Peemedebistas vão divididos e maioria deverá votar em Ricardo Motta para presidente da Assembleia
Ciro Marques
Repórter de Política
A mesma indefinição que tomou conta da base aliada do governo Robinson Faria nos últimos dias com relação a eleição para a Presidência da Assembleia Legislativa, parece estar residindo também no PMDB, partido dono da maior bancada da Casa Legislativa e responsável por dois dos três candidatos hoje em disputa – Ezequiel Ferreira e Álvaro Dias. E mais: se a divisão dentro da base aliada de Robinson pode ser considerada nociva para o plano de reeleição de Ricardo Motta, o racha interno do PMDB acabou sendo bom para o atual presidente, que possui, hoje, o maior número de votos peemedebistas.
Afinal, dos cinco votos que o PMDB tem hoje na Assembleia, dois – Nélter Queiroz e Gustavo Fernandes – vão para Ricardo Motta, conforme os mesmos já disseram. “Já declarei meu voto há umas 10 semanas. Vou votar em Ricardo Motta. Está certo já”, afirmou Fernandes, revelando que até foi procurado nestes últimos dias, mas não mudou a decisão. “Todo mundo é procurado nesse período”, acrescentou ele.
O voto de Nélter Queiroz também é conhecido. Ainda em dezembro, o parlamentar peemedebista afirmou que “o Rio Grande do Norte precisa estar unido, com todos se ajudando para o bem da população e a presença de Ricardo Motta à frente ao Legislativo é a garantia de que esse caminho pode ser trilhado com equilíbrio e sem percalços”.
A declaração, inclusive, foi até acompanhada pelo também peemedebista Hermano Morais, que disse na época que “Ricardo tem feito um bom trabalho, vem conduzindo bem nossa Casa, tem boa relação com os colegas e o perfil ideal para interagir com os demais poderes, o que será fundamental para o Estado”. Nesta semana, no entanto, procurado pela reportagem do JH, Hermano não foi tão enfático e disse esperar uma candidatura de “consenso” para a Casa e deixou o voto em aberto.
Os dois votos que “sobram” dentro da bancada do PMDB, Ezequiel Ferreira e Álvaro Dias, são candidatos a presidente e, espera-se, cada um vote em si mesmo, dividindo a sigla em três candidaturas diferentes.
Como O Jornal de Hoje mostrou em matéria publicada nesta quinta-feira, uma divisão semelhante reside dentro da base aliada do Governo Robinson Faria. Também fechado com Ricardo Motta, o futuro líder governista na Casa, o deputado José Dias (PSD), anunciou apoiar a reeleição do atual presidente, mas teria sido surpreendido pelas articulações promovidas pelo ex-deputado e hoje vice-governador, Fábio Dantas (PC do B), que passou a pedir voto dos parlamentares aliados para Ezequiel Ferreira.
A “surpresa” aí é conseqüência do fato de Fábio Dantas ter revelado, anteriormente, o desejo de votar em Ricardo Motta. “Ele (o atual presidente) é um amigo. A gente construiu essa amizade durante os quatro anos da Assembleia. Ele já era amigo do meu pai e não tenho nenhum problema de compor com Ricardo Motta, mas sigo um grupo político, que é o grupo vencedor da eleição, no qual a gente vai fazer um consenso entre todos e discutir quem é o melhor nome para a Assembleia, que pode ser Ricardo também, com certeza”, revelou ele, em dezembro.
De lá para cá, Ricardo Motta comandou a votação de matérias de interesse da gestão estadual e que ajudariam a amenizar o momento de crise pela qual atravessa o Rio Grande do Norte, como as aprovações de um novo empréstimo para garantir recursos para investimentos no Estado e a da permissão para o Banco do Brasil cobrar a Dívida Ativa do RN, que pode aumentar a arrecadação dos cofres públicos do RN.
Isso ajudou o grupo comandado por José Dias a se definir pela oficialização do apoio a Ricardo Motta. Contudo, foi aí que Fábio Dantas surpreendeu e passou a articular em prol da eleição de Ezequiel Ferreira para a Presidência da Casa.
PROS DIVIDIDO
É bem verdade que o PROS, partido que tem quatro deputados estaduais, também está dividido para o pleito marcado para este domingo, na Assembleia Legislativa. Ex-pré-candidato a presidente, Gustavo Carvalho deverá acompanhar o grupo encabeçado hoje por Ezequiel.
Inicialmente, Gustavo Carvalho teria buscado o apoio do governador Robinson Faria para disputar a presidência da Assembleia. Contudo, com baixa aceitação fora da Casa, pela condenação no processo de superfaturamento da Ponte Newton Navarro, e dentro da Assembleia, por ter tido a reeleição ajudada por Ricardo Motta e, agora, estar se colocando como oposição a ele, Carvalho não conseguiu viabilizar sua candidatura e teria aceitado integrar a Mesa Diretora no projeto de Ezequiel.
Os demais parlamentares do PROS (Raimundo Fernandes e Albert Dickson), pelo menos, devem votar em Ricardo Motta, mantendo certa união na sigla.
ELEIÇÃO
No próximo domingo (1º), os 24 deputados eleitos no dia 5 de outubro de 2014 tomam posse para a 61ª legislatura. A Sessão Preparatória está marcada para as 16h, no Palácio José Augusto, sede da Assembleia Legislativa do Rio Grande do Norte. Na mesma data os parlamentares elegem a nova Mesa Diretora da ALRN para o biênio 2015-2016.
Pela primeira vez não haverá recesso entre a sessão preparatória e o início dos trabalhos legislativos. De acordo com o texto atualizado da Constituição Estadual, “a Assembleia Legislativa reunir-se-á, anualmente, na Capital do Estado, de 2 de fevereiro a 17 de julho e de 1º de agosto a 22 de dezembro”.
Fonte: /jornaldehoje.com.br/