Bola ainda rolava na Fonte Nova quando vitória do Coxa sobre o São Paulo decretou ida para Série B. Pela primeira vez, campeão cai no ano seguinte
Luto em verde, branco e grená: o Fluminense está de volta à Série B. Em Salvador, a bola ainda rolava para o confronto com o Bahia quando chegou a notícia de que todo esforço seria em vão. Com o 1 a 0 do Coritiba diante do São Paulo, em Itu, pouco importou a vitória de virada por 2 a 1 na Fonte Nova – gols Samuel e Wagner, enquanto Barbio descontou. Pela primeira vez na história, um campeão brasileiro está rebaixado no ano seguinte à conquista.
A queda remete o Flu ao período mais triste de sua história, quando caiu por três anos seguidos – 96, 97 e 98 – e chegou ao fundo do poço na Série C. Desde então, com o retorno direto da terceira para primeira divisão, em 2000, o Tricolor conquistou dois títulos, protagonizou uma reação heroica em 2009, mas dessa vez não foi possível. Com 46 pontos, a Série B é o destino do 17º colocado na tabela de classificação. De um camarote, Fred, figura maior do elenco carioca, torceu, gritou e chorou com o fim trágico de temporada.
O Bahia, por sua vez, só queria saber de festejar. Já salvo depois da vitória sobre o campeão Cruzeiro, há uma semana, no Mineirão, o time da Boa Terra viu o torcedor lotar a Fonte Nova e tripudiar sobre o rival carioca. Com 48 pontos, o Esquadrão de Aço termina a competição na 14ª posição.
Flu atrasa, Bahia joga
A necessidade de uma combinação de resultados para evitar a queda fez com que o Fluminense atrasasse o início da partida, assim como aconteceu no jogo que garantiu a salvação em 2009. Com os jogadores do Bahia já em campo, os cariocas enrolaram no vestiário e a bola rolou oito minutos depois do horário previsto. A esta altura, o Atlético-PR já tinha feito um gol no Vasco e o São Paulo pressionava o Coritiba. Cenário interessante para o time das Laranjeiras, que precisava fazer sua parte.
Fazer a parte, entretanto, parecia ser exatamente a parte mais difícil para o Fluminense. Pressionado, o Tricolor carioca não conseguia se impor mesmo com a obrigação de vencer e via um Bahia tranquilo dominar as ações. Marquinhos Gabriel, Fernandão e William Barbio colocavam correria no ataque, enquanto o Flu se mostrava refém de chutes de Rafael Sobis ou bolas aéreas.
Na melhor chance para o time do Rio, o peso da responsabilidade parece ter influenciado a postura do jovem Kenedy. Em boa condição na área, o atacante preferiu tentar o cruzamento em vez de chutar, e Fabrício Lusa afastou o perigo. Exatamente neste instante, Lucas Claro abriu o placar para o Coritiba diante do São Paulo, em resultado que decretava a queda do Flu.
Até certo ponto apático, o Tricolor carioca apelava muito para bolas aéreas, mas não conseguia sequer pressionar. O Bahia, por sua vez, jogava solto. Herói na semana passada, contra o Cruzeiro, Talisca travou um duelo com Diego Cavalieri, que impediu o gol em três chutes de fora da área. Aos 42, porém, não teve jeito. Marquinhos Gabriel arrancou em velocidade pela esquerda, passou com muita facilidade pela marcação e rolou na medida para William Barbio. Quase da marca do pênalti, o cabeludo escorou de canhota e abriu o placar. Festa na Fonte Nova, enquanto Cavalieri desaba no gramado.
De Itu chega a notícia: o Fluminense está rebaixado
Com a corda apertadíssima no pescoço, o Fluminense, enfim, acordou na volta para o segundo tempo e partiu para cima do Bahia. Samuel entrou na vaga de Igor Julião, e Sobis passou a ser o “faz tudo” da equipe. Incansável, o atacante corria de um lado para o outro, armava, concluía e até buscava a bola na defesa, lá atrás, com Diego Cavalieri. Aos quatro, ele invadiu a área, driblou Lomba e chutou para fora com o gol vazio. Seis minutos depois, se redimiu em boa jogada que Wagner concluiu para o fundo das redes: 1 a 1.
O empate fez com que o Flu se mandasse todo para o campo de ataque. Era necessário virar e torcer para o São Paulo fazer um gol no Coritiba. Da arquibancada, Fred incentivava e chorava. Com o celular na mão, acompanhava a rodada dramática sem poder ajudar por conta de uma lesão na coxa. Até que aos 38 a regressiva chegou ao fim com tristeza tricolor. A bola ainda rolava em Salvador, mas em Itu o Coxa comemorava o 1 a 0 que o mantinha na Série A e rebaixava o Flu. Ironia do destino, quase que simultaneamente, Samuel escorou cobrança de falta para virar o placar na Fonte Nova.
A partir daí, pouco importava o que acontecia no gramado. Cariocas choravam, baianos tiravam sarro, e os jogadores deixavam o tempo passar até o apito final de Leandro Vuaden. Quinze anos depois de cair para Série C, o Fluminense está de volta à Segunda Divisão do futebol brasileiro. Pela primeira vez na história, um campeão é rebaixado no ano seguinte, e quis o destino que o responsável por sacramentar a queda fosse o Coritiba. Aquele mesmo Coritiba do jogo da heroica salvação em 2009.
Fonte: globoesporte.globo.com
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