À frente da Bancada Comunista, o deputado Daniel Almeida (BA) conta como o PCdoB decidiu apoiar o deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ) para a Presidência da Câmara em 2017 e 2018. O parlamentar destaca que não há “ilusão” em relação ao perfil de Maia. Há a avaliação de que a permanência dele na Mesa amplia a possibilidade de haver mais respeito às minorias e ao Regimento.
Por Marciele Brum, do PCdoB na Câmara
Foto: Richard Silva
Líder comunista concede entrevista ao PCdoB na Câmara
“Neste momento delicado, pequenas conquistas podem favorecer muito a capacidade de resistência. Estamos numa fase de derrotas. O retorno dos atropelos e artimanhas do Centrão e de Cunha seriam uma tragédia para o Parlamento e a democracia brasileira”, afirma Daniel Almeida sobre a candidatura de Jovair Arantes (PTB-GO). A seguir, leia os principais trechos da entrevista concedida ao PCdoB na Câmara nesta quarta-feira:
Qual será a posição da Bancada Comunista na eleição para a Presidência da Câmara?
O PCdoB e sua Bancada tomaram a decisão de apoiar a candidatura do deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ) para a Presidência da Câmara. Foi uma decisão amplamente debatida e refletida na direção do partido, nos fóruns partidários e na Bancada. Leva em conta o momento político que estamos vivendo e a necessidade de resgatar o papel do Poder Legislativo na democracia, que está muito fragilizado.
O que o Partido pesou nesta decisão?
É indispensável que esse esforço de resgate se dê reconhecendo a necessidade de cumprir os ritos, o Regimento da Casa, respeitando as minorias. Não pode haver atropelos, como foi a prática do período anterior [gestão Eduardo Cunha]. As matérias devem ser debatidas no tempo necessário com as portas da Câmara abertas para acompanhamento e participação popular.
O que está jogo nesta disputa?
Nesta eleição, não está em jogo marcar posição, nem fazer a disputa entre esquerda e direita. Não é uma disputa entre golpistas e não golpistas. O próprio PT apoiou para presidente do Senado um nome do PMDB que foi favorável ao impeachment da presidenta Dilma Rousseff. O Parlamento é composto por todas as forças que o eleitor, por meio do voto, coloca aqui. A direção do Parlamento deve refletir este conjunto de forças. Os debates devem ser feitos respeitando a diversidade dessas forças políticas.
Por que Maia oferece melhores condições de resistência ao governo Temer?
Há um compromisso de funcionamento da Mesa da Câmara e do exercício da Presidência, com base no respeito às minorias, ao debate e ao Regimento da Casa. Esse compromisso já foi praticado nestes meses em que Rodrigo Maia esteve à frente da Câmara. Há, sem dúvida, diferença entre a posição política que ele adota e o papel de presidente.
A Bancada do PCdoB se mantém firme no combate ao presidente ilegítimo Michel Temer?
Não haverá nenhuma mudança em relação à nossa posição política. Continuaremos contundentes na oposição ao governo, na defesa da retomada da legitimidade do voto popular por meio da eleição direta. Não faremos nenhuma concessão na resistência à agenda que o governo tem encaminhado ao Legislativo. Lutaremos ainda mais contra a Reforma da Previdência e Trabalhista.
Qual é o objetivo do bloco PT-PDT-PCdoB, formalizado nesta quarta-feira?
O objetivo é continuarmos juntos nesta resistência à agenda golpista na Câmara. Este é o tema que está acima da disputa pela Presidência da Câmara. Esse bloco demonstra essa forte articulação de oposição a Temer.
Se o PCdoB escolhesse outra candidatura, iria inviabilizar a resistência ao rolo compressor dos golpistas?
Fazer o debate nesta Casa com o atropelo das votações, como ocorreu no passado, dificulta muito a capacidade de resistência das ruas, da sociedade civil organizada e das instituições. No rolo compressor, isso é pautado e votado sem debate. Firmamos o compromisso com o candidato Rodrigo Maia de que isso não acontecerá. Fica mais favorecida a luta, quando se abre as portas do Parlamento para a discussão das matérias no tempo necessário. Manter o caráter plural do Legislativo é fundamental.
A pulverização de candidaturas beneficia o candidato de Cunha, o deputado Jovair Arantes (PTB-GO)?
A candidatura de Maia alcançou uma amplitude grande como alternativa, mas o Centrão continua vivo. Eduardo Cunha continua ativo para tentar impedir que esse caminho que a Câmara quer percorrer continue. Temos de estar atentos. Mesmo na prisão, temos a confirmação da ação de Cunha. A candidatura de Jovair representa esta busca da rearticulação do Centrão. A pulverização de candidaturas acaba servindo a esse objetivo ao estimular um segundo turno. Isso aumenta o volume de barganhas e chantagens que temos de sepultar nesta Casa.
O que significa uma vitória do chamado Centrão?
Não podemos aceitar que Cunha continue tendo um representante seu sentado à Mesa da Câmara. Não temos ilusão sobre o perfil de Maia, mas, neste momento delicado, pequenas conquistas podem favorecer muito a capacidade de resistência. Estamos numa fase de derrotas e de fragmentação nos movimentos. O retorno dos atropelos e artimanhas do Centrão e de Cunha seriam uma tragédia para o Parlamento e a democracia brasileira.
Fonte: PCdoB na Câmara
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