Dupla foi presa em operação na tarde desta segunda-feira (30) em Natal.
Presos se passavam por autoridades para pedir dinheiro.
Suspeitos de aplicar golpes em prefeitos, empresários e grandes comerciantes do Rio Grande do Norte, os dois homens presos nesta segunda-feira (30) em operação da Delegacia Especializada em Falsificações e Defraudações (DEFD) confessaram os crimes. João Maria Augusto da Silva, de 50 anos, e Edilson Genésio da Silva, de 33 anos, usaram nomes de várias autoridades do estado - e até mesmo se passaram por elas - para pedir dinheiro sob o argumento de que uma criança teria leucemia e necessitava de tratamento urgente. Um terceiro suspeito ainda é procurado por participação no esquema.
No depoimento dado ao delegado Júlio César Costa, titular da DEFD, Edilson Genésio da Silva admitiu que para realizar os estelionatos usou os nomes do presidente do Tribunal de Contas do Estado (TCE), Paulo Roberto Chaves Alves, do conselheiro aposentado do TCE, Valério Alfredo Mesquita, do coordenador estadual do Procon, Ney Lopes de Souza Júnior, e do desembargador do Tribunal de Justiça do RN (TJRN), Manoel Cláudio Amorim dos Santos.
O interrogado informou que fez contatos telefônicos com vários prefeitos do estado, mas só conseguiu consumar os golpes com cerca de oito a dez vítimas, citando os chefes do Executivo Municipal das cidades de Brejinho, Passagem e Porto do Mangue. Edílson também assume ter enviado o outro suspeito preso, João Maria Agusto da Silva, para pegar R$ 2.800 com um representante do prefeito de Touros, Ney Rocha Leite.
A prisão aconteceu no dia 30 de novembro deste ano, quando João Maria foi detido em flagrante nas imediações de uma churrascaria no bairro do Tirol, na zona Leste da capital, ao tentar receber o dinheiro. Desconfiado antes de enviar a quantia, o prefeito procurou a irmã, delegada Kalina Leite Gonçalves, que trabalha na Corregedoria da Segurança Pública, para contar que poderia estar sendo vítima de um golpe. A delegada, sem se identificar, ligou para João Maria e foi ao encontro dele para entregar o dinheiro, ocasião em que o suspeito recebeu voz de prisão.
Em interrogatório, João Maria admitiu a tentativa de estelionato e apontou Edilson Genésio da Silva como o mentor do plano. "Neste caso, o astuto Edilson utilizou-se da identidade do desembargador Cláudio Manoel de Amorim Santos para tentar pegar dinheiro do prefeito Ney Rocha. João Maria foi solto para responder pelo crime em liberdade, mas o processo segue tramitando na 7ª Vara Criminal de Natal", explicou o delegado Júlio César Costa.
A liberdade provisória de João Maria foi concedida no dia 11 deste mês pelo juiz José Armando Ponte Dias Júnior sob a condição de o indiciado se apresentar regularmente e não deixar a cidade. No depoimento desta segunda, João Maria afirmou que recebia entre R$ 300 e R$ 400 por golpe.
Na maioria dos casos, ainda de acordo com o delegado, a quantia solicitada pelo grupo foi de R$ 2.800, "mas teve prefeito que chegou a dar R$ 5.400 acreditando estar praticando uma boa ação", revelou. "O valor total arrecadado pelos suspeitos ainda é incerto. Mas temos relatos e depoimentos que comprovam que pelo menos 15 vítimas, entre prefeitos, empresários e grandes comerciantes, fizeram o repasse de dinheiro para o grupo", acrescentou.
Cheques trocados por duas vítimas dos golpes foram entregues à polícia (Foto: Anderson Barbosa/G1)
O suspeito que não foi preso atuou na Assembleia Legislativa como assessor parlamentar de um deputado estadual. "Até a semana passada ele trabalhava para este deputado, que o exonerou do cargo logo que soube das investigações”, afirmou o delegado. O G1 tentou falar com o deputado, mas ele não atendeu as ligações.
O titular da DEDF afirmou que os suspeitos presos serão indiciados por estelionato e associação criminosa - como passou a ser denominada a prática de formação de quadrilha. Os mandados de prisão preventiva cumpridos nesta segunda-feira foram expedidos pela juíza Emanuella Cristina Pereira Fernandes, titular da 4ª Vara Criminal de Natal.
Investigações
Segundo o delegado Júlio César Costa, os golpes vinham sendo aplicados desde outubro passado, quando o primeiro boletim de ocorrência foi registrado. "As investigações foram iniciadas a partir do registro do dia 14 daquele mês, que noticiou a ação dolosa dos suspeitos, até então não identificados", detalhou. A vítima, no caso, foi o coordenador do Procon estadual, advogado Ney Lopes Júnior. Em depoimento, Ney narrou que golpistas estavam usando o nome dele “para conseguir trocar cheques com procedência criminosa”.
Ouvido pelo delegado, Ney Júnior afirmou ainda que havia recebido diversas ligações telefônicas de colegas próximos, os quais disseram que tinham recebido ligações com pedidos para trocar cheques. Na ocasião, o advogado afirmou que os golpistas se identificavam como sendo o próprio Ney Júnior e argumentavam passar por problemas financeiros decorrentes da greve dos bancos e, por isso, solicitava que seus amigos trocassem os cheques. Como vítimas do golpe, o coordenador do Procon indicou duas pessoas. Outros quatro colegas de Ney Júnior, também ouvidos pelo delegado, confirmaram a versão e afirmaram que também receberam ligações em que a pessoa do outro lado da linha dizia ser o advogado.
Também consta no inquérito policial instaurado pela DEFD relatos de vários prefeitos que afirmam ter sido vítimas dos golpes. Um deles é José Pereira Sobrinho, de 52 anos, prefeito de Passagem, município distante 60 quilômetros da capital potiguar. No depoimento, o prefeito relata que no dia 9 deste mês foi informado pela sua assessoria que uma pessoa havia ligado se identificando como sendo o conselheiro Paulo Roberto Chaves Alves, presidente do Tribunal de Contas Estado do Rio Grande do Norte (TCE-RN). O número de um telefone celular foi deixado para que o prefeito retornasse a ligação.
O contato foi feito no mesmo dia, mas a pessoa que atendeu disse ser assessor do presidente do TCE e pediu para que o prefeito voltasse a ligar em 30 minutos. Sobrinho aguardou o tempo e fez nova ligação para o número do celular. Desta vez, a pessoa que atendeu se apresentou como sendo o próprio presidente do tribunal. Na ocasião, inclusive, os dois chegaram a marcar uma reunião para o dia 16 na sede do TCE.
Contudo, três dias antes da data agendada, o prefeito recebeu uma nova ligação, na qual a pessoa novamente se identificou como sendo o conselheiro Paulo Roberto. Na conversa, desta vez, a pessoa adiantou que havia uma criança no município de Santo Antônio que precisava adquirir quatro injeções para o tratamento de leucemia. Sobrinho questionou se o assunto poderia ser tratado na reunião, mas a pessoa respondeu que a criança precisava das injeções com urgência e que o medicamente custava R$ 2.800, valor que poderia ser depositado em uma conta do Banco do Brasil. O prefeito concordou, mas ressaltou que não poderia repassar o dinheiro por meio das contas da prefeitura e que faria o depósito através de empréstimo conseguido com um amigo que reside em Natal. E assim foi feito, declarou.
No dia da data agendada para a reunião no TCE, no entanto, o prefeito afirmou ao delegado ter tomado conhecimento que havia sido vítima de um golpe.
Outro que afirma ter sido vítima do mesmo golpe é Francisco Gomes Batista, prefeito de Porto do Mangue, município distante 235 quilômetros de Natal. Ao delegado, ele relatou que também recebeu uma ligação de alguém que se identificou como sendo o presidente do Tribunal de Contas do Estado. E, novamente, a pessoa disse precisar adquirir injeções para o tratamento de uma criança com leucemia. O valor pedido também foi de R$ 2.800 e a quantia depositada após o prefeito receber uma mensagem que dizia: “FRANCISCO JA AVISEI A FAMILIA DA CRIANCA QUE VAI SER TRANSPLANTADA. QUE VC. VAI AJUDA ESTOU AGUARDANDO SEU CONFIRMAMENTO. ATT. PAULO” (sic).
Após receber a mensagem no celular, o prefeito admitiu ter ligado para o filho para que ele fizesse a transferência bancária. O depósito, ainda de acordo com o depoimento de Batista, foi feito a partir das contas do filho e da nora.
Também afirmam terem sido vítimas do mesmo golpe o prefeito de Jardim de Piranhas, Elídio Queiroz; e Ivete Matias Xavier, prefeita de Brejinho. Esta última, inclusive, relatou ter pago R$ 5.400.
Alerta
Em nota oficial, enviada à imprensa no dia 5 de dezembro, o TCE-RN tornou público que várias prefeituras e órgãos públicos do estado estavam se tornando alvos de golpistas. Abaixo, leia a íntegra da nota.
"O Tribunal de Contas vem tornar público que algumas Prefeituras Municipais e órgãos públicos estão sendo contactados para efetuarem depósitos bancários, em favor de terceiros, por suposto pedido de seus membros. Esclarece-se que se trata de uma tentativa de golpe, que já está sendo devidamente investigada pelas autoridades competentes".
Fonte: g1.globo.com
Suspeitos de aplicar golpes em prefeitos, empresários e grandes comerciantes do Rio Grande do Norte, os dois homens presos nesta segunda-feira (30) em operação da Delegacia Especializada em Falsificações e Defraudações (DEFD) confessaram os crimes. João Maria Augusto da Silva, de 50 anos, e Edilson Genésio da Silva, de 33 anos, usaram nomes de várias autoridades do estado - e até mesmo se passaram por elas - para pedir dinheiro sob o argumento de que uma criança teria leucemia e necessitava de tratamento urgente. Um terceiro suspeito ainda é procurado por participação no esquema.
No depoimento dado ao delegado Júlio César Costa, titular da DEFD, Edilson Genésio da Silva admitiu que para realizar os estelionatos usou os nomes do presidente do Tribunal de Contas do Estado (TCE), Paulo Roberto Chaves Alves, do conselheiro aposentado do TCE, Valério Alfredo Mesquita, do coordenador estadual do Procon, Ney Lopes de Souza Júnior, e do desembargador do Tribunal de Justiça do RN (TJRN), Manoel Cláudio Amorim dos Santos.
O interrogado informou que fez contatos telefônicos com vários prefeitos do estado, mas só conseguiu consumar os golpes com cerca de oito a dez vítimas, citando os chefes do Executivo Municipal das cidades de Brejinho, Passagem e Porto do Mangue. Edílson também assume ter enviado o outro suspeito preso, João Maria Agusto da Silva, para pegar R$ 2.800 com um representante do prefeito de Touros, Ney Rocha Leite.
A prisão aconteceu no dia 30 de novembro deste ano, quando João Maria foi detido em flagrante nas imediações de uma churrascaria no bairro do Tirol, na zona Leste da capital, ao tentar receber o dinheiro. Desconfiado antes de enviar a quantia, o prefeito procurou a irmã, delegada Kalina Leite Gonçalves, que trabalha na Corregedoria da Segurança Pública, para contar que poderia estar sendo vítima de um golpe. A delegada, sem se identificar, ligou para João Maria e foi ao encontro dele para entregar o dinheiro, ocasião em que o suspeito recebeu voz de prisão.
Em interrogatório, João Maria admitiu a tentativa de estelionato e apontou Edilson Genésio da Silva como o mentor do plano. "Neste caso, o astuto Edilson utilizou-se da identidade do desembargador Cláudio Manoel de Amorim Santos para tentar pegar dinheiro do prefeito Ney Rocha. João Maria foi solto para responder pelo crime em liberdade, mas o processo segue tramitando na 7ª Vara Criminal de Natal", explicou o delegado Júlio César Costa.
A liberdade provisória de João Maria foi concedida no dia 11 deste mês pelo juiz José Armando Ponte Dias Júnior sob a condição de o indiciado se apresentar regularmente e não deixar a cidade. No depoimento desta segunda, João Maria afirmou que recebia entre R$ 300 e R$ 400 por golpe.
Na maioria dos casos, ainda de acordo com o delegado, a quantia solicitada pelo grupo foi de R$ 2.800, "mas teve prefeito que chegou a dar R$ 5.400 acreditando estar praticando uma boa ação", revelou. "O valor total arrecadado pelos suspeitos ainda é incerto. Mas temos relatos e depoimentos que comprovam que pelo menos 15 vítimas, entre prefeitos, empresários e grandes comerciantes, fizeram o repasse de dinheiro para o grupo", acrescentou.
Cheques trocados por duas vítimas dos golpes foram entregues à polícia (Foto: Anderson Barbosa/G1)
O suspeito que não foi preso atuou na Assembleia Legislativa como assessor parlamentar de um deputado estadual. "Até a semana passada ele trabalhava para este deputado, que o exonerou do cargo logo que soube das investigações”, afirmou o delegado. O G1 tentou falar com o deputado, mas ele não atendeu as ligações.
O titular da DEDF afirmou que os suspeitos presos serão indiciados por estelionato e associação criminosa - como passou a ser denominada a prática de formação de quadrilha. Os mandados de prisão preventiva cumpridos nesta segunda-feira foram expedidos pela juíza Emanuella Cristina Pereira Fernandes, titular da 4ª Vara Criminal de Natal.
Investigações
Segundo o delegado Júlio César Costa, os golpes vinham sendo aplicados desde outubro passado, quando o primeiro boletim de ocorrência foi registrado. "As investigações foram iniciadas a partir do registro do dia 14 daquele mês, que noticiou a ação dolosa dos suspeitos, até então não identificados", detalhou. A vítima, no caso, foi o coordenador do Procon estadual, advogado Ney Lopes Júnior. Em depoimento, Ney narrou que golpistas estavam usando o nome dele “para conseguir trocar cheques com procedência criminosa”.
Ouvido pelo delegado, Ney Júnior afirmou ainda que havia recebido diversas ligações telefônicas de colegas próximos, os quais disseram que tinham recebido ligações com pedidos para trocar cheques. Na ocasião, o advogado afirmou que os golpistas se identificavam como sendo o próprio Ney Júnior e argumentavam passar por problemas financeiros decorrentes da greve dos bancos e, por isso, solicitava que seus amigos trocassem os cheques. Como vítimas do golpe, o coordenador do Procon indicou duas pessoas. Outros quatro colegas de Ney Júnior, também ouvidos pelo delegado, confirmaram a versão e afirmaram que também receberam ligações em que a pessoa do outro lado da linha dizia ser o advogado.
Também consta no inquérito policial instaurado pela DEFD relatos de vários prefeitos que afirmam ter sido vítimas dos golpes. Um deles é José Pereira Sobrinho, de 52 anos, prefeito de Passagem, município distante 60 quilômetros da capital potiguar. No depoimento, o prefeito relata que no dia 9 deste mês foi informado pela sua assessoria que uma pessoa havia ligado se identificando como sendo o conselheiro Paulo Roberto Chaves Alves, presidente do Tribunal de Contas Estado do Rio Grande do Norte (TCE-RN). O número de um telefone celular foi deixado para que o prefeito retornasse a ligação.
O contato foi feito no mesmo dia, mas a pessoa que atendeu disse ser assessor do presidente do TCE e pediu para que o prefeito voltasse a ligar em 30 minutos. Sobrinho aguardou o tempo e fez nova ligação para o número do celular. Desta vez, a pessoa que atendeu se apresentou como sendo o próprio presidente do tribunal. Na ocasião, inclusive, os dois chegaram a marcar uma reunião para o dia 16 na sede do TCE.
Contudo, três dias antes da data agendada, o prefeito recebeu uma nova ligação, na qual a pessoa novamente se identificou como sendo o conselheiro Paulo Roberto. Na conversa, desta vez, a pessoa adiantou que havia uma criança no município de Santo Antônio que precisava adquirir quatro injeções para o tratamento de leucemia. Sobrinho questionou se o assunto poderia ser tratado na reunião, mas a pessoa respondeu que a criança precisava das injeções com urgência e que o medicamente custava R$ 2.800, valor que poderia ser depositado em uma conta do Banco do Brasil. O prefeito concordou, mas ressaltou que não poderia repassar o dinheiro por meio das contas da prefeitura e que faria o depósito através de empréstimo conseguido com um amigo que reside em Natal. E assim foi feito, declarou.
No dia da data agendada para a reunião no TCE, no entanto, o prefeito afirmou ao delegado ter tomado conhecimento que havia sido vítima de um golpe.
Outro que afirma ter sido vítima do mesmo golpe é Francisco Gomes Batista, prefeito de Porto do Mangue, município distante 235 quilômetros de Natal. Ao delegado, ele relatou que também recebeu uma ligação de alguém que se identificou como sendo o presidente do Tribunal de Contas do Estado. E, novamente, a pessoa disse precisar adquirir injeções para o tratamento de uma criança com leucemia. O valor pedido também foi de R$ 2.800 e a quantia depositada após o prefeito receber uma mensagem que dizia: “FRANCISCO JA AVISEI A FAMILIA DA CRIANCA QUE VAI SER TRANSPLANTADA. QUE VC. VAI AJUDA ESTOU AGUARDANDO SEU CONFIRMAMENTO. ATT. PAULO” (sic).
Após receber a mensagem no celular, o prefeito admitiu ter ligado para o filho para que ele fizesse a transferência bancária. O depósito, ainda de acordo com o depoimento de Batista, foi feito a partir das contas do filho e da nora.
Também afirmam terem sido vítimas do mesmo golpe o prefeito de Jardim de Piranhas, Elídio Queiroz; e Ivete Matias Xavier, prefeita de Brejinho. Esta última, inclusive, relatou ter pago R$ 5.400.
Alerta
Em nota oficial, enviada à imprensa no dia 5 de dezembro, o TCE-RN tornou público que várias prefeituras e órgãos públicos do estado estavam se tornando alvos de golpistas. Abaixo, leia a íntegra da nota.
"O Tribunal de Contas vem tornar público que algumas Prefeituras Municipais e órgãos públicos estão sendo contactados para efetuarem depósitos bancários, em favor de terceiros, por suposto pedido de seus membros. Esclarece-se que se trata de uma tentativa de golpe, que já está sendo devidamente investigada pelas autoridades competentes".
Fonte: g1.globo.com
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