terça-feira, 18 de julho de 2017

Os contrastes de Caravaggio: quatro séculos do pintor



 
 



















Michelangelo Merisi, conhecido como Caravaggio, pintor italiano, morre em 18 de julho de 1610, aos 38 anos em Porto Ercole. Sua obra poderosa e inovadora revolucionou a pintura do século 17 pelo caráter naturalista, realismo por vezes brutal, erotismo perturbador e o emprego da técnica claro-escuro que influenciou numerosos pintores cujo talento foi revelado depois de sua época.

Caravaggio foi um pintor barroco, o melhor exemplar da pintura naturalista do início do século 17. Utilizou modelos da classe mais baixa da sociedade em seus primeiros trabalhos e posteriormente nas composições religiosas em que apela ao gosto da Contra Reforma pelo realismo, simplicidade e compaixão na arte. Igualmente importante foi a introdução dos efeitos dramáticos do claro-escuro.

Ele levou uma vida dissoluta, rica em escândalos provocados por sua índole violenta de desordeiro – chegando até a matar durante uma briga –, a frequência habitual ao bas fond e às tavernas, bem como por sua sexualidade escandalosa para a época, o que lhe acarretou inúmeros problemas com a justiça, a Igreja e o poder. Encontrou em sua arte, uma espécie de "redenção de todas as torpezas". No entanto foi necessário esperar o começo do século 20 para que seu gênio fosse plenamente reconhecido, independente da reputação corrosiva.

O pintor nasceu em 28 de setembro de 1573, na montanhosa cidade da Lombardia, Caravaggio. Levou quatro anos como aprendiz no ateliê de Simone Peterzano em Milão, antes de ir a Roma em 1593, onde passou a auxiliar o pintor Giuseppe Cesari, para quem pintou quadros de frutas e flores. Entre os seus trabalhos iniciais mais conhecidos estão cenas da vida cotidiana, por exemplo, Os Músicos (1591?-1592, Metropolitan Museum, Nova York) ou A Vidente (1594, versões no Louvre, Paris, e no Museo Capitolino, Roma) quadros de grande apelo aos seguidores do artista.

O estilo da maturidade de Caravaggio começou por volta de 1600 com a encomenda para decorar a Capela Contarelli em San Luigi dei Francesi em Roma com três cenas da vida de São Mateus. O Chamado de São Mateus (1599? -1600) é notável por seu dramático uso da “luz de sótão”, que emana de uma fonte acima da ação a fim de iluminar o gesto de mão de Cristo (baseado no Adão de Michelangelo na Capela Sistina) e outras figuras, a maioria das quais com roupas contemporâneas. Por volta de 1601, Caravaggio recebeu seu segundo grande encargo da igreja Santa Maria del Popolo em Roma para a Conversão de São Paulo e A Crucificação de São Pedro.

Acusado de assassinato, Caravaggio fugiu para Nápoles em 1606. Ali passou vários meses executando obras como O Flagelo de Cristo (San Domenico Maggiore, Nápoles), cruciais para o desenvolvimento do naturtalismo. Nesse mesmo ano viajou para Malta, foi feito cavaliere, da Ordem Maltesa, tendo executado um de seus poucos retratos, o do cavaliere Alof de Wignacourt (1608, Museu do Louvre). Em outubro de 1608, foi novamente preso. Escapando da prisão, viajou para Siracusa na Sicília, onde pintou diversas telas monumentais, inclusive O Enterro de Santa Lúcia (1608, Santa Lucia, Siracusa) e A Ressurreição de Lázaro (1609, Museo Nazionale, Messina). Eram composições com múltiplas figuras envoltas em um grande drama, produzidas com tonalidades escuras e uso seletivo de luz.

A despeito de declarações que a natureza era sua única mestra, é evidente que Caravaggio estudou e assimilou os estilos de mestres da Alta Renascença, em especial o de Michelangelo.

O impacto de Caravaggio na arte de seu século foi considerável. O impressionante é que quatro séculos após sua morte, em 2010, a Galeria Palatina dentro do Palácio Pitti, Florença, apresentou uma exposição excepcional de suas obras. O pintor que fascinou os Médicis, incluiu personagens do bas-fond à nobreza, imortalizando-os em suas telas sobre um fundo neutro, cor lisa, sem exagero nas luzes, nada de decoração, de ação, um culto e uma extrema precisão nos detalhes.




Fonte: Opera Mundi 

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