O professor Fernando Haddad, que foi prefeito de São Paulo e ministro da Educação, vê o Brasil numa encruzilhada, com dois caminhos distintos: a volta ao século 19, com retrocessos que incluem até o trabalho escravo, ou consolidação de uma nação soberana e democrática.
Em entrevista exclusiva à TV 247, aos jornalistas Leonardo Attuch, Gisele Federicce e Paulo Moreira Leite, ele aponta o golpe em três etapas.
– Já tivemos o afastamento de uma presidente sem crime de responsabilidade, há o risco agora de uma condenação sem provas do ex-presidente Lula e só falta agora o parlamentarismo sem plebiscito. É um golpe em três atos. Primeiro foi o escândalo do impeachment comprado pelo ex-presidente da Câmara, o Eduardo Cunha, que está preso. Agora, se tivermos essa condenação sem provas e uma mudança de regime de governo sem consulta popular, poderemos cair numa quadra histórica extremamente perigosa.
Haddad diz que a sentença condenatória do juiz Sergio Moro é extremamente frágil.
– Eu fui uma das poucas pessoas a ter paciência para ler a sentença desse malfadado triplex. E ela é muito frágil. Ela parte de vários pressupostos falsos: a de que o Lula trocaria seu apartamento pela cobertura, de que não pagaria a diferença e de que esse apartamento tenha alguma relação com a Petrobras. Tudo isso é falso.
O ex-prefeito aponta até o risco de que o Brasil mergulhe no que ele chama de "fundamentalismo mau-caráter".
– Estamos tendo retrocessos na cultura, invasão de universidades, condução coercitiva de reitor, museus sendo fechados, exposições interditadas. São vários sinais preocupantes. E por que eu vejo como fundamentalismo mau-caráter? Porque nem a base do fundamentalismo, que é a religião, ele tem.
Atualmente, Haddad tem se dedicado a trabalhar no plano de governo do ex-presidente Lula e adianta que uma das prioridades será reconquistar a classe média.
– Estamos fazendo contas e será possível taxar os mais ricos e reduzir impostos da classe média. Nos dois governos Lula, houve uma gigantesca ascensão do mais pobres e também dos mais ricos. A classe média teve uma perda relativa de status, em relação aos que ascenderam. O que eu posso dizer é que o Lula está disposto a fazer um terceiro mandato ousado. Ele tem conversado com muita gente e ouvido muito. Ele não estaria disposto se não fosse para fazer um mandato ainda melhor do que os dois anteriores.
Sobre seu futuro política, ele nega que será candidato ao governo de São Paulo e afirma que o quadro paulista, no PT, já está definido, com as candidaturas de Luiz Marinho, ao governo estadual, e de Eduardo Suplicy, ao Senado.
Em relação ao caso UFMG, ele também aponta um ataque especulativo às universidades públicas, por trás das iniciativas recentes da Polícia Federal. Também no campo da educação, Haddad defendeu a federalização do ensino médio, proposta que foi levantada pelo ex-presidente Lula, na mais recente etapa de sua caravana.
Sobre seu sucessor João Doria, do PSDB, Haddad afirma que ele nunca quis ser realmente prefeito de São Paulo.
Sobre seu sucessor João Doria, do PSDB, Haddad afirma que ele nunca quis ser realmente prefeito de São Paulo.
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Fonte: 247
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