'Mudou a conjuntura política e eu não sei qual o tamanho do impacto', disse.
Presidente diz que vai ao funeral em Recife para cumprimentar viúva.
O ex-presidente Luiz Inácio Lula de Silva (PT) disse nesta quinta-feira (14) que é preciso aguardar o enterro de Eduardo Campos (PSB) e respeitar o luto para só depois voltar a falar de política. "Não vamos tentar antecipar os fatos", disse o ex-presidente na sede do Instituto Lula, no Ipiranga, em São Paulo.
O acidente ocorrido na quarta-feira (13) em Santos matou o candidato à presidência, o piloto, o copiloto e quatro integrantes da equipe de campanha do presidenciável. Ao todo, sete pessoas morreram.
Lula afirmou que a morte do candidato muda de forma significativa a conjuntura eleitoral brasileira. Lula ressaltou sua amizade com Campos.
"Acho que o Brasil não merecia isso. Acho que o Eduardo Campos era uma figura extremamente promissora. Ele sabia de alguns pensamentos meus. Eu dizia para ele: 'Eduardo, não há divergência política capaz de arranhar a relação de amizade que nós construímos. Por mais que a gente possa em qualquer momento ter divergência a nossa relação está consolidada porque nem todo irmão é um grande companheiro, mas todo companheiro é um grande irmão", afirmou.
O ex-presidente evitou falar do futuro após a morte de Eduardo. "Obviamente que mudou a conjuntura política e eu não sei qual o tamanho do impacto. Não vamos tentar antecipar os fatos. Vamos esperar enterrar o companheiro Eduardo e os companheiros que estavam com ele e aí depois nós voltamos a falar da política", disse.
"Falei com a Renata (viúva de Campos). Na hora que eu souber que o corpo está embarcando, eu vou para Recife para dar um abraço na família e quero participar do enterro de Eduardo.”
Lula disse que ainda não falou com Marina Silva, sua ex-ministra e candidata a vice na chapa liderada por Campos. "Eu vou tentar ligar para a Marina. As pessoas precisam de 24 horas pelo menos para acreditar no fato. No primeiro momento a gente não acredita. A gente acha que a pessoa vai entrar pela porta, que ela está viva", disse Lula.
O ex-presidente disse ter sido avisado por Dilma Rousseff do acidente. "Quando a presidente Dilma me ligou me contando da possibilidade - não tinha certeza ainda porque foi o brigadeiro Saito que comunicou a ela do acidente - eu fiquei o dia inteiro torcendo para que não fosse verdade", afirmou.
"A homenagem que posso prestar ao Eduardo é manter dele a imagem de um companheiro com quem eu convivi intensamente antes da política e depois da política. A homenagem é o carinho que eu tenho pela família."
Lula disse que sua relação com Campos era tão intensa que chegava a despertar ciúmes no PT. "Eu lembro até de uma certa ciumeira que existia no PT por conta da minha relação com Eduardo quando ele era governador de Pernambuco. Alguns amigos diziam que eu fazia mais coisas para Pernambuco do que para outros estados. Não era verdade. Era que o Eduardo tinha competência, apresentava projeto. O Eduardo era essa pessoa alegre, um contador de casos extraordinário. Era gratificante passar algumas horas na casa dele, jantando com a família dele, com o Suassuna. Acho que nós perdemos em poucos dias o Suassuna. Agora perdemos o Eduardo e já tínhamos perdido em dezembro um companheiro da qualidade do Marcelo Deda que morreu também muito jovem", disse Lula.
Para o ex-presidente, Campos foi um homem generoso, capaz de grandes gestos. "O Eduardo, junto comigo e com o Humberto Costa, ele patrocinou, talvez, o maior gesto de decência política que o mundo já viu. O Eduardo Campos foi candidato a governador em 2006 pelo PSB. O Humberto foi pelo PT. Eu era candidato a presidente. Eu subia com os dois no palanque, com a torcida do PSB, com a torcida do PT, cada um com suas bandeiras. Ninguém vaiava ninguém. Todo mundo ouvia o Humberto, todo mundo ouvia o Eduardo e eu dizia: olhe, aqui nós somos um grupo de companheiros que estamos disputando para ver quem chega em primeiro lugar."
Futuro da candidatura
O governador de Pernambuco, João Lyra Neto (PSB), esteve com Alckmin nesta tarde na cidade de São Paulo. De acordo com Lyra, a definição sobre a futura chapa só vai ser tomada quando "terminarem as conversações" dentro do partido.
"Nós temos dois prazos: o legal e o político. O legal são dez dias, e o político nós temos que ter consciência de que o horário eleitoral começa dia 19. O partido está começando a conversar, vai se reunir. Temos que compulsoriamente começar a conversar", disse.
"O legado do Eduardo Campos é muito forte neste momento. Tendência é ter candidato próprio e deve se confirmar", disse. O governador sugeriu que Marina Silva é um dos nomes mais prováveis para assumir o lugar de Campos.
"Que a Marina é um grande nome, sem dúvida que é. Agora o partido vai conversar, discutir, amadurecer essa decisão e anunciar o mais rápido possível (...) A questão da unidade da Rede, dos partidos, do PSB, vai prevalecer."
Fonte: G1
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