A presidenta eleita Dilma Rousseff classificou como um “escândalo” e “um absurdo” a denúncia feita pelo chanceler uruguaio, Rodolfo Nin Novoa, de que o chanceler interino do Brasil, José Serra, tentou comprar o voto do Uruguai no Mercosul para se posicionar contra a presidência da Venezuela no bloco.
Ricardo Stuckert Filho
“É impossível um chanceler brasileiro tomar aquela atitude em relação a um chanceler uruguaio. O Brasil não pode se dar ao luxo de achar que compra algum país. Nós não somos imperialistas, nunca fomos. Nós não podemos tratar países dessa forma”, disparou Dilma, em encontro com movimentos de mulheres no Palácio da Alvorada. ”Isso é um dado. O estrago foi feito. Tem outros estragos sendo feitos”, completou.
Ela reforçou ainda, no evento desta quarta-feira, sua ida ao Senado para apresentar sua defesa antes do julgamento final do processo de impeachment. “Diziam que eu não iria ao Congresso falar aos senadores. Erraram. Eu vou”, confirmou a presidenta. “Falarei aos senadores com o respeito que eles merecem”, acrescentou, arrancando risos.
“Em relação à conduta deles, não tenho nenhum temor. Acredito que diante dos olhos do mundo, será importante que o Senado brasileiro honre a sua tradição histórica”, declarou.
“Por isso que no dia 29 às 9 horas eu comparecerei ao Senado. Mas não exclusivamente para fazer a minha defesa, mas a defesa do que eu represento”, afirmou, citando como exemplo “as mulheres desse país”, “os negros, os índios, todas as populações marginalizadas, os sem-terra, a classe média e os trabalhadores”.
A presidenta fez ainda a defesa de políticas públicas implementadas na sua gestão, no sentido de combater a desigualdade. E alertou para a possibilidade de que, caso o impeachment se concretize, a redução da concentração de renda seja revertida.
“Alguns programas nossos são emblemáticos, porque tinham como base a questão do combate à desigualdade. O mundo todo hoje está discutindo a questão da desigualdade. É assustador que haja uma enorme concentração de riqueza. (...) O que fizemos nesses 13 anos foi impedir que a desigualdade continuasse sendo o que sempre foi. (..) E o que temo é que, se houver golpe, a tendência à desigualdade que tínhamos revertido volte com força total.”
De acordo com Dilma, se não acontecer o impeachment, por outro lado, haverá um enorme caminho pela frente, “porque, em dois meses e meio, operaram uma enorme desconstrução, não só acabando com alguns ministérios, mas desmontando programas inteiros”, disse.
Do Portal Vermelho, com Brasil 247
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