quinta-feira, 7 de julho de 2016

Cunha: Deputados acham que renúncia pode ser parte de um "acordão"



Deputada e líder da minoria, Jandira Feghali (PCdoB-RJ)
Deputada e líder da minoria, Jandira Feghali (PCdoB-RJ)

A deputada Jandira Feghali (PCdoB-RJ), líder da minoria na Câmara, classificou a renúncia como “uma vitória do povo brasileiro”. “Para quem disse que nunca iria renunciar, isso é um ato de fragilidade. O fato dele renunciar demonstra que ele não tem mais força para tentar voltar”, avaliou a deputada fluminense.

Para Jandira, apesar de considerar uma vitória, a saída de Cunha foi tardia, porque ele já estava afastado da presidência da Casa desde maio e está às vésperas de ser cassado. 

A deputada também não descarta a possibilidade de a renúncia fazer parte de um grande “acordão”, entre Temer e Cunha para se beneficiarem do processo.

“Ao mesmo tempo que isso é uma vitória, pode maquiar um acordo que obviamente ele tem com Michel Temer e com parte da Casa para tentar acelerar um outro presidente que o favoreça no processo de cassação”, frisou a parlamentar. 

De acordo com alguns parlamentares, a renúncia de Eduardo Cunha foi moeda de troca acertada com Michel Temer. Isso por conta do parecer apresentado nesta quarta-feira (6) pelo deputado Ronaldo Fonseca (Pros-DF) que acatou parcialmente o recurso de Cunha à Comissão de Constituição e Justiça (CCJ).

Dentre outras considerações, Fonseca se posicionou favoravelmente à anulação da votação do Conselho de Ética que aprovou a cassação do mandato de Cunha, por 11 votos a 9, no último dia 14 de junho.

A deputada Jandira Feghali afirma que, “apesar de achar que ele não tem chance de se salvar, é óbvio que por trás disso tem um acordão para tentar salvá-lo”.

Rei das manobras

Sobre a declaração de Cunha de que foi “vítima de uma perseguição política, Jandira rebateu: “Ele é que fez uma vingança para pedir o impeachment. E na medida em que as provas contra ele ia ficando cada vez mais robustas o discurso dele é o da perseguição. Não tem jeito do Conselho de Ética votar diferente do que votou e nem do plenário votar diferente de uma cassação”.

A também deputada Jô Moraes (PCdoB-MG) disse que Cunha foi “vítima de sua prepotência”.

“Cunha foi vítima da prepotência com que ele tratou a coisa pública, não só dos recursos públicos como das instituições. E a sua prepotência o levou a cometer os maiores desatinos legais, institucionais e regimentais, imaginando que seu poder era eterno”, analisou.

Segundo Jô Moraes, Cunha foi um dos personagens que mais contribui para a destruição da democracia, do Estado Democrático de direito, da instabilidade institucional.

“Comemoramos, mas temos que estar atentos porque essa renúncia pode ser uma forma dele conseguir manter o mandato contribuindo para a sua impunidade e ainda tentar eleger um presidente da Casa que preserve o seu poder”.

O deputado Wadih Damous (PT-RJ) enfatizou que a renúncia à presidência da Câmara dos Deputados é apenas um passo. “Mas que fique claro que para a sociedade brasileira isso é insuficiente. Fruto de um acordo, essa manobra não pode apagar e não apagará os crimes cometidos contra a democracia, de corrupção, lavagem de dinheiro e quebra de decoro parlamentar”, enfatizou ele, reforçando a necessidade de cassação do mandato.

"Acho que é uma renúncia calculada em benefício próprio dele e faz parte de um acordo dele com o presidente temporário e ilegítimo Michel Temer, porque atende a um acordo para salvar o mandato dele e colocar rapidamente um preposto dele como presidente da Câmara, claro, com o aval do Michel Temer. Esta é minha avaliação do que está ocorrendo e acho que temos de olhar com muita prudência e calma tudo isso que está acontecendo e como vai se dar o processo sucessório na presidência da Câmara", comentou o deputado Henrique Fontana (PT-RS).

Fonte: Portal Vermelho

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