terça-feira, 5 de novembro de 2013

Professor explica origem histórica da palavra "vândalo"

Nas recentes manifestações, o termo voltou a ser largamente utilizado.
Origem vem das tribos que não pertenciam ao império romano.



 Em 2013, o Brasil foi para a rua exigir direitos, passagens mais baratas, melhores salários, políticos honestos. Quando as manifestações apartidárias e pacíficas terminaram com brigas e violência, muitas vezes apareceu o termo “vândalo”. Na reportagem de história geral do Projeto Educação desta terça-feira (5), o professor Manoel Affonso falou da origem histórica da palavra e o que ela representa.
“O caráter apartidário e pacífico das nossas recentes manifestações de rua tem permitido ao povo brasileiro um conjunto de reivindicações muito ricas de significado. Entretanto, parte da sociedade tem criticado os arruaceiros, depredadores, que, eventualmente, pontuam alguns desses movimentos, chamando-os de vândalos, atribuindo atos de vandalismo a esse processo de caráter pacífico. Outra parte rebate, diz que os vândalos verdadeiros estão no congresso, que são aqueles que depredam a nação”, destacou o professor.
Romanos denominavam como "bárbaros" povos foram dos limites do império (Foto: Reprodução / TV Globo)
Romanos denominavam como "bárbaros" povos fora dos
limites do império (Foto: Reprodução / TV Globo)
O sentido de depredação e destruição da palavra vandalismo surgiu no século 18. Em
1794, o deputado do terceiro estado, o bispo francês Henri Gregórie, foi encarregado de escrever relatórios para enviar à assembleia. “Nesses relatórios, ele lista as depredações ocorridas pelos levantes populares, mas também causado pelo calor do exército republicano. E ele classifica esse fato como atos de vandalismo, ações de vandalismo. Esse termo associado à depredação surge pela primeira vez de forma escrita a partir dai”, destacou Manoel Affonso.

Entretanto, no mundo romano, a palavra já era usada para se referir a uma das 30 tribos dos bárbaros que viviam na Germânia, atual Alemanha. Para os romanos, o que estava fora dos seus limites naturais, formado pelos rios Reno, Danúbio e Vístula, não era civilizado, era selvagem. “[Surgiu] a partir das migrações dos bárbaros, que, ao longo dos séculos 4 e 5, decretaram ponto final numa decadência do império romano que já vinha de séculos antes. Mas também os vândalos receberam uma carga de força histórica proveniente de conjunto de lendas e mitos que agregaram a sua saga. Assim, parte da importância dos vândalos é real. Outra é fantasiada”, comentou o professor.

“Passado tanto tempo ainda encontramos relacionados à palavra 'Roma', termos como romantismo, romântico, e relacionados a vândalos, vandalismo. Isso é preconceito, continuamos presos, escravos de tudo aquilo que não libertamos”, finalizou.
Fonte: g1.globo.com

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