Cada carro fica responsável por uma região administrativa da capital.
Mesmo com deficiência de estrutura, coordenadora diz projeto é eficaz.
A Ronda Escolar da Polícia Militar enfrenta uma realidade difícil para prevenir a violência nas escolas de Natal. O projeto dispõe de quatro carros para cobrir áreas de 600 escolas privadas e públicas espalhadas pelas quatro regiões administrativas da capital potiguar. Apesar dos recentes casos envolvendo armas, drogas e assassinatos dentro e no entorno do ambiente escolar, a coordenação do projeto considera o policiamento eficaz.
"Cada veículo fica com uma região administrativa, mas o ideal era termos dois carros para cada zona. Mesmo assim o trabalho tem sido eficaz, principalmente devido à rede de informação que montamos com a comunidade e as escolas. Se não fosse essa parceria, ficaria mais difícil", avalia a tenente-coronel Margarida Brandão Fernandes de Araújo, que coordena o Programa Educacional de Erradicação de Resistência às Drogas e à Violência (Proerd) e comanda a Ronda Escolar.
Professora que ficou na mira da aluna não quis se
identificar (Foto: Felipe Gibson/G1)
Além de Natal, a Ronda Militar também atende os municípios de Parnamirim, na Grande Natal, Currais Novos, na região Seridó do Rio Grande do Norte, e Santa Cruz, na região Trairi.
Olhar mais atento
Os casos do estudante de 14 anos morto nesta terça-feira (20) na lateral de uma escola da zona Norte, e da garota de 16 que ameaçou uma professora com uma arma dentro da sala de aula na semana passada, são considerados "pontuais" pela coordenadora. "Fui informada que o menino tinha envolvimento com drogas. Foi algo que veio de fora da escola", afirma. Já sobre a adolescente que apontou a arma para a professora, Margarida lamenta o fato de uma boa aluna ter se envolvido com pessoas de "má índole".
Violência nas escolasCitando esse último caso, a tenente-coronel pede mais atenção dos professores e funcionários da escola em relação ao comportamento dos alunos. "Faltou um olhar mais atento. Recomendamos que educadores e comunidade escola escolar procurem a família caso percebam mudanças de comportamento, muitas faltas, ou notas baixas", observa Margarida, lembrando que a adolescente começou a faltar aulas repentinamente. "Perdemos a jovem em 30 dias", diz.
Com base na experiência que tem com o trabalho social nas escolas, a coordenadora do Proerd acrescenta que o comportamento diferente pode ser percepido nos desenhos em cadernos, no linguajar, na agressividade, entre outras coisas. "Claro que em alguns casos há mudança por maturidade, mas é importante observar. Muitos buscam uma identidade, um pertencimento, e se envolvem com pessoas erradas", reforça.
Outra mudança que precisa ser adotada, segundo a coronel, diz respeito à punição dos menores de idade infratores. "Quem está com má intenção, continua a fazer o errado ao ver que sempre é liberado. Os governos tem de entender e enfatizar políticas neste sentido. Os jovens precisam ser responsabilizados por seus atos", ressalta.
A morte do adolescente Yuran Clisma da Costa dos Santos Antônio, de 14 anos, vítima de tiros na manhã desta terça-feira (20) em Natal foi o quarto caso de violência envolvendo alunos da rede estadual de ensino este ano. Na sexta-feira da semana passada, dia 16, uma aluna de 15 anos sacou uma arma e ameaçou matar uma professora dentro da Escola Estadual Belém Câmara, no bairro de Cidade da Esperança, na zona Oeste de Natal. Um guarda patrimonial agarrou a manina na hora em que ela faria o disparo. A arma disparou e a bala atingiu o pé da adolescente.
Na delegacia, a aluna disse que está arrependida do que fez. Chorando, a adolescente relatou com detalhes o que aconteceu, explicou como conseguiu a arma e, por último, revelou que tem vontade de pedir perdão à professora. “A vontade que eu tenho é de pedir, de joelhos, perdão a ela. Só que eu não sei se ela vai me perdoar. Ela não vai me perdoar pelo que eu fiz porque eu não pensei na família dela e não pensei na minha família” (veja o vídeo ao lado).
Em 21 de maio, na cidade de Porto do Mangue, a 235 quilômetros de Natal, um adolescente de 16 anos foi apreendido apósmatar a facadas o estudante Josimar Arruda de Souza, de 20 anos.
O crime aconteceu dentro da sala de aula da Escola Estadual Professora Josélia de Souza Silva. Segundo depoimento do menor à polícia, ele atacou o colega pelo fato de Josimar ter chamado a namorada do suspeito de “gostosa”.
No dia 12 de junho, outro crime chocou o estado. O estudante Ytaelson Costa da Paz, de 17 anos, foi morto a tiros na porta da Escola Estadual Auta de Souza, emMacaíba, cidade da Grande Natal. Um adolescente de 14 anos foi apreendido e admitiu a autoria do crime à polícia. O assassinato foi motivado por uma briga entre os dois adolescentes em uma festa no Natal do ano passado. Os dois estudavam na mesma sala.
O chefe de investigação da delegacia de Macaíba, Elialdo Moura, disse que o adolescente infrator esperou o rival sair da escola para cometer o crime. "Ele ficou do lado de fora. Assim que a vítima saiu, ele se aproximou, sacou o revólver e efetuou os disparos", falou.
Fonte: g1.globo.com
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