A redação do O Mossoroense foi pega de surpresa na última semana, quando descobriu que todas as imagens que compõem o banco fotográfico do jornal haviam desaparecido dos computadores. O responsável pelo “sequestro” do acervo logo se apresentou. Um hacker, ou criminoso virtual, que exigia um “resgate”, pago através de transações eletrônicas, para liberar as fotos.
O episódio reaqueceu o debate acerca dos limites e perigos da internet, e de como esta importante ferramenta é também uma via, quase aberta, para a ação de golpistas, que se valem do anonimato para praticar milhares de crimes todos os anos no Brasil.
De acordo com o relatório Norton Report, da Symantec, que é uma das maiores especialistas em cibercrimes no mundo, em 2013, 22 milhões de brasileiros foram vítimas de ataques pela internet. O advogado Eric Torquato (OAB/RN 11.760), especialista em crimes pela internet, comenta que nos últimos anos, com o boom da internet, este tipo de delito se tornou mais comum.
“Enxergo que a revolução tecnológica contribuiu, sem dúvidas, para a proliferação das mais variadas espécies de crimes cibernéticos. Importante lembrar que o aumento exorbitante de pessoas cadastradas em redes sociais também ajudou para que usuários mal intencionados se aproveitem da ingenuidade de muitos para obter alguma vantagem de forma ilícita”, comentou o magistrado, que acredita que os crimes virtuais são o aperfeiçoamento de crimes mais conhecidos, como estelionato.
Segundo Eric, a invasão aos arquivos do O Mossoroense pode render ao hacker, caso seja pego, uma pena de dois anos de reclusão e pagamento de multa. “Hoje existe a chamada “Lei Carolina Dieckmann”, que acrescentou o art. 154-A ao Código Penal brasileiro o qual prevê que o usuário que invadir um computador alheio sem permissão pode ser preso sem prejuízo de multa. E a punição pode alcançar até 2 anos de reclusão, acrescido de multa, caso o crime cometido pelo invasor seja mais grave” explicou.
Dados sobre segurança na internet no Brasil
60% dos brasileiros foram vítimas do cibercrime em 2013, um total de 22 milhões de pessoas
45% dos adultos no país tiveram uma experiência de crime virtual e comportamento de risco em
2013. O custo líquido do crime cibernético foi superior a R$ 18 bilhões
57% dos usuários de smartphone no Brasil foram vítimas de crime virtual móvel
49% dos usuários de smartphone e 61% dos consumidores de tablets no Brasil possui sistema de
segurança online instalado em seus equipamentos
58% dos brasileiros usam o aparelho de celular para trabalho e diversão
39% dos usuários de smartphone no Brasil afirmam que não deletam e-mails suspeitos de pessoas
que não conhecem
33% dos brasileiros não se desconecta dos perfis sociais após o acesso e 31% se conecta com
pessoas desconhecidas
61% dos adultos brasileiros disseram utilizar redes de Wi-Fi públicas ou inseguras
Pornografia infantil é o crime mais comum na internet
De acordo com dados da Organização Não Governamental (ONG) Safernet, que luta contra crimes virtuais, o delito mais comum na web é a pornografia infantil. Segundo o levantamento, que é de 2013, 24 993 páginas foram denunciadas às autoridades por conter material envolvendo pornografia infantil. O número representa um aumento de 3,83% em comparação a 2012. Racismo e homofobia também se destacaram entre os crimes denunciados.
O balanço apresentou um preocupante dado, que chamou a atenção das autoridades. O crime com taxa de crescimento mais alta entre 2012 e 2013 foi de conteúdo ligado ao tráfico de pessoas. Em apenas um ano, este tipo de ameaça cresceu mais de 40%.
Para a ONG, o Brasil é o quarto país com mais índice de cibercriminosos, atrás dos Estados Unidos, Irlanda e Holanda. Em 2013 foram realizadas no país 134 prisões em flagrante, um salto gigantesco, se comparado ao número de prisões em 2012, que foi de 59. Em 2009 registrou apenas 25 prisões por crimes na internet, o que mostra que em 5 anos, a repressão a esta modalidade de delito aumentou 5 vezes.
Núcleo especializado em crimes na internet no RN foi extinto em 2013
A Polícia Civil do Rio Grande do Norte extinguiu em 2013 o Núcleo de Investigação dos Crimes de Alta Tecnologia (Nicat), desde então o Estado carece de um órgão especializado que trate dos crimes referentes à tecnologia e internet.
De acordo com o assessor de comunicação da Polícia Civil, Gustavo Mariano, os policiais que compunham o núcleo foram remanejados para outros setores, como a inteligência da polícia. Ele explica que o monitoramento de queixas sobre crimes desta natureza é feito hoje pelas delegacias locais, o que dificulta o levantamento de dados estatístico.
O Nicat foi criado em 2011 com o objetivo de"elucidar e trabalhar na repressão a crimes eletrônicos ou cibernéticos, dando apoio logístico, técnico e investigativo às unidades de polícia judiciária do Rio Grande do Norte, quando solicitado, nos casos em que houvessem indícios de prática de infrações penais no ambiente virtual da internet ou outros meios análogos.
À época, os motivos apresentadas para o fechamento do Nicat foram a falta de estrutura e organização. Segundo portaria de 2013, que extinguiu o órgão, o Nicat carecia “de organização, estruturação, pessoal e disciplina de gestão administrativa permanente para alcançar a eficiência de resultados na prestação dos serviços públicos"
Como escapar de ser lesado por um cibercriminoso
O avanço do número de usuários e a ampliação de leque de serviços, fez, no decorrer dos últimos anos, com que a internet seja um terreno extremamente árido, no que diz respeito à segurança e privacidade. Grande parte das pessoas já foi enganada ou já detectou alguma tentativa de fraude em seu computador pessoal, ou smartphone. A reportagem do O Mossoroense conversou com o advogado Eric Torquato, especialista em crimes da internet, que falou sobre como se prevenir de ataques na internet.
“Para se prevenir de golpes via internet, aconselhamos não clicar em mensagens ou e-mails duvidosos de pessoas que não conhece. Muitas dessas mensagens se tratam de spam, softwares maliciosos infectados com vírus ou os chamados “phishing” que são mensagens falsas acompanhadas de links maliciosos.
Ele enumera algumas dicas importantes que podem ajudar a fugir de criminosos: utilize um bom antivírus (de preferência que não seja gratuito); só faça compras na internet em sites confiáveis, que sejam bem avaliados pelos consumidores; bloqueie e-mails de desconhecidos; jamais forneça dados bancários a ninguém por e-mail; não torne públicas suas informações pessoais e fotos em redes sociais. Deixe-as visível apenas para amigos conhecidos.
“Se você teve sua senha bancária ou número do cartão de crédito roubados, informe imediatamente o ocorrido à sua instituição bancária, solicitando em seguida o bloqueio do cartão.Providencie junto a um especialista em informática uma restauração no seu computador. Em hipótese alguma revide ou troque mensagens com criminosos, mas, sim, procure a polícia imediatamente informando o ocorrido”, aconselha o especialista.
Fonte: omossoroense.uol.com.br/
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