Ação na Zona Norte contou com blindados, helicópteros e 1,6 mil agentes.
Governador esteve no Quartel-General da Polícia Militar neste domingo.
Após a megaoperação de ocupação nas comunidades da Barreira do Vasco e do Conjunto de Favelas do Caju, na Zona Norte do Rio, na madrugada deste domingo (3), o governador do Rio, Sérgio Cabral, falou do Quartel-General da Polícia Militar que as regiões estavam em decadência.
“É o renascimento de uma região. Eu vi aquela região crescer com a violência e a área era um dos bairros mais importantes do século 19. As políticas de segurança são ações consistentes e libertam as comunidades do poder paralelo”, disse o governador.
Ocupação levou 25 minutos
A ação ocorreu tranquilamente e nenhum disparo precisou ser efetuado para tomar as comunidades, segundo afirmou o porta-voz da Polícia Militar, coronel Frederico Caldas, à TV Globo. No local, será instalada a 31ª Unidade de Polícia Pacificadora (UPP).
As comunidades ficam entre a Zona Portuária, Avenida Brasil e Linha Vermelha, duas das principais vias de acesso ao Rio de Janeiro. Segundo o Instituto Pereira Passos (IPP), a Barreira do Vasco, em São Cristóvão, tem quase 8 mil habitantes e o conjunto de favelas do Caju tem mais de 16 mil moradores.
A área era comandada por facção responsável por grande parte dos roubos de carros da cidade, além de ser um importante ponto de tráfico de drogas, de acordo com comentarista de segurança Rodrigo Pimentel, da TV Globo. Eles encontravam facilidade para fugir pela Avenida Brasil e Linha Vermelha.
A Linha Vermelha foi fechada às 4h deste domingo (3) para a segurança dos motoristas e para passagem dos blindados do Bope e dos fuzileiros navais. A previsão inicial era que o bloqueio terminasse somente às 10h, mas, por volta de 6h20, a via já havia sido liberada dada a tranquilidade da ocupação.
Durante vários dias, os policiais fizeram um cerco à região, o que na opinião do coronel Frederico Caldas fez com que a operação ocorresse sem incidentes. De acordo com ele, a ocupação pelas forças de segurança é "libertadora".
A operação começou pouco antes das 5h deste domingo, quando as tropas deixaram o ponto de concentração no laboratório da Marinha em São Cristóvão com destino às comunidades. Minutos depois, os blindados começam a abrir caminho para entrar no complexo.
Às 5h30, já havia policiais nas ruas e vielas no interior das favelas. A expectativa é de que, a partir da ocupação, a polícia inicie uma varredura na região à procura de criminosos, armas, drogas e possíveis esconderijos.
No entanto, a polícia acredita que os principais chefes do tráfico do local já foram embora. "A ocupação já havia sido anunciada previamente. O nosso objetivo é a retomada do território para devolver a seus moradores. Assim que amanhecer, a polícia vai buscar possíveis esconderijos de armas e drogas", disse o delegado Marcos Vinícius Braga. “Nós investimos em planejamento e quando você pensa muito antes, você gasta menos depois. Está tudo funcionando como a gente planejou”, concluiu.
O Rio tem, ao todo, 30 Unidades de Polícia Pacificadora (UPP), onde vivem cerca de 450 mil moradores. A última ocupação foi em outubro de 2012, nas comunidades de Jacarezinho e Manguinhos. A entrada no Caju e na Barreira do Vasco é parte de uma estratégia para entrar no Conjunto de Favelas da Maré, uma das regiões de maior atuação do tráfico.
Cinco detidos
Na ação deste domingo, até as 10h30 mais cinco pessoas haviam sido detidas e um menor, apreendido. Entre os presos, um PM com mandado de prisão pendente foi parado pela Polícia Rodoviária Federal (PRF) em uma moto em um dos acessos à Ponte Rio-Niterói. Outro detido seria foragido da Justiça, de acordo com informações da GloboNews. Os outros três ainda estão sendo investigados na 17ª DP (São Cristóvão).
Segundo a unidade móvel da Polícia Civil na Barreira do Vasco, no início da manhã, outras 20 pessoas foram detidas para averiguação e liberadas em seguida, embora algumas tivessem passagem pela polícia.
Os agentes apreenderam durante a manhã armas, munição comum e de uso contra veículos blindados, 119 frascos de lança-perfume, sete radiocomunicadores, uma espada, coletes à prova de balas, uma réplica de fuzil, crack, cocaina, maconha e material utilizado para endolação de drogas (embalo de papelotes de droga para venda).
A polícia recomenda que os moradores das comunidades do Caju e Barreira do Vasco andem com documentos neste domingo, já que podem ser revistados pelos policiais e solicitados a apresentar a identificação.
As autoridades fizeram também um apelo para que a comunidade auxilie a polícia na operação, através do disque-denúncia (021) 2253-1177. Até 8h30, o número havia recebido sete ligações.
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