terça-feira, 16 de dezembro de 2014

Cega, estudante do RN disputa final da Olimpíada da Língua Portuguesa

Maria Heloíza, de 16 anos, teve texto classificado para etapa nacional.
Estudante moradora de Santo Antônio perdeu visão quando ainda era bebê.


Filha de uma família humilde, deficiente visual e finalista da etapa nacional da Olimpíada da Língua Portuguesa. Essa é Maria Heloíza Tavares Barbosa, de 16 anos, moradora da zona rural do município de Santo Antônio, na região Agreste do Rio Grande do Norte. O texto que levará a estudante para Brasília foi baseado nas memórias de uma antiga moradora da pequena cidade de 22 mil habitantes. Os nomes dos vencedores serão conhecidos nesta quarta-feira (17) em uma cerimônia na capital federal.

"Foi uma surpresa muito grande. Contei a história de dona Edith. Procurei falar das sensações. O que ela sentia quando via tudo aquilo. Foi uma volta ao passado. É a primeira vez que participo e não esperava nunca chegar onde cheguei. É uma grande vitória", conta a estudante. O texto de Heloíza concorre na categoria 'Memórias Literárias'.

Aluna do 7º ano da Escola Municipal Doutor Hélio Barbosa de Oliveira, a menina desde pequena é acompanhada pela mãe em sala de aula. Orgulhosa, a agricultora Maria Aparecida Tavares de Souza, de 30 anos, relata que Heloíza perdeu a visão ainda bebê. "Nasceu prematura e ficou muito tempo na incubadora. Isso afetou a retina dela", lembra.

Mãe ajuda Heloísa na sala de aula (Foto: Reprodução/Inter TV Cabugi)
Mãe ajuda Heloíza na sala de aula
(Foto: Reprodução/Inter TV Cabugi)
Ajudar a filha deficiente visual motivou a volta da mãe para a sala de aula. Aparecida só estudou até a 4ª série do Ensino Fundamental. O marido dele e pai de Heloíza é pedreiro e também estudou pouco.

Na sala de aula, a mãe faz as anotações para a filha já que a família não possui digitador em braille. Em casa, as duas estudam o conteúdo juntas. "Me ajuda e incentiva. É muito importante", diz Heloíza. E apesar de ser parte importante dos estudos e na mais nova conquista, a agricultora não vai para Brasília acompanhar a cerimônia da Olimpíada. "É o medo do avião. Vai uma tia dela que já andou", conta aos risos.

Heloísa lê o próprio texto em braille (Foto: Reprodução/Inter TV Cabugi)
Heloíza lê o próprio texto em braille
(Foto: Reprodução/Inter TV Cabugi)
Para a professora de Língua Portuguesa, Mércia Fontoura, o texto de Heloíza tem potencial para vencer. "As ideias estão muito bem articuladas. Em sala de aula é uma aluna silenciosa, mas que interage muito nos momentos de avaliação", ressalta. De acordo com a professora, foi realizada uma entrevista coletiva com a moradora e 48 alunos da escola produziram um texto com base nas lembranças da entrevistada.

"Fiz uma seleção de três e a direção escolheu um, o texto de Heloíza. Ainda passamos pela etapa municipal, regional e agora chegou a hora da nacional", diz.

Fonte: G1/RN

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