segunda-feira, 14 de outubro de 2013

Estados terão menos recursos do BNDES em 2014, anuncia Mantega

Vai haver menos estados batendo à porta do BNDES', disse ministro.
Segundo ele, tendência é que repasse do Tesouro ao banco chegue a zero.


O ministro da Fazenda, Guido Mantega, afirmou nesta segunda-feira (14) que, para 2014, haverá redução nos recursos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para os estados. Mantega disse que a orientação é que não haja novos empréstimos ao estados e também que ocorra redução de recursos transferidos do governo federal para o BNDES.
A tendência é que haja uma redução de recursos transferidos do governo federal para o BNDES"
Guido Mantega, ministro da Fazenda
"Haverá uma redução dos empréstimos do BNDES para estados", disse Mantega, que se reuniu à tarde com o presidente do banco, Luciano Coutinho, na sede do Ministério da Fazenda, em São Paulo, para discutir o programa de investimentos do banco no próximo ano.
Segundo ele, só haverá financiamentos que já "estão aprovados, contratados, em tramitação" e a tendência é que os repasses cheguem "a zero". "O objetivo é que nos próximos anos não haja mais empréstimos do Tesouro para o BNDES", disse.
O ministro explicou que, por um lado, isso será possível por conta do foco dos empréstimos do BNDES e porque os pagamentos ao BNDES vêm aumentando.
Mantega disse ainda que o governo não vai aprovar novos PAFs, Programas de ajuste Fiscal, que libera espeço fiscal para os estados contratarem empréstimos. Com isso, o governo espera "que menos estados vão bater à porta do BNDES para pedir recursos".
O ministro prometeu ainda um novo Programa de Sustentação de Investimento (PSI) em 2014, mas de tamanho menor em 2013 e em condições a serem definidas. O programa é voltado ao financiamento de máquinas e equipamentos, caminhões e ônibus com taxas menores. "Certamente todos os valores serão menores do que os de 2013: o desembolso do BNDES, o aporte do Tesouro, o subsídio que estará", disse o ministro.
O presidente do BNDES (esq.) o ministro da Fazenda se reuniram nesta segunda-feira em SP. (Foto: Simone Cunha/G1)O presidente do BNDES (esq.) o ministro da Fazenda se
reuniram nesta segunda-feira em SP.
(Foto: Simone Cunha/G1)
BNDES pós crise
O presidente do BNDES, Luciano Coutinho, disse que o banco busca formas de reduzir a demanda por repasses do Tesouro sem reduzir o estímulo ao investimento. "Por isso é necessário que esse ajuste seja feito de maneira que não prejudique a expansão dos investimentos", disse.

Coutinho afirmou que o BNDES trabalha para "no ano que vem demandar um volume menor e trabalhar com um foco fechado naquelas linhas que são essenciais para sustentar o avanço dos investimentos". O presidente do BNDES disse que há consenso de que o país precisa investir mais e poupar mais, mas precisará de um complemento de recursos em 2013 em função da demanda e do investimento fortes no primeiro semestre, que continua no segundo semestre.
Com a redução de recursos do BNDES para os estados, o ministro da Fazenda apontou que deve haver maior apelo a instituições privadas e busca de outras formas de financiamento pelos estados. "Isso significa que, se os estados quiserem obter financiamentos, fazer reestruturação de dívida, obter mais vantagens pagando menos juros, poderão fazer com os bancos privados ou os demais bancos públicos", disse o ministro. "Só que isso não vai requerer aporte do Tesouro para o BNDES, significa que vai diminuir o aporte de recursos para o BNDES a ser feito pelo Tesouro no próximo ano", disse.
A tendência, segundo o ministro, é que o BNDES esteja mais focado em investimentos que são mais difíceis de conseguir junto ao setor privado, como infraestrutura e indústria pesada, e que haja redução de recursos do governo federal para o banco de fomento.
"A tendência é que haja uma redução de recursos transferidos do governo federal para o BNDES, transferências do Tesouro. Na verdade não são transferências, são empréstimos, porque o BNDES vai devolver futuramente com juros", afirmou. Segundo ele, a tendência é que o repasse do Tesouro ao banco "chegue a zero".
"Estamos superando a fase de crise, não só no Brasil, mas no mundo todo e portanto temos agora de voltar a uma equação financeira mais normal, vamos dizer assim, onde o setor privado tem uma participação maior", disse Mantega. Segundo o ministro, a mudança na política de empréstimos é possível porque o país começa a dar sinais de recuperação. "Uma coisa é sua ação durante a crise e outra quando a crise passa", afirmou.
Para ele, a dívida do governo federal está sob controle e "com o aporte menor do governo federal do BNDES, não vai crescer mais a dívida". "A situação fiscal brasileira é sólida e vai continuar sólida", disse.
Mantega citou ainda a redução da dívida dos estados e municípios, que vem em termos de porcentagem do PIB. A dívida líquida dos governos estaduais foi de 17,5% para 9,9% do PIB entre 2002 e 2012, e a dos municípios foi de 2,4% para 1,8% do PIB no mesmo período.
O ministro da Fazenda disse ainda que os empréstimos do Tesouro para o BNDES já estão em trajetória descendente. Em 2009, "para alavancar o investimento no país após a crise", foram liberados R$ 100 bilhões, em 2011 foram R$ 55 bilhões.
Fonte: g1.globo.com

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