terça-feira, 23 de abril de 2013

Câmara conclui aprovação de projeto de lei que prejudica novos partidos


Deputados rejeitaram alterações para adiar entrada em vigor da nova regra.
Projeto, que vai ao Senado, reduz propaganda e recursos para novas siglas.



A Câmara dos Deputados concluiu nesta terça-feira (23) a votação do projeto de lei que impede que parlamentares que mudem de partido no meio do mandato transfiram parte do tempo de rádio e TV e dos recursos do Fundo Partidário da sigla de origem para a nova agremiação.
Na sessão desta terça, os deputados derrubaram todas as emendas que tentavam postergar a entrada em vigor da nova regra partidária. O texto aprovado pelos deputados será encaminhado agora para análise do Senado.
A votação teve início na última quarta (17) e, na ocasião, após cerca de 11 horas de fortes embates entre parlamentares contrários e favoráveis à proposta, os deputados aprovaram o texto principal do projeto e uma emenda da bancada do DEM que tornou ainda menor a fração que novos partidos terão direito no tempo da propaganda de rádio e TV.
Pela norma atual, a maior parte do fundo e da propaganda eleitoral é distribuída de forma proporcional ao tamanho das bancadas. Na prática, se for sancionada pela presidente Dilma Rousseff, a nova lei prejudicaria partidos ainda em gestação, como a Rede Sustentabilidade, idealizado pela ex-senadora e ex-ministra do Meio Ambiente Marina Silva.
Políticos que se articulam para criar novas legendas acusaram PT e PMDB, os principais patrocinadores das alterações, de motivação eleitoral, por não terem se mobilizado para aprovar a regra na época de criação do novato PSD, hoje um aliado do governo, que se beneficiou da atual brecha na lei, absorvendo fatia maior do fundo partidário e da propaganda eleitoral com base nos deputados que abrigou.
Criado em 2011 pelo ex-prefeito de São Paulo Gilberto Kassab, o PSD conseguiu na Justiça assegurar as mesmas vantagens previstas para siglas que elegeram representantes para a Câmara dos Deputados, o que ficou conhecido no meio político como "efeito PSD", alvo do projeto. Apesar de não existir nas eleições de 2010, O PSD estreou como a quarta maior força política do parlamento.
O projeto de lei do PMDB só conseguiu ser apreciado antes de passar pelas comissões da Câmara porque o presidente da Casa, deputado Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), conseguiu aprovar, na noite de terça (16), um caráter de urgência para a apreciação da proposta.  Com esse regime, o texto pôde ser apreciado pelo plenário antes de propostas mais antigas.
Supremo
Após a aprovação, o senador Rodrigo Rollemberg (PSB-DF) anunciou que entraria com mandado de segurança no STF para impedir a votação do texto no Senado. O principal argumento do parlamentar é que existe abuso do Poder Legislativo na aprovação, o que, para o senador, a matéria fere a Constituição Federal.

“O Supremo já decidiu sobre a liberdade de filiação partidária e que o parlamentar leva consigo esses direitos [...] É um golpe de abril, porque querem mudar as regras do de forma extemporânea, esmagando as minorias”, disse Rollemberg.

Na última sexta (19), o deputado federal Paulo Pereira da Silva (PDT-SP), o Paulinho da Força, protocolou um mandado de segurança pedindo que o Supremo Tribunal Federal (STF) anule a votação do projeto que prejudica as novas legendas.

O parlamentar do PDT, que articula a criação de um novo partido, alegou à Suprema Corte que a aprovação do regime de urgência para apreciação do projeto foi um "ato ilegal". Por sugestão do presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), a proposta do PMDB foi incluída na pauta de votações atalhando o rito legislativo.
O deputado argumenta ainda que o texto não poderia deixar de passar pelas comissões porque “versa acerca de direitos políticos e partidos políticos". Relator do processo no STF, o ministro Gilmar Mendes pediu informações à Câmara dos Deputados antes de tomar uma decisão.
Fonte: g1.globo.com

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