Osmany Garbey Charadan, médico, com equipe enfermagem e a gestora de saúde
Nove médicos cubanos estão mudando a prática da assistência básica à saúde em Nova Cruz, município do Agreste potiguar a 98 km de Natal. Longe dos holofotes da mídia desde que o Programa Mais Médicos foi implantado no Brasil, em julho de 2013, os cubanos arregaçam as mangas na periferia e comunidades rurais alcançadas pelo SUS (Sistema Único de Saúde).
O clima de Nova Cruz é parecido com o de Cuba, o calor humano também. Dois fatores citados pelo médico Osmany Garbey Charadan, 33, para justificar a rápida adaptação à realidade na cidade interiorana. O portunhol, a mescla de português com espanhol, é a língua oficial no consultório do médico, que já comprou um carro e namora uma jovem novacruzense.
Quando surgem dúvidas sobre o vocabulário dos pacientes, o cubano chama uma das enfermeiras para traduzir palavras que até mesmo os brasileiros que não são do lugar sentiriam dificuldades de entender.
“Tem paciente com dialeto próprio de sua comunidade”, fala o extrovertido doutor Osmany, como os locais o chamam.Segundo disse, as enfermeiras que trabalham com ele em Nova Cruz, na comunidade Primeira Lagoa, Juriti e Capim Assu, são muito qualificadas e atenciosas. “Parecidas com as cubanas”.
Com experiência de programas de intercâmbio médico na Venezuela, onde passou quatro anos, Osmany Garbey Charadan conta que não sentiu preconceito na cidade. Foi muito bem recebido pelo prefeito Cid Arruda e toda equipe da Secretaria de Saúde Municipal.
Com expressões cotidianas na ponta da língua, o médico explica que não tem frescuras. A cultura brasileira é parecida com a cubana.Um choque para o médico foi perceber que muitos pacientes que procuram unidades básicas de saúde em Nova Cruz têm mania de tomar remédios. Muita gente acha que tem de tomar remédio mesmo sem necessitar, comenta. “Suspendi muitos medicamentos que o paciente não precisava tomar”, enfatiza.
Há casos de pacientes que na consulta exigem, por exemplo, tomografia, um exame mais caro. “Eu digo para ele (paciente) que uma ultrassonografia é suficiente”, conta Osmany. Caso seja necessário, depois poderá pedir a tomografia. O médico está impressionado com a quantidade de doentes crônicos com diabetes e hipertensão.
Em dezembro, Osmany viaja de férias para Cuba. Enquanto isso, nos finais de semana, gosta de viajar para conhecer cidades próximas, ir ao cinema em Natal. “Já tirei a habilitação”, avisa o jovem médico de Guantánamo, província imortalizada pela música “Guantanamera”. Lá, também, numa baía mais ao sul, os americanos mantêm uma base naval e uma renomada prisão para terroristas. A presença americana tão próxima não afeta o dia a dia dos cubanos, explica.
Fonte: http://www.novojornal.jor.br/
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