sábado, 2 de março de 2013

ESPERANÇA Crianças lutam pela vida e aguardam corações


Murilo Aguiar e Francisco Miquéias têm um ano e precisam de transplantes para sobreviverem

Com pouco mais de um ano de vida, as crianças Murilo Aguiar e Francisco Miquéias Gonçalves de Abreu travam uma batalha todos os dias para que os seus pequenos corações continuem batendo. Eles precisam realizar um transplante para conseguir sobreviver sem medicamentos. Mas, o pequeno número de doadores em casos de transplante que envolvem crianças é um problema que eles estão sendo obrigados a enfrentar.

Murilo Aguiar e sua mãe Ozaneide vieram sozinhos de Belém do Pará em busca da cirurgia. Cartazes contam a história do menino e de Miquéias, que estão internados no Hospital do Coração de Messejana Foto: Kelly Freitas

Os dois pequenos estão internados no Hospital Dr. Carlos Alberto Studart Gomes, conhecido como Hospital do Coração de Messejana, que é referência nacional em cirurgias e transplantes de coração.

Desde o início da gravidez, a funcionária pública Ozaneide Aguiar foi acompanhada de perto pelos médicos, pois Murilo já apresentava miocardiopatia dilatada. "Ele tem um ano e dois meses de vida e, desde que nasceu, passou apenas dois meses na nossa casa", conta.

Os dois tiveram que sair de Belém, no Pará, distante 1.610 Km de Fortaleza, em busca de um transplante. "Viemos apenas eu e o Murilo. A saudade da nossa família bate muito forte", desabafou Ozaneide.

Todos os dias, a funcionária pública acorda com esperanças de que o novo coração de seu filho vai aparecer. "Sei que esse será um momento difícil para os outros pais, porém eles têm que pensar que essa será uma chance de ajudar o próximo", frisou.

Com apenas um ano e cinco meses de idade, Miquéias vive, hoje, na Unidade de Tratamento Intensivo (UTI), pois precisa da ajuda de aparelhos para respirar devido à cardiopatia congênita. "Já fiquei muito doente por conta da ansiedade que passo todos os dias", comentou a dona de casa e mãe do menino, Vanessa Almeida Gonçalves de Abreu.

Hoje, ela sonha apenas em poder voltar para casa, em Horizonte, a 40 Km da Capital, junto com o filho. "Acredito que, se as pessoas entenderem que existe uma criança aqui com vários problemas, elas vão se sensibilizar e teremos mais doações".

De acordo com a coordenadora do Serviço de Cardiologia Pediátrica do Hospital de Messejana, Klébia Castelo Branco, Miquéias e Murilo são totalmente dependentes de medicamentos e apenas com os transplantes poderão sobreviver. "É muito difícil encontrar órgão para o transplante de crianças, pois o ideal seria um doador que teve morte encefálica e é raro isso acontecer com crianças", afirmou Klébia.

Além disso, ressaltou a coordenadora, perder um filho é muito traumático para os pais. "Algumas vezes, os pais não conhecem bem o transplante e não aceitam fazer a doação".

Conforme dados da Central de Transplantes do Ceará, somente em 2012, foram realizados 28 transplantes de coração, entre adultos e crianças e, neste ano, foram quatro. Hoje, existem 13 pacientes na fila.

Campanha

Uma das formas mais eficazes de aumentar índices de doadores são as campanhas. É o caso da Doe de Coração, criada pela Fundação Edson Queiroz, com apoio do Sistema Verdes Mares e parceria da Universidade de Fortaleza (Unifor). A contribuição do movimento tem sido decisiva para a colocação do Ceará sempre nos melhores lugares no ranking dos estados que mais fazem transplante no Brasil.

A Doe de Coração chega a ser um programa, porque conscientiza e orienta a população. Por meio da campanha, é possível beneficiar e ser beneficiado. Além de diminuir o tempo de espera por um órgão, o movimento também alenta a família que perde o ente querido.

THIAGO ROCHA
REPÓRTER


Fonte: diariodonordeste.globo.com

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