quinta-feira, 30 de novembro de 2017

"Classe média não terá nem plano de saúde e nem SUS"

 
 


A cobertura mínima obrigatória dos planos de saúde, estabelecida pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), será ampliada a partir de janeiro de 2018. A resolução, que inclui 18 novos procedimentos e a maior abrangência para outros sete, foi publicada no Diário Oficial da União.

A atualização do Rol de Procedimentos e Eventos em Saúde acrescenta exames, terapias, cirurgias e medicamentos orais contra câncer. E, ainda, a primeira incorporação de medicamento para tratar esclerose múltipla. A lista de cobertura passa a valer em 2 de janeiro e atenderá 42,5 milhões de beneficiários que possuem planos de assistência médica e 22,6 milhões com planos exclusivamente odontológicos. Afirma-se que os planos de saúde terão, em 2018, mais garantias às empresas e novas burocracias aos usuários.

Essa, pelo menos, é a avaliação da Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco). Tanto é que, segundo José Sestelo, vice-presidente da Abrasco, a proposta atende a interesses empresariais e dificulta o atendimento aos usuários. Isso, junto com o teto de gastos públicos, que limita recursos para o Sistema Único de Saúde (SUS), pode levar a uma grave crise no País. 

Para Sestelo, “a classe média não terá nem plano de saúde, nem SUS. Isso porque o plano de saúde bom vai ser caro, difícil de pagar, o plano barato vai ser insuficiente, e o sistema público estará sucateado. Então, no médio e talvez no curto prazo, teremos uma crise sanitária, uma crise assistencial de proporções gigantescas”.

De acordo com a proposta, juízes terão de consultar um profissional da saúde antes de obrigar a operadora a prestar o atendimento que havia negado ao beneficiário, com exceção de casos emergenciais. Quanto a próteses, órteses e equipamentos especiais, a operadora indicará três modelos. Hoje é definido direto pelo médico. Outra alteração determinante para usuários na última faixa etária, de 59 anos ou mais, é que o reajuste será dividido em cinco parcelas, pagas quando o beneficiário completar 59, 64, 69, 74 e 79 anos de idade.

A lei atual proíbe aumento a partir dos 60 anos. Na avaliação da Abrasco, as mudanças aumentam a burocracia e podem prejudicar o atendimento. A proposta também é criticada pelo Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec). A estimativa é que há no Brasil 47,6 milhões de consumidores de planos de assistência médico-hospitalar individuais, familiares e coletivos.

Para as empresas, as principais mudanças são multas mais brandas e redução das garantias patrimoniais exigidas. As multas passarão a ser proporcionais à infração cometida e limitadas a 10 vezes o valor do procedimento questionado. Hoje, o valor varia de R$ 5 mil a R$ 1 milhão. Em 2016, a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) aplicou R$ 1,27 bilhão em multas às operadoras.

O faturamento das operadoras de planos de saúde aumentou 12,8%, para R$ 158,3 bilhões, em 2016. Os custos, por sua vez, cresceram 14,4%, para R$ 125,5 bilhões, segundo dados da ANS. O setor encerrou o ano passado com lucro de R$ 6,2 bilhões, crescimento de 70,6% quando comparado a 2015. O fato é que, desde algumas décadas, quem pode banca plano de saúde privado e desconta o custo do Imposto de Renda da Pessoa Física (IRPF).

Mas planos de saúde aumentarem valores na idade em que as pessoas mais precisam de cuidados médicos é doloroso. Há pessoas que contribuem desde os 40 anos, e não podem, agora, ser penalizadas. 


 Fonte: Jornal do Commércio

segunda-feira, 27 de novembro de 2017

Balão de ensaio Luciano Huck só serviu para revelar seu ego



Ao se transformar em mais um ex-candidato de 2018, Luciano Huck pediu ajuda à mitologia grega, comparando-se ao Ulysses da Odisseia, mas fez marketing político escancarado.
Fingindo desconhecer as responsabilidades de seu amigo Aécio Neves -- e de si próprio -- no golpe de abril de 2016, 
que está na origem do descalabro atual, no artigo no qual anuncia a decisão de sair da campanha Huck defende, como ideia central, a tese de que o Brasil "é um país à deriva".
Na verdade, em quatro quatro eleições presidenciais realizadas no país desde 2002, a maioria dos brasileiros deixou claro o que quer, aprovando um mesmo projeto político, de distribuição de renda, desenvolvimento econômico e soberania nacional.
As pesquisas indicam que pretendem repetir a dose em 2018, votando em Lula. A dúvida real é só uma: saber se as forças "à deriva" no respeito à democracia e às liberdades, em grande parte alinhadas no apoio a Huck, irão permitir ao povo votar no candidato de sua preferência.
Confira o comentário em vídeo:
Fonte: 247

ELEONORA MENICUCCI APOIA O 247: TRINCHEIRA CONTRA O ESTADO DE EXCEÇÃO


quinta-feira, 23 de novembro de 2017

KÁTIA ABREU SOBRE EXPULSÃO DO PMDB: MINHA EXPULSÃO NÃO É PUNIÇÃO, É BIOGRAFIA

Jefferson Rudy/Agência Senado
Tocantins 247 - A senadora Kátia Abreu (sem partido-TO) mitou na noite desta quinta-feira 23 ao afirmar que sua expulsão do PMDB "não é punição, é biografia".
"Ficarei sem partido e vou conversar com a população do Tocantins e as lideranças sérias do país antes de decidir o que será melhor para o meu Estado e o Brasil", tuitou a parlamentar.
"A minha expulsão não é uma punição. É biografia. Lutei pela democracia no partido. Mas os corruptos venceram. Mas não por muito tempo.Vitoria de Pirro", postou ainda a senadora.
A punição veio da Comissão de Ética do PMDB, o mesmo partido que não tomou qualquer providência contra Eduardo Cunha, que governa o Brasil da cadeia, Geddel Vieira Lima, do bunker de R$ 51 milhões, e Henrique Alves, todos presos.
O motivo da saída: crítica de Kátia a Michel Temer, o primeiro ocupante da presidência da República a ser denunciado por corrupção na história do Brasil.
Confira nota divulgada pela senadora:
NOTA À IMPRENSA
A comissão de " ética " do PMDB decidiu pela minha expulsão do partido de Ulisses Guimarães e Tancredo Neves.
Fui expulsa exatamente por não ter feito concessão à ética na política.
Fui expulsa por defender posições que desagradam ao governo.
Fui expulsa pois ousei dizer não a cargos, privilégios ou regalias do poder.
A mesma comissão de " ética " não ousou abrir processo contra membros do partido presos por corrupção e crimes contra o país.
Fiquei no PMDB e não saí como queriam. Fiquei e lutei pela independência de ideias e por acreditar que um partido deve ser um espaço plural de debates. A democracia não aceita a opressão.
Hoje os membros da comissão de " ética " imprimiram na história do partido que lutou contra a ditadura, a mácula do sectarismo e da falta de liberdade.
Sigo na luta política.
Sigo com Ética.
Sigo sem medo e firme nos meus propósitos, pois respeito minha família, respeito o povo do Tocantins e do Brasil, que ainda acreditam que esse país pode ser melhor.

Kátia Abreu
Senadora

Fonte 247

segunda-feira, 20 de novembro de 2017

Será o início da decadência do império da Globo?


Montagem: Mídia Ninja
 
 


Um império não acaba repentinamente. Vai perdendo o seu poder e sua credibilidade lentamente: É o caso das organizações Globo, o império midiático erguido durante a ditadura militar e que passa pelo pior momento de sua história.

O mais recente episódio envolvendo a emissora aconteceu nesta terça-feira, 14 de novembro, quando uma das testemunhas de acusação chamadas a depor no julgamento sobre o escândalo envolvendo a Fifa (e o pagamento de propinas e o direito de transmissão de jogos) citou a TV Globo como um dos grupos de mídia participantes do esquema.

O denunciante, Alejandro Buzarco, foi executivo da Torneos y Competencias SA, uma empresa de marketing esportivo argentina. Além de ter citado a Rede Globo, ele apontou como participantes do esquema com a Fifa a empresa esportiva brasileira Traffic, de J. Hawilla, a mexicana Televisa, a Fox, a Full Play da argentina e a Media Pro da Espanha.

A Globo está sendo acusada de pagar R$ 15 milhões de dólares (cerca de 50 milhões de reais) para conseguir o direito de transmissão das Copas de 2026 e 2030.

O valor teria sido pago ao dirigente esportivo Julio Grondona.

Todo esse processo começou em 2010, quando a BBC divulgou denúncias de corrupção envolvendo empresas de marketing esportivo e três dirigentes do Comitê Executivo da Fifa: Ricardo Teixeira, então presidente da Confederação Brasileira de Futebol, Nicolas Leoz, presidente da Conmebol e Issa Hayatou. Naquele momento, a denúncia envolvia revenda de ingressos em várias edições da Copa do Mundo. Logo depois, em 2011, outra denúncia, desta vez do ex-presidente da Federação Inglesa de Futebol, apontou que houve tentativa de suborno de Leoz e Teixeira em troca de votar na Inglaterra para sede da Copa de 2018.

Em 2012, a Fifa divulgou que a ISL pagou suborno a João Havelange, ex-presidente da FIFA, da CBD, e para seu genro Ricardo Teixeira, entre 1992 e 1997. Aí já se entrava na seara dos direitos de transmissão dos eventos. Três anos depois, o FBI prendeu 7 dirigentes da Fifa sob acusação de organização mafiosa, fraude maciça e lavagem de dinheiro. Entre eles, o presidente da CBF, José Maria Marin.

De lá para cá as investigações prosseguem nos Estados Unidos, mas no Brasil o caso seguiu abafado e estacionado até esta segunda-feira, 13, com cara de sexta-feira 13 para os Marinho.
A denúncia ganhou uma grande repercussão internacional e nacional, e não pôde ser ignorada pelo império dos Marinho. E o que parecia impossível foi ao ar no Jornal Nacional dos dias 14 e 15 de novembro de 2017: William Bonner foi obrigado a noticiar uma denúncia contra a Rede Globo. A “reportagem”, divulgada no JN, é desdobramento de uma decisão da direção da empresa de não ignorar o assunto como em outros episódios. O G1 e O Globo também já tinham divulgado a notícia.

A divulgação veio junto com uma nota explicativa, reafirmando o compromisso da Globo com a luta contra a corrupção.

A Globo não é mais a mesma. Vários fatores fazem com que o maior conglomerado de mídia do Brasil veja seu poder escorrer por entre os dados.

Isso não significa que ela não continue poderosa. Ela continua interferindo nos rumos do país, impondo padrões e fazendo política explorando um bem público – que são suas concessões de rádio e televisão – para defender os interesses de uma elite econômica venal.

O que mudou?

Dentre muitos elementos que contribuem para abalar o reinado dos Marinho, vou me deter em três particularmente:

1. A polarização política dos últimos anos fez com que a Rede Globo e seus outros veículos tirassem o véu que lhes dava alguma imagem de imparcialidade e neutralidade.

A Globo entrou de cabeça na disputa política e se colocou como oposição aos governos Lula e Dilma e às políticas de distribuição de renda, de promoção de igualdade, de desenvolvimento nacional, de inserção soberana do Brasil no cenário internacional. A Globo militou contra os BRIC’s, contra as cotas raciais nas universidades, contra o Bolsa Família, contra o Mais Médicos, contra o Sistema Único de Saúde, contra as conferências de participação social, contra a política de conteúdo nacional para a cadeia de Petróleo e Gás, entre outros.

A Globo foi a voz pública em defesa do Golpe revestido de impeachment, convocou passeatas e organizou baterias de panelas, criminalizou a esquerda e deu ampla vazão ao discurso de ódio na sociedade.

O argumento que eles utilizaram para justificar suas posições era o do combate à corrupção. A Globo passou a ser, em estreita aliança com o Ministério Público Federal e com a Operação Lava Jato, o principal arauto em defesa da moral, da luta contra os corruptos e da desconstrução do Estado.

Essa postura continha, e ainda contém, um grau importante de risco: a exposição do seu eu verdadeiro. A Globo se mostrou de forma mais explícita e isso fez com que parte da sociedade percebesse que muito do que a Globo faz e fala não tem nada de apuração, ou tratamento de fatos: é opinião, é campanha, é militância política.

Isso fica muito explícito se visto algumas posições recentes da empresa: o misancéne da inauguração do novo cenário do Jornal Nacional, a campanha institucional lançada há 3 semanas, o afastamento de Willian Waack e, agora, a veiculação das notícias de denúncias envolvendo a Globo.

A Globo denunciando a Globo. Em menos de uma semana a Globo teve que lançar duas notas para dar explicações à sociedade brasileira.

2. A Globo passa por graves dificuldades financeiras… e não é de hoje.

A empresa não conseguiu fazer uma boa transição do seu modelo de negócios em face do desenvolvimento das novas tecnologias de informação, e perdeu espaço para novos players de mercado. Mesmo que ainda abocanhe a maior parte das verbas publicitárias do governo e parte significativa do mercado, a migração de publicidade para outros veículos impacta na empresa. Um dos blogs que tem divulgado há anos essas dificuldades é O Cafezinho.

Em 2013 a Globo precisou pagar uma dívida com credores norte-americanos. Para isso, fez a emissão de bonds no valor de 825 milhões de dólares, contra os quais precisou pagar juros anualmente ou semestralmente. Os bancos responsáveis pela conversão da dívida da empresa em bonds foram o Santander, o Itaú e o Bank of America.

No balanço da Globo para 2016, um número que chama a atenção é a redução do ativo em caixa, de R$ 3 bilhões para R$ 990 milhões.

Também a disputa por direitos de transmissão de eventos esportivos estão no centro dessa crise. A “concorrência” com outras emissoras de tevê, a entrada de novos atores como o Esporte Interativo ou gigantes da internet transmitindo jogos ao vivo. A Globo perde espaço, receita e publicidade.

3. A ampliação do papel da mídia alternativa, comunitária, popular, independente; que amplifica notícias que eram historicamente invisibilizadas, mas que agora não podem mais ser ignoradas, e acabam pautando os meios hegemônicos.

É cedo para dizer quais serão os desdobramentos dessa crise envolvendo a Globo. Seria muito precipitado dizer que trata-se de um tiro de misericórdia no império midiático. Mas é sem dúvida um abalo importante na sua imagem, que pode provocar rachaduras estruturais no seu monopólio.
Vamos acompanhar as cenas dos próximos capítulos.

Fonte: http://www.vermelho.org.br

FAVORES DE TEMER PARA SHELL MOSTRAM QUE É DEVER TRAVAR MP ENTREGUISTA

Além de indignar os 200 milhões de brasileiros, a descoberta do pacote de favores prestados pelo governo Temer à Shell e outras empresas britânicas para facilitar ainda mais o domínio externo sobre as reservas do pré-sal ajuda a iluminar aspectos necessários a defesa dos interesses do país.
O benefício é jogar luzes sobre num debate que ocorre na surdina, no Congresso, que irá ter consequências -- um pouco mais, um pouco menos nefastas -- para o destino do país.
Neste momento, Temer tenta aprovar uma Medida Provisória, de número 795, que pretende escancarar o mercado brasileiro de máquinas e equipamentos para a indústria do petróleo. Num ponto que divide os parlamentares, empresários e demais setores interessados na preservação do que ainda sobrevive como parque industrial no país, a mudança prevista pela MP envolve a isenção de impostos para compras no exterior, criando um sistema com distorções bem conhecidas contra a indústria, o emprego e até as contas públicas.
Uma tragédia previsível desde que Temer organizou a entrega do pré-sal mas que agora começa a ser detalhada. Para começar, a MP coloca uma segunda pá de cal no regime de conteúdo local que protege a indústria, que passaria a enfrentar a concorrência de equipamentos e maquinas trazidas para cá sem pagamento de impostos -- muitas vezes, produzidas pelas próprias petroleiras estrangeiras. O passo seguinte implica na redução de empregos de qualidade, numa conjuntura que dispensa comentários.
Num momento em que o governo não para de ameaçar todo cidadão brasileiro com cortes em políticas públicas de interesse da população, a MP desmascara as verdadeiras prioridades. Se for aprovada, irá implicar num rombo tributário estimado em R$ 40 bilhões por ano -- quantia equivale a uma vez e meia os gastos com o Bolsa Família, por exemplo. Ou dois terços dos gastos com aposentadorias militares, excluídas do projeto de reforma da previdência. 
Deslocando-se em vários pontos do país para debater a MP 795, José Velloso, presidente da Associação Brasileira de Máquinas e Equipamentos (Abimaq) tem denunciado o artigo 5o. da MP porque "isenta os impostos de importação de qualquer bem para a indústria de exploração e produção de petróleo e isso vai prejudicar a indústria naval."
Pela emenda número 12, apresentada no Congresso pela bancada de parlamentares alinhados com a defesa da indústria, mantém-se a cobrança de impostos para os produtos importados quando existe similar nacional -- tratamento padrão, em todo o mundo, desde o surgimento dos Estados nacionais e da compreensão de que economias em graus diferenciados de desenvolvimento devem receber tratamentos diferenciados. "Dar tratamento igual para produto nacional e importado é beneficiar o importado", afirma Cesar Prata, diretor da ABIMAC.
Com a revelação do Guardian, apontando para um ambiente de promiscuidade incompatível com autoridades que tem a obrigação constitucional de zelar pela riqueza e pela soberania do país, a natureza vergonhosa das tratativas para entrega do pré-sal fica mais clara do que nunca. Consolida a visão de que tudo não passou de um caso clássico de "receptação de mercadoria roubada", traduzida como "receptação culposa" nos textos jurídicos, como define o professor Gilberto Bercovici, titular de Direito Econômico e Economia Política da Faculdade de Direito da USP. Para Bercovici, a venda do pré-sal ocorreu em condições tão absurdas como a venda de um relógio Rolex, na praça da Sé em São Paulo, "por um preço que não compatível com a normalidade do mercado nem por um vencedor autorizado".
Já era possível saber disso desde a venda do pré-Sal. As notícias recentes acrescentam um ambiente intolerável de falta de respeito pelas riquezas do país e pelo destino das próximas gerações. "Vamos voltar ao país anterior a Vargas e a Revolução de 1930", afirma Pedro Celestino, presidente do Clube de Engenharia. 
Fonte: www.brasil247.com

QUATRO PARTIDOS SE LEVANTAM CONTRA O GOLPE PARLAMENTARISTA

Em nota conjunta, os presidentes de quatro partidos – Carlos Lupi, do PDT, Carlos Siqueira, do PSB, Gleisi Hoffmann, do PT, e Luciana Santos, do PCdoB – protestam contra a mais recente manobra para aprofundar o golpe de 2016, que é a colocação em pauta, pelo ministro Alexandre de Moraes, de uma discussão sobre uma eventual emenda parlamentarista no Supremo Tribunal Federal.
Se essa ideia vingar, a turma de Michel Temer poderá se perpetuar no poder, mesmo tendo 95% de rejeição dos brasileiros.
Confira abaixo:
NOTA DOS PARTIDOS POLÍTICOS
EM DEFESA DA DEMOCRACIA E DA SOBERANIA POPULAR

• A repentina inclusão, na pauta do STF, de uma ação para definir se o Congresso tem poderes para adotar o sistema parlamentarista, sem consultar a população em plebiscito, é o primeiro passo de mais um golpe contra a democracia e a soberania popular no país.
• Trata-se de um movimento acintosamente estimulado pelo governo golpista, para impedir que um presidente legitimamente eleito pelo povo assuma o governo com os plenos poderes previstos na Constituição, como foi decidido duas vezes em plebiscitos nacionais (1963 e 1993).
• Cientes de que não conseguirão se manter pelo voto popular, as forças que sustentam o governo golpista pretendem evitar, a qualquer custo, a retomada do processo democrático, para continuar implementando sua agenda de retrocessos, de retirada de direitos e de entrega do patrimônio nacional.
• É urgente denunciar e enfrentar mais este golpe, motivo pelo qual nossos partidos constituem uma Frente em Defesa da Democracia, com o objetivo de garantir eleições livres e democráticas, com a participação de todas as forças políticas.
• Quem propõe a mudança do sistema de governo tem de enfrentar esse debate com o povo, por meio de plebiscito, e não por conchavos políticos e manobras judiciais.
• Só por meio de eleições livres e democráticas teremos um governo com a necessária legitimidade para superar a grave crise econômica, social e política em que o país se encontra, retomar o desenvolvimento com justiça social, a geração de empregos e a defesa do patrimônio nacional.
Carlos Lupi, presidente nacional do PDT
Carlos Siqueira, presidente nacional do PSB
Gleisi Hoffmann, presidenta nacional do PT
Luciana Santos, presidenta nacional do PCdoB

Fonte: www.brasil247.com

MALA DE DINHEIRO NÃO É PROVA CONTRA TEMER, DIZ NOVO CHEFE DA PF


O novo diretor-geral da Polícia Federal, Fernando Segóvia, criticou a investigação da Procuradoria Geral da República sobre a prática de corrupção por parte de Michel Temer no caso da JBS.
"A gente acredita que, se fosse sob a égide da Polícia Federal, essa investigação teria de durar mais tempo porque uma única mala talvez não desse toda a materialidade criminosa que a gente necessitaria para resolver se havia ou não crime, quem seriam os partícipes e se haveria ou não corrupção", afirmou o chefe da PF em entrevista coletiva nesta segunda-feria, 20. 
A mala a que Segóvia se refere foi um dos pilares da denúncia oferecida pela PGR contra o presidente por corrupção passiva. A acusação foi barrada pela Câmara em agosto.
"É um ponto de interrogação que fica hoje no imaginário popular brasileiro e que poderia ser respondido se a investigação tivesse mais tempo", completou.
Temer foi denunciado por Rodrigo Janot, então procurador-geral, por corrupção passiva, obstrução de Justiça e organização criminosa em decorrência da delação de Joesley Batista.
Fonte: www.brasil247.com

domingo, 19 de novembro de 2017

Lula sobre pré-candidatura de Manuela: Vamos para a rua juntos



Richard Silva
 
 
























"Qualquer partido de esquerda que quiser lançar candidato, que lance. Agora, se tiverem coragem a gente vai pra rua junto", enfatizou Lula, reforçando que a candidatura de Manuela, como a de qualquer outro candidato é legítima. "Além disso, se não fosse a minha teimosia e a do PT, a gente nunca teria chegado à Presidência da República", destacou.

"Manuela, não pense que pelo fato de você ser pré-candidata, vai gerar alguma rusga entre mim e você ou o PCdoB. A única coisa que vocês poderão estranhar daqui pra frente, é um belo dia eu começar a ir nos comícios da Manuela", brincou.

Para ele, é preciso "pensar cada vez mais qual é a proposta que vamos fazer para a sociedade brasileira". "Uma campanha no atual momento tem que ter novos sonhos e vai ter mais credibilidade quem tem legado para defender. E o PT e o PCdoB tem legado para defender", frisou o ex-presidente.

Luciana Santos, presidente do PCdoB e deputada federal por Pernambuco, agradeceu a presença de Lula e destacou que ele é um aliado histórico do partido. "Garantir o direito da candidatura de Lula é defender a democracia. Estaremos juntos construindo saídas para o Brasil", declarou.

Para Manuela, a participação de Lula no ato foi a reafirmação da tese defendida pelo PCdoB. "Somos partidos diferentes e as candidaturas desses partidos são legítimas, mas temos muito em comum e construímos um passado comum de um Brasil mais desenvolvido do que o que nós vivemos agora", afirmou.

A presidente do PT e senadora Gleisi Hoffmann, que também compareceu ao ato, disse que o clima é de "resistência e de luta". 

"O PCdoB tem clareza do papel que representa nesse contexto da luta democrática. O que a gente sente é que a militância está muito aguerrida, com muita vontade de fazer o enfrentamento e isso é muito bom. E o lançamento da candidatura da Manuela também contribui para que a gente aprofunde o debate no nosso campo de esquerda. Tenho certeza que caminharemos juntos, independentemente das candidaturas, num projeto de defesa do nosso país e da nossa soberania. Literalmente juntos", frisou.

Ao iniciar o seu discurso, Lula fez questão de manifestar a gratidão pelo partido. "Desde a primeira campanha, em 89, a aliança que nós montamos com o PCdoB a partir da representatividade do companheiro João Amazonas, sempre nos honrou. Tanto honrou que a nossa aliança perdura há 30 anos", disse.

Para Lula, o governo Temer promove o desmonte do estado e classificando como "usurpadores". "Não tem compromisso com o povo. O compromisso deles é com o mercado", salientou. 

"Cheguei a sonhar que o Brasil hoje seria a 5ª maior economia do mundo. Estava tudo preparado. O Brasil era protagonista internacional. Era respeitado pelos EUA, pela Europa. Era querido pela África e América Latina e respeitado pela Rússia e pela China", lembrou Lula.

Lula frisou que o governo do golpe é "fraco". "A fraqueza dele faz com que se submeta aos interesses do mercado e atenda a tudo que eles pedem". disse. 

Lula denunciou que a reforma trabalhista e da tentativa de reforma da Previdência está acontecendo concomitantemente com o desmonte da Petrobras, que não é simplesmente uma indústria de petróleo, mas responsável pelo desenvolvimento do país. 


Do Portal Vermelho

Argentina detecta chamadas de emergência do submarino perdido


Reuters
Os sinais detectados renovam as esperanças na busca pela embarcação com 44 tripulantes
Os sinais detectados renovam as esperanças na busca pela embarcação com 44 tripulantes


A comunicação com as bases “não chegou a se completar e trabalhamos agora para captar a localização precisão do emissor”, informou o Governo argentino. As tentativas fracassadas foram feitas entre as 11h e as 15h deste sábado e duraram entre quatro e 36 segundos. Isso “indicaria que a tripulação está tentando fazer contato”, observou a Defesa.

O Governo da Argentina atua com a ajuda de uma empresa norte-americana especializada em comunicação por satélite para analisar os dados que possibilitem definir a localização dos sinais e, eventualmente, o resgate dos tripulantes. Em mensagem no Twitter, o ministro da defesa, Oscar Aguad, não escondeu seu entusiasmo: “Estamos trabalhando arduamente para localizá-lo e transmitimos uma esperança às famílias dos 44 tripulantes: em breve elas poderão tê-los em suas casas”.

A busca pelo submarino se tornou uma causa nacional. A principal hipótese da Marinha é que a embarcação teve algum problema elétrico e por isso perdeu sua capacidade de comunicação. Foi descartada, até agora, a hipótese da ocorrência de um incêndio a bordo; acredita-se que o ARA San Juan ainda está em movimento, navegando em direção ao deu destino, como prevê o protocolo em casos assim. As chamadas via satélite corroboram essa hipótese. “Não se tem nenhum sinal grave do submarino. Ele simplesmente parou de se comunicar”, disse o porta-voz da Marinha argentina, Enrique Balbi. Quando emitiu as suas últimas coordenadas, a embarcação estava realizando operações de controle de pesca clandestina a cerca de 400 quilômetros da costa, na altura do Golfo San Jorge, entre Puerto Deseado e Comodoro Rivadavia, na Patagônia argentina.

A Marinha já perscrutou a superfície de 80% da região onde a embarcação poderia estar, até o momento sem êxito. Para isso, utilizou duas corvetas, um destroier, um avião Tracker e um B-200 de vigilância. Além disso, aceitou a ajuda oferecida pelos Estados Unidos, Reino Unido, Chile, Brasil e Uruguai. O Governo de Donald Trump enviou de El Salvador um avião marítimo P-84 Poseidon, preparado para “apoiar um amplo leque de missões em grandes volumes de água, incluindo operações de busca e resgate sob a superfície”, segundo nota divulgada pelo Comando Sul.

A situação emergencial impôs até mesmo um parêntese nas divergências diplomáticas entre a Argentina e o Reino Unido em relação à soberania das ilhas Malvinas: Londres enviou à região das buscas um Hércules que fica baseado no arquipélago. Em comunicado, a Marinha Real britânica anunciou, além, disso, o envio do quebra-gelos HMS Protector, que fica estacionado nas ilhas Georgias do Sul. “Estamos avançando o mais rapidamente possível para a região das buscas”, afirmou seu capitão, Angus Essenhigh.

Longa espera em Mar del Plata

As redes sociais se transformaram em veículo para amplas correntes de orações pelos 44 marinheiros. Até mesmo o papa Francisco expressou solidariedade com seus compatriotas. Por intermédio do bispo militar, monsenhor Santiago Olivera, o Sumo pontífice expressou “sua fervente oração” e pediu que “se faça chegar a seus familiares e às autoridades militares e civis desse país a sua proximidade neste momento difícil”.

O porto de Mal del Plata, na província de Buenos Aires, destino inicial do ARA San Juan, se tornou um ponto de peregrinação de pessoas que procuram informações, rezam e se apoiam umas nas outras. É o caso de Marcela Moyano, mulher de Hernán Rodríguez, chefe de máquinas do submarino. “É angustiante, uma mistura terrível de sentimentos, embora todas as famílias saibam que os tripulantes são muito experientes. Quero meu marido de volta”, disse Moyano à jornalistas. Alfredo, pai de Franco Espinoza, também membro da tripulação, disse ter tido conhecimento dos problemas na embarcação “ouvindo o rádio”. “Nunca vivenciamos uma incerteza como esta. Eu falei com o meu filho antes da viagem e ele não comentou nada sobre problemas ou alguma coisa esquisita na embarcação”.

O ATA San Juan é um dos três submarinos que a Marinha argentina possui. Fabricado em 1985 na Alemanha, tem propulsão elétrica a diesel convencional e carrega a bordo 960 baterias. Entre 2007 e 2014, o Governo de Cristina Kirchner efetuou uma revisão no submarino a fim de ampliar a sua vida útil por mais 30 anos.



Fonte: El País

Consciência negra é coisa de preto?

Uma data para celebrar a negritude vai de encontro ao ideário de embranquecimento, que busca expurgar o sangue negro e limpar a raça brasileira
Uma data para celebrar a negritude vai de encontro ao ideário de embranquecimento, que busca expurgar o sangue negro e limpar a raça brasileira


Afinal, por que precisamos do Dia da Consciência Negra? E consciência negra é só pra negros? Qual a dificuldade em entender o sentido da data? Perguntas oportunas, necessárias, especialmente quando se percebe que alguns setores sempre ameaçam se rebelar contra o feriado e ainda há cidades que o revogam sem o menor constrangimento.

Gostaria muito que me dissessem por que Zumbi, que assim como Tiradentes é um herói nacional, não merece um feriado. E gostaria mais ainda de ver um presidente da República fazer História e decretar o Dia da Consciência Negra feriado no Brasil inteiro. Seria uma medida emblemática que daria não só a dimensão do legado de Palmares, mas colocaria no patamar adequado a história de luta e resistência do povo negro deste País. Nas palavras cantadas por Luís Carlos da Vila: "é preciso a atitude de assumir a negritude pra ser muito mais Brasil!" Mas se fosse simples já estaria feito.

Além dos quilombos remanescentes, há territórios negros que continuam evocando a herança de Palmares. São espaços de preservação e disseminação cultural, como os terreiros de Candomblé, afoxés, maracatus e escolas de samba. Nesses territórios, a memória coletiva segue viva e é essencial para a construção das identidades negras, que, na maioria das vezes, permanecem na triste condição da invisibilidade ou, mais grave, são combatidas pela sociedade e pelo poder público.

Assumir uma data para celebrar a negritude vai de encontro ao ideário de embranquecimento, que busca expurgar o sangue negro e limpar a raça brasileira. É a mesma ideologia que cria e sustenta a ilusão de que não existe racismo no Brasil e que serve como base para muitos argumentos que questionam a necessidade e a importância do Dia da Consciência Negra. No fundo, a estratégia de fragmentar sua identidade e dificultar que o povo negro atue enquanto grupo tem sido a consequência mais perversa do mito da democracia racial.

Quando dizem, por exemplo, que “alma não tem cor”, “precisamos de consciência humana, não de consciência negra”, “a questão é social”, percebe-se claramente que não conhecem a dimensão do problema. Mais da metade da população brasileira convive com a exclusão e a vulnerabilidade. Não se trata apenas de denunciar uma situação social gravíssima, mas de reconhecer que é a exclusão e não a presença do negro o fator determinante no entrave e no baixo desenvolvimento do país, ao contrário do que se propagou desde o fim da escravidão.

Nos últimos tempos, denunciar o racismo, o machismo, a intolerância religiosa ou a homofobia virou “vitimismo”. Esse neologismo infame, além de mostrar a superficialidade dos discursos, dilui o sentido da exclusão e da desigualdade que, de fato, determinam os lugares sociais de negros e de outras minorias, comprovando que existe uma elite que pretende manter as coisas como estão, aliás, como sempre foram.

Quando negros e negras denunciam situações de racismo, muitas vezes são “confortados” com certas frases feitas, do tipo: “mas você é um moreno lindo”; “mas você tem que ser superior a isso”, “a cor da pele não quer dizer nada”, ou ainda “isso é coisa da sua cabeça”, “você tem complexo de inferioridade”. Não se pode esquecer que quem sofre o racismo é o corpo negro, porque é impossível despir-se da própria pele. Portanto, é o corpo negro que toma tiro, é o corpo negro que não se vê representado, é o corpo negro que não tem oportunidade, é o corpo negro que vira estatística.

Disfarçar o racismo com esse negócio de “consciência humana” é o mesmo que revigorar o mito da democracia racial e condenar o povo negro a outros séculos de exclusão e desigualdade. A consciência tem que ser negra, e antes que qualquer um venha falar do que é justo ou injusto, vistam minha pele. Se alma tem cor, apesar de sacerdote, eu realmente não sei, até porque não é a alma que toma tiro da polícia, não é a alma que não recebe oportunidade de emprego, não é a alma que leva pedrada e apanha quando ousa carregar as insígnias dos orixás, não é a alma que só se vê como subalterno nas novelas da tevê.

O corpo tem cor, os símbolos da religião negra têm cor. O corpo e a cultura do negro são discriminados, olhados com toda carga de preconceito. Antes de falarmos em consciência humana ou dizermos que alma não tem cor, temos que ter a boa vontade de compreender e de vencer racismo velado, que sempre faz questão de dizer que a luta do povo negro não tem sentido.

Há negros de todas as cores. Existem, porém, muitos negros que não sabem que são negros. Mais do que necessária, a consciência negra é uma condição para impedir que nossa sociedade racista aponte do pior jeito a cor da nossa pele, nossos traços ou nossa origem (por exemplo, jogando bananas para jogadores de futebol que nem se autodeclaravam negros). Além disso, uma vez forjados de orgulho e resistência, podemos reagir ao racismo sem permitir que determinem nosso lugar no mundo.

Neste país, todo negro é um sobrevivente. Sobrevivemos a toda sorte de adversidade, ao descaso, à violência, à miséria, às doenças, às piores condições de trabalho, aos piores salários, à falta de assistência, à discriminação. Sobrevivemos à escravidão, ao massacre da nossa cultura, à perseguição da nossa religião, a humilhações históricas e cotidianas.

Precisamos do Dia da Consciência Negra para que todos os brasileiros possam pensar no país que querem construir. Precisamos deste dia para simplesmente celebrar o orgulho do povo negro: o orgulho de ter sobrevivido!



Fonte: Carta Capital

Há meio século, o Brasil perdia Guimarães Rosa



Naquele mês de novembro de 1967, os jornais da época destacavam o fato de que, em uma mesma semana, a filha do autor mineiro, Wilma Guimarães Rosa, lançaria seu primeiro livro, Acontecências, no dia 13, e três dias depois, seu pai tomaria posse na ABL.

“Eram duas maravilhosas acontecências em nossas vidas, eu lançando meu primeiro livro e meu pai tendo o coroamento da carreira literária dele. Infelizmente, para nossa tristeza, no domingo, Dia da Bandeira que ele tanto reverenciava, Deus o chamou. Foi uma semana que começou linda, mágica, entusiasmante, e terminou de um modo trágico para todos nós, família, amigos, leitores, admiradores. Porém, resta o consolo da frase que meu pai proferiu, junto com o discurso de posse na Academia Brasileira de Letras: as pessoas não morrem, ficam encantadas”, relembra Wilma, em depoimento na página do Facebook da editora Nova Fronteira, há três décadas responsável pela publicação da obra de Guimarães Rosa.

Em vários pontos do país, homenagens estão programadas para lembrar a data. Em Belo Horizonte, a Praça Guimarães Rosa, no bairro Cidade Nova, será reinaugurada neste domingo (19), passando a contar com uma estátua do autor. Também neste domingo, em São Paulo, a Livraria da Vila, no bairro dos Jardins, recebe atores, entre eles Lima Duarte, para leituras de trechos do romance Grande Sertão: Veredas; a escritora Noemi Jaffe dá uma palestra sobre o autor no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB) da capital paulista.

Já no CCBB do Rio de Janeiro a homenagem será em janeiro de 2018, quando o centro cultural receberá o espetáculo/instalação Grande Sertão: Veredas, da diretora Bia Lessa. O espetáculo marca o reencontro de Bia com a encenação teatral – sua última peça foi Exercícios nº 2: formas breves, em 2009 – e com a obra do escritor mineiro: em 2006, ela foi a responsável pela exposição com o mesmo título do romance que inaugurou o Museu da Língua Portuguesa, em São Paulo.

Travessia

Nascido em Cordisburgo (MG), em 27 de junho de 1908, João Guimarães Rosa se mudou aos 10 anos para Belo Horizonte, onde se formou em Medicina em 1930 e começou a trabalhar como capitão médico da Força Pública do Estado de Minas Gerais. Um ano antes da formatura, porém, ele já havia tido sua estreia literária, com a publicação na revista O Cruzeiro do conto O mistério de Highmore Hall.

Em 1936, a coletânea de versos Magma, obra inédita, recebe o Prêmio Academia Brasileira de Letras, com elogios do poeta Guilherme de Almeida (1890-1969). Nessa época, Guimarães Rosa já havia iniciado a carreira de diplomata, na qual ingressara por concurso em 1934.

Ao longo das duas décadas seguintes, foi sucessivamente cônsul em Hamburgo, na Alemanha; secretário de embaixada em Bogotá, na Colômbia; chefe de gabinete do ministro João Neves da Fontoura (a quem viria a suceder, na ABL), e representante brasileiro em conferências de Paz e da Unesco, em Paris. Em 1951, voltou ao Brasil e foi nomeado novamente chefe de gabinete do chanceler João Neves da Fontoura, e depois chefe da Divisão de Orçamento (1953) e do Serviço de Demarcação de Fronteiras do Itamaraty.

Paralela à carreira de diplomata, a de escritor já lhe havia garantido lugar de destaque na literatura brasileira desde 1946, com a publicação do livro de contos Sagarana. As inovações na linguagem, a estrutura narrativa e a riqueza nos simbolismos são características que marcam o novo significado da temática regionalista na literatura brasileira, trazido pelos contos de Guimarães Rosa.

Em 1952, o escritor fez uma longa excursão a Mato Grosso, que o colocou em contato com os cenários, os personagens e as histórias que ele iria recriar em sua obra-prima, o romance Grande Sertão: Veredas , lançado em 1956, juntamente com o ciclo novelesco Corpo de Baile . Indiscutivelmente um dos mais importantes textos da literatura brasileira e mundial, o livro foi o único brasileiro, entre obras de escritores de 54 países, a ser incluído em um ranking publicado em 2002 na Noruega dos 100 melhores romances do mundo.

Na tarefa de experimentar e recriar a linguagem literária, Guimarães Rosa inventou vocábulos, utilizou arcaísmos e palavras populares e recorreu a inovações semânticas e sintáticas. Primeiras Estórias (1962), Campo Geral (1964) e Tutaméia – Terceiras Estórias (1967) foram outras obras desse escritor universal, traduzido e publicado em diversas línguas, adaptado para o cinema e a televisão e detentor de vários prêmios literários.



Fonte: Agência Brasil