O brasileiro David Miranda foi parado por 9 horas no aeroporto de Londres.
Oficiais da Scotland Yard o interrogaram com base em lei anti-terrorista.
O companheiro de Glenn Greenwald, jornalista norte-americano que revelou a estratégia de espionagem cibernética do governo dos Estados Unidos, feito pela Agência de Segurança Nacional (NSA,na sigla em inglês), foi detido por quase nove horas neste domingo (19) por oficiais da Scotland Yard no aeroporto de Heathrow, em Londres, quando tentava voltar para o Rio de Janeiro, onde mora.
Segundo o jornal britânico “The Guardian”, o brasileiro David Miranda, de 28 anos, retornava de uma viagem a Berlin quando foi parado por oficiais às 8h30 (horário de Londres) e informado de que iria passar por um interrogatório.
O Itamaraty se manifestou sobre o ocorrido e classificou o ato como "injustificável", avisando que o "governo brasileiro espera que incidentes como o registrado hoje com o cidadão brasileiro não se repitam".
"O Governo brasileiro manifesta grave preocupação com o episódio ocorrido no dia de hoje em Londres, onde cidadão brasileiro foi retido e mantido incomunicável no aeroporto de Heathrow por período de 9 horas, em ação baseada na legislação britânica de combate ao terrorismo. Trata-se de medida injustificável por envolver indivíduo contra quem não pesam quaisquer acusações que possam legitimar o uso de referida legislação. O Governo brasileiro espera que incidentes como o registrado hoje com o cidadão brasileiro não se repitam", afirmou em nota o Itamaraty.
Os oficiais agiam de acordo com lei do Ato Terrorista, de 2000, que permite a interceptação de indivíduos, pesquisa e aplicação de interrogatório em aeroportos, portos e áreas de fronteira.
Liberado somente às 17h, de Londres, o brasileiro ficou detido por nove horas, o máximo permitido pela lei. Segundo o “Guardian”, 97% das pessoas que passam por esse escrutínio não ficam detidas por mais de uma hora. Apenas um entre 2 mil indivíduos foram mantidos sob custódia por mais de seis horas.
Sem acusação, Miranda foi liberado, apesar de ter confiscados seus equipamentos eletrônicos, como celular, laptop, câmera, cartão de memória, DVDs e aparelhos de video-games.
Segundo o “Guardian”, a Scotland Yard se recusou a comentar quais motivos levaram seus oficiais a parar Miranda.
"Isso é um profundo ataque à liberdade de imprensa e ao processo de apuração das notícias", declarou Greenwald ao “Guardian”. Desde de 5 de junho o jornalista revela como funcionam os esquemas de ciberespionagem da NSA, com base nas informações vazadas pelo ex-agente da CIA, Edward Snowden .
"Deter meu companheiro por nove horas enquanto negava um advogado a ele e depois tomar grandes quantidades de seus pertences é claramente uma tentativa de mandar uma mensagem de intimidação àqueles que como nós temos reportado sobre a NSA e a GCHQ", disse.
“As ações do Reino Unido configuram uma séria ameaça aos jornalistas”, concluiu.
Em audiência pública no Senado Federal no começo do mês, o jornalista afirmou que o modelo usado para acessar ligações e e-mails pessoais começou no Afeganistão e no Iraque, países que foram alvo de invasão de tropas dos EUA em 2001 e 2003, respectivamente.
No início de julho, reportagem do jornal “O Globo” assinada por Greenwald revelou que, na última década, pessoas residentes ou em trânsito no Brasil, assim como empresas instaladas no país, se tornaram alvos de espionagem da NSA.
Fonte:g1.globo.com
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