Milton Alexandre da Silva descreveu sintomas da irmã falecida em julho.
'Pensamos que era chikungunya', disse o irmão; secretaria investiga caso.
"Duas semanas antes ela estava aparentemente bem. Na semana seguinte apareceram manchas no corpo. Nós achávamos que era chikungunya ou algo relacionado a dengue. Depois apareceram as dores no estômago e a ânsia de vômito. Quando ela procurou o médico já foi internada na UTI". Foi assim que Milton Alexandre da Silva, irmão da enfermeira Rita de Cassia da Silva Santos, falecida em julho deste ano, descreveu a doença da irmã. De acordo com o resultado de exames apresentados nesta terça-feira (29) pela Secretaria de Saúde de Natal (SMS), a enfermeira faleceu vítima de febre amarela. Segundo o Ministério da Saúde, este é o primeiro caso de morte por febre amarela registrado em área urbana desde 1942.
Segundo Milton, mesmo após o aparecimento dos sintomas, a irmã decidiu procurar o médico apenas no dia em que estava de plantão, segundo ele, em uma quinta-feira. "Ela já havia até passado mal quando foi fazer compras, na terça-feira, mas disse que procuraria o médico quando fosse para o plantão", explicou. De acordo com Milton, a irmã faleceu poucos dias depois, na madrugada do domingo para a segunda-feira da semana seguinte.
"Ela foi para o hospital em que ela trabalhava de carona com um amigo meu. Pouco tempo depois me ligaram de lá avisando que Rita tinha passado mal", disse. Na mesma noite em que foi para o plantão, segundo o irmão, Rita teria sido transferida de imediato para a Unidade de Tratamento Intensivo (UTI).
"Procuramos os médicos, mas eles não sabiam avaliar o que estava se passando com Rita. Com o tempo ela só foi piorando, piorando, até que na madrugada do domingo para a segunda ela veio a óbito", relatou.
Ainda de acordo com Milton, o atestado de óbito da irmã não detalhou a causa da morte da auxiliar de enfremagem. "No atestado de óbito tem dizendo que está a causa da morte é indefinida e que será definida posteriormente através de exames complementares", explicou.
Investigações
Foram os exames complementares citados pelo laudo, realizados no Instituto Evandro Chagas, no Pará, e pelo Instituto Adolfo Lutz, em São Paulo, que indicaram que a auxiliar de enfermagem foi infectada pelo vírus da febre amarela. Na manhã desta terça-feira (29) a Secretaria de Saúde de Natal anunciou que fará uma investigação conjunta com a Secretaria Estadual de Saúde para confirmar se o caso se trata realmente de um caso de febre amarela contraída em área urbana.
A assessoria da SMS informou que é feito um monitoramento semanal do Aedes aegypti em Natal, através de 500 'armadilhas' espalhadas pela capital para colher ovos do mosquito. Após a coleta, é feita uma análise desses ovos para saber quais vírus estão circulando pela cidade. "Em nenhum momento foi identificado o vírus da febre amarela", informou a SMS.
Segundo a Chefe do Setor de Vigilância Epidemiológica da Secretaria Municipal de Saúde, Aline Bezerra (veja o vídeo ao lado), a secretaria também vai pedir uma contraprova do caso. "Não é que estamos contestando o resultado, sabemos que os dois laboratórios são padrão ouro, mas precisamos ampliar a investigação deste caso, porque não há vínculo epidemiológico da febre amarela em Natal", explicou.
De acordo com o médico infectologista Kléber Luz, o fato de apenas um caso da doença ter sido diagnosticada em Natal causa estranheza. Segundo o médico, a febre amarela se apresenta de forma mais aguda quando se trata de ambiente urbano.
"Normalmente o ambiente para a ocorrência de febre amarela é um ambiente onde existe uma grande quantidade de mosquitos e normalmente existe um aglomerado de casos. Então a expectativa é que houvesse outros casos", explica Luz.
Segundo Milton, uma equipe da secretaria de saúde foi até a casa aonde ele e a irmã moravam para realizar uma entrevista, afim de identificar como a irmã contraiu o vírus. "Eles perguntaram se ela já havia viajado para o Norte do país ou se relacionado com alguma pessoa de lá", disse o irmão.
"Que eu tenha notícia, Rita só teve contato com uma amiga que é de Belém do Pará que visitou Natal. Mas a informação que nós da família temos é que ela não apresentou nenhum sintoma de dengue, chikungunya ou febre amarela", concluiu.
Febre amarela
A febre amarela é uma doença febril aguda, de curta duração (no máximo 12 dias) e de gravidade variável. A forma grave caracteriza-se clinicamente por manifestações de insuficiência hepática e renal, que podem levar à morte. Deve-se levar em conta seu potencial de disseminação em áreas urbanas. A doença é transmitida somente pela picada de mosquitos transmissores infectados.
Não existe um tratamento específico no combate à febre amarela. O paciente deve permanecer em repouso, com reposição de líquidos e perdas sanguíneas quando necessário. Os casos grave devem ser atendidos em UTI (Unidade de Terapia Intensiva), de modo que as complicações sejam controladas e o perigo da morte, eliminado.
Fonte: G1/RN
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