de 2011. Essa imagens iniciais mostravam que o cometa tem um brilho maior que o esperado, especialmente para a distância em que se encontrava. Desde então, ele passou a ser monitorado da Terra e do espaço, e a surpresas não demoraram a aparecer.
Mesmo a distâncias maiores que a órbita de Júpiter, o Ison é muito brilhante. Com pouca radiação solar, o brilho desse cometa surpreendeu os astrônomos e rapidamente se tornou um candidato a “cometa do século”. Algumas estimativas dizem que ele poderá ficar tão brilhante que seria observado em plena luz do dia. Mas isso é uma grande hipótese.
O Ison deverá ter seu periélio (menor distância até o Sol) no dia 28 de novembro. Essa distância deve ser de 110 mil quilômetros de sua “superfície”. Só que isso significa que o cometa deve passar por dentro de uma região ao redor do Sol chamada coroa, uma atmosfera de plasma que, apesar da baixa densidade, tem temperatura de milhões de graus.
O grande “se” vem desse mergulho na coroa. Não tanto pela temperatura, mas, por causa da pequena distância, o cometa pode se desintegrar nessa passagem pelo periélio. Para estar tão brilhante assim, ele deve ter enormes quantidades de materiais voláteis, portanto, seu núcleo deve apresentar muito gelo. A uma distância tão pequena, as forças gravitacionais do Sol são intensas demais e, agindo num núcleo pouco coeso, podem desintegrar facilmente o Ison.
A sequência de fotos que abre o post foi obtida pelo telescópio Gemini, de 8 metros de diâmetro, localizado no Havaí, entre os meses de fevereiro e maio, quando o cometa já tinha cruzado a órbita de Júpiter, a uma distância entre 730-580 milhões de quilômetros. As estimativas dão conta de que seu núcleo deve ter algo entre 5 e 6 quilômetros de diâmetro, mas sua coma (cápsula de gás e poeira que envolve o núcleo) tem uns 5 mil quilômetros de diâmetro. Observações ultravioleta do satélite Swift indicam também que o Ison lança ao espaço cerca de 850 toneladas de poeira por segundo, o que indica que esse é realmente um cometa muito ativo. Geralmente, esses objetos atingem uma atividade assim apenas depois de cruzarem o cinturão de asteroides, mas o Ison já demonstra seu poder antes mesmo de cruzar a órbita de Júpiter!
Apesar dessa atividade frenética, as imagens mostram que ela está diminuindo um pouco, conforme o cometa se aproxima do Sol. Talvez isso esteja ligado com a exaustão do monóxido e do dióxido de carbono, materiais que são muito mais voláteis e devem estar depositados em camadas mais superficiais do núcleo. Em breve, a água do cometa deve começar a ser evaporada, e, com a vinda de camadas mais profundas, em breve devem começar as explosões e sua atividade voltará a aumentar.
O Ison deve se tornar brilhante nos céus ainda em fins de outubro, logo depois do pôr do Sol. Se sobreviver ao mergulho na coroa solar, esse cometa deve se retornar aos céus na madrugada, pouco antes do amanhecer. Se isso ocorrer, ele deve ser o cometa mais brilhante em mais de 50 anos! Mas, como ninguém pode prever com certeza, o jeito é aguardar.
Fonte: G1
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