Baiano de 55 anos deve chefiar entidade até 2017; Presidente Dilma comemora nomeação
O embaixador brasileiro Roberto Carvalho de Azevêdo, de 55 anos, foi eleito nesta terça-feira (7) diretor-geral da Organização Mundial do Comércio (OMC). Ele substituirá o francês Pascal Lamy, no cargo desde 2005.
Azevêdo disputou o cargo com o mexicano Herminio Blanco, de 62 anos. Para vencer a eleição, era preciso obter ao menos 80 votos do total de 159 na entidade. A apuração final ainda não foi divulgada.
Azevêdo disputou presidência da OMC com mexicano
Nascido em Salvador, Azevêdo representa o Brasil na OMC desde 2008, após ter sido subsecretário-geral de Assuntos Econômicos e Tecnológicos do Ministério de Relações Exteriores (2006-2008), e ter chefiado o departamento econômico da pasta, representando o País na Rodada Doha.
Rubens Ricupero, ex-ministro da Fazenda e ex-secretário-geral da Conferência das Nações Unidas para o Comércio e Desenvolvimento (Unctad), ressalta que a eleição de Azevêdo não significa que o Brasil será favorecido nas negociações internacionais e disputas com outros países, devido à neutralidade exigida pelo cargo. "O primeiro dever do líder eleito é ser imparcial", afirma o diretor do departamento de Economia da Fundação Armando Álvares Penteado (Faap).
México e Brasil têm defendido ideias opostas nas negociações sobre o livre comércio. Enquanto o Brasil mantém uma postura contrária a barreiras comerciais entre as nações e defende elevar tarifas a importações – o que rendeu queixas de EUA e Japão –, o México é mais favorável à liberalização do comércio internacional.Apesar disso, Ricupero acredita que o País ganhará visibilidade e prestígio com um diplomata brasileiro na OMC, ainda mais com a tradição brasileira de exercer um papel ativo na entidade. "Conheço Azevêdo pessoalmente e creio que ele é o mais preparado para o cargo, por já atuar na entidade há vários anos", observa.
Dificilmente, entretanto, Azevêdo deverá encampar na organização posturas do governo brasileiro. Um exemplo é a crítica de Brasília ao uso do câmbio para dificultar importações e estimular exportações.
"Vários países acreditam que seria importante olhar para essa questão, mas ninguém sabe qual seria a resposta e nem há consenso sobre se isso deveria ser discutido", diz ao iG Ricado Meléndez-Ortiz, co-fundador e diretor-executivo do Centro Internacional para Estudos do Comércio e do Desenvolvimento Sustentável (ICTSD), da Suíça. "Azevêdo demonstrou indepedência das posições brasileiras, e essa foi uma agenda brasileira. Talvez não seja a agenda de Roberto Azêvedo [na OMC]."
'Consertar a OMC'
Jeffrey J. Schott, membro do Comitê Consultivo de Política Econômica Internacional do Departamento de Estado dos EUA, ressalta a postura discreta de Washington na eleição da OMC. Como foi negociador-chefe do NAFTA – sigla para o acordo de livre comércio que reúne Canadá, México e Estados Unidos – em tese, Blanco poderia ter mais simpatia norte-americana.
"Não há uma posição oficial dos EUA e não houve indicação sobre em qual dos dois iria votar", diz o pesquisador. "Mas como são candidatos do nosso hemisfério, os EUA estarão contentes em trabalhar com qualquer um deles".
Membro do Instituto Peterson para Ecomomia Internacional, Schott destaca a experiência maior de Azevêdo em Genebra, mas considera Blanco também uma ótima opção. E diz que o brasileiro, agora eleito, terá como principal desafio fortalecer o órgão.
"O embaixador Azevêdo terá de utilizar seu conhecimento detalhado da OMC para desenvolver uma estratégia para consertar a forma como as coisas são feitas em Genebra [sede do órgão] para que a OMC possa, uma vez mais, se tornar um forum efetivo para negociações multilaterais de comércio", diz Schott.
Fonte: economia.ig.com.br
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