Roberto Cavalcanti - Repórter
O Hospital Regional Deoclécio Marques Lucena, em Parnamirim, tem um déficit de 70% de profissionais para cobrir a escala de plantão. Esta situação não é mais novidade. O quadro continua inalterado desde julho quando vários profissionais resolveram pedir exoneração.
A decisão pela saída dos profissionais da saúde foi motivada a partir da instalação do ponto eletrônico que foi implantado de forma inicialmente experimental, em julho, e passando a valer em definitivo em agosto.
Segundo Graça Medeiros, responsável pelo plantão administrativo, o hospital continua sem as equipes de atendimento nas especialidades de clínico, pediatra e cirurgia geral. “No momento estamos apenas com especialistas em ortopedia e buco-maxilo. Quando chega algum paciente que é conduzido em veículo próprio, e necessitam de atendimento nas três especialidades em falta, este é estabilizado e levado pelo Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), para o Hospital Walfredo Gurgel, por ser o mais próximo”, disse Graça.
Alguns pacientes que estavam aguardando atendimento, reclamavam da demora. É o caso da dona de casa Maria do Socorro que procura atendimento médico para o filho Ítalo Gerônimo de Oliveira, que, segundo ela, está com suspeita de dengue e desde sexta-feira ainda não havia sido atendido. “Vou levar ele para o Giselda Trigueiro. Aqui, pelo jeito, ele não vai ser atendido”, reclamou Socorro.
Enquanto a equipe de reportagem estava no hospital, uma ambulância fez o transporte de uma paciente que havia sofrido um acidente automobilístico, para o Walfredo Gurgel. No Walfredo, ela deveria ser avaliado por um cirurgião toráxico.
A diretora do hospital Deoclécio Marques, Elizabeth Carrasco, informou que a partir de 1º de outubro os profissionais das especialidades em falta na unidade estarão assumindo seus posto e a situação dos atendimentos será normalizada.
“A partir do dia 1º os profissionais assumem seus postos e os atendimentos voltarão ao normal. Como nosso déficit é muito alto, estamos elaborando um contrato emergencial junto a cooperativa para completar o quadro”, disse Elizabeth, se referindo ao número de perda de médicos cirurgiões que caiu de 26 para 18 profissionais.
Secretaria ressalta que soluções estão a caminho
A Secretaria de Estado de Saúde Publica (Sesap) confirmou que, em função do grande número de pedidos de exoneração da equipe médica por causa da implementação de medidas administrativas como o ponto eletrônico - que teve o objetivo de garantir o cumprimento efetivo dos plantões - bem como devido ao déficit de profissionais especialistas, o Hospital Deoclécio Marques mantém, desde sexta feira à noite (27), apenas os serviços do Setor de Ortopedia, Terapia Intensiva e Enfermaria e referenciando os demais pacientes clínicos para a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de Rosa dos Ventos e os do trauma e abdômen agudo para os Hospitais Walfredo Gurgel e Santa Catarina. Os serviços pediátricos e clínicos do Pronto Socorro Adulto e Pronto Socorro Infantil do hospital permanecerão paralisados até terça-feira (1º), disse a Secretaria.
A Sesap afirma que há três semanas busca soluções para complementar as escalas nas áreas da pediatria, clínica e cirurgia, tais como a realização de um contrato emergencial junto à cooperativa médica para fechar as escalas de plantão, o que não foi possível acontecer em função das escalas médicas serem confeccionadas no início de cada mês. Isso, disse a secretaria, dificultou a convocação de novos profissionais por não haver a compatibilização de horários para o preenchimento da mesma por outros especialistas da área.
A secretaria ressaltou que, no dia 26 de setembro, publicou no Diário Oficial do Estado um aviso de dispensa emergencial de serviços médicos para contratação de empresa especializada na realização de serviços Médicos, em escala de plantão (presencial) na especialidade Cirurgia Geral, correspondente a 80 plantões mensais de 12 horas, para suprir as necessidades do hospital. O recebimento e abertura dos envelopes das propostas ocorrerão, às 10 h, da próxima terça-feira (1º).
Além disso, o Governo do Estado publicou no Diário Oficial do Estado do dia 21 de setembro a nomeação de 04 médicos cirurgiões que, após efetivados, serão direcionados para complementação das escalas do Hospital.
Em nota, a Secretaria disse ainda que o Deoclécio Marques, “de nível e complexidade terciário, vem tendo seu perfil de atuação prejudicado sendo, muitas vezes, utilizado como um ambulatório, responsabilidade esta que recai sobre os municípios que por insuficiência na prestação dos seus serviços encaminham pacientes de forma indevida à Unidade”.
Fonte: tribunadonorte.com.br
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