Logo após o discurso em que declarou o estado de emergência e o recolher obrigatório em três províncias do Egito, por um mês, o Presidente Mohammed Morsi apelou a oposição ao diálogo esta segunda-feira. Pelo menos 50 pessoas morreram em confrontos durante o fim de semana, num sinal do descontentamento crescente contra o Governo eleito.
As três províncias em estado de emergência são Port Said, Suez e Ismailia. O estado de emergência está em vigor desde a meia-noite (22h00 de Lisboa), durante 30 dias.
"Não há alternativa ao diálogo" afirmou Mohammed MorsiA eficácia da estratégia governamental para repor a ordem é no entanto duvidosa.
Sinal disso foi a ameaça, domingo, por parte de forças islamitas que apoiam Morsi, de que estão prontas a organizar milícias civis de "vigilantes".
Tareq el-Zomr, do antigo grupo jihadista Gamaa Islamiya, afirmou que, se as autoridades não conseguirem impor a ordem, "é direito do povo egípcio" formar "comités populares para proteger a propriedade pública e privada e conter a agressão a cidadãos inocentes".
El-Zomr acusa as forças seculares de fomentar a violência.
Reunião com oposição
Entre os convocados pelo Presidente para a reunião de diálogo nacional, estão o Nobel da Paz, Mohammed ElBaradei, o ex-chefe da Liga Árabe, Amr Moussa, e Hamdeen Sabahi, político de esquerda e terceiro classificado na corrida presidencial. Um comunicado da Presidência após o discurso de Morsi convocou a oposição egípcia para uma reunião às 18h00 locais (16h00 em Lisboa), no palácio Presidencial no Cairo.
Os três lideram a Frente de Salvação Nacional egípcia, que agrupa os principais partidos da oposição.
O porta-voz da organização já reagiu, Khaled Dawoud afirma que o convite não tem interesse se o Presidente não esclarecer a agenda da reunião.
Entre os pontos que a Frente quer ver discutidos está um compromisso para alterar a Constituição recém-aprovada, elaborada pelos apoiantes do Presidente e de cariz fortemente islamita e rejeitada por toda a oposição além de vários setores civis e religiosos da sociedade.
"Port Said levantou-se"
A violência mais recente iniciou-se sexta-feira passada, nas manifestações do segundo aniversário da queda do ditador Hosni Mubarak, que governou o Egito durante 30 anos, com mão de ferro e o apoio dos militares.
No sábado, a fúria latente explodiu em Port Said, com o anúncio da condenação à morte de 21 apoiantes de um clube de futebol egípcio, o Al-Masry, acusados de serem responsáveis pela violência após um jogo em fevereiro de 2012 que resultou em 71 mortos.
"Port Said levantou-se e não é uma aparente normalidade que vai mudar isso", afirmou uma ativista, Amira Alfy, exigindo a demissão do Presidente.
Nos confrontos de sábado morreram 37 pessoas e mais de 300 ficaram feridas.
Domingo, nos funerais dos mortos no dia anterior, registou-se mais violência na cidade perto do Canal do Suez, com dezenas de milhares de pessoas a manifestarem-se contra Morsi. Três pessoas morreram e mais de 630 ficaram feridas.
Houve ainda confrontos no Cairo e em várias cidades de Delta do Nilo.
Proteger os cidadãos
Para os analistas, o apelo de Morsi ao diálogo e a declaração do estado de emergência revelam de forma evidente a ineficácia do Governo para deter a contestação. Esta foi a segunda vaga contra Morsi em menos de um mês.No Egipto a economia está em queda livre, as injustiças sociais do anterior regime não só perduram como alastram, o crime e o caos estão em crescendo.
Este domingo o Presidente voltou a optar por recorrer a soluções típicas do regime deposto de Mubarak. Morsi justificou a imposição do estado de emergência com a proteção dos cidadãos.
"Disse que sou contra quaisquer medidas de emergência, mas disse também que agiria para parar com a sangria e proteger o povo", referiu Morsi.
O ex-líder da Irmandade Muçulmana acrescentou que deu ordens à polícia para lidar de forma "firme e musculada" para com aqueles que ataquem instituições do Estado e usem armas para "aterrorizar" cidadãos ou bloquear estradas e caminhos de ferro.
Contestação cresce
A base islâmica de apoio a Morsi pode estar também a esboroar-se. Em Port Said as multidões foram lideradas por mulheres vestidas de negro, que cantavam slogans como "Morsi é inimigo de Deus" e "não há outro Deus senão Alá", repetidos depois pela multidão.
Na capital, o ministro do Interior foi humilhado por agentes da polícia quando tentou estar participar no funeral de dois agentes mortos nos confrontos de Port Said. Mohammed Ibrahim foi vaiado pelos polícias presentes que o acusaram também, aos gritos, de estar ali apenas para as câmaras de televisão.
Ibrahim saiu à pressa, sinal de que o prestígio do Estado e das instituições está a perder-se e que até nas disciplinadas forças de segurança a desunião é crescente.
"Não há alternativa ao diálogo" afirmou Mohammed MorsiA eficácia da estratégia governamental para repor a ordem é no entanto duvidosa.
Sinal disso foi a ameaça, domingo, por parte de forças islamitas que apoiam Morsi, de que estão prontas a organizar milícias civis de "vigilantes".
Tareq el-Zomr, do antigo grupo jihadista Gamaa Islamiya, afirmou que, se as autoridades não conseguirem impor a ordem, "é direito do povo egípcio" formar "comités populares para proteger a propriedade pública e privada e conter a agressão a cidadãos inocentes".
El-Zomr acusa as forças seculares de fomentar a violência.
Reunião com oposição
Entre os convocados pelo Presidente para a reunião de diálogo nacional, estão o Nobel da Paz, Mohammed ElBaradei, o ex-chefe da Liga Árabe, Amr Moussa, e Hamdeen Sabahi, político de esquerda e terceiro classificado na corrida presidencial. Um comunicado da Presidência após o discurso de Morsi convocou a oposição egípcia para uma reunião às 18h00 locais (16h00 em Lisboa), no palácio Presidencial no Cairo.
Os três lideram a Frente de Salvação Nacional egípcia, que agrupa os principais partidos da oposição.
O porta-voz da organização já reagiu, Khaled Dawoud afirma que o convite não tem interesse se o Presidente não esclarecer a agenda da reunião.
Entre os pontos que a Frente quer ver discutidos está um compromisso para alterar a Constituição recém-aprovada, elaborada pelos apoiantes do Presidente e de cariz fortemente islamita e rejeitada por toda a oposição além de vários setores civis e religiosos da sociedade.
"Port Said levantou-se"
A violência mais recente iniciou-se sexta-feira passada, nas manifestações do segundo aniversário da queda do ditador Hosni Mubarak, que governou o Egito durante 30 anos, com mão de ferro e o apoio dos militares.
No sábado, a fúria latente explodiu em Port Said, com o anúncio da condenação à morte de 21 apoiantes de um clube de futebol egípcio, o Al-Masry, acusados de serem responsáveis pela violência após um jogo em fevereiro de 2012 que resultou em 71 mortos.
"Port Said levantou-se e não é uma aparente normalidade que vai mudar isso", afirmou uma ativista, Amira Alfy, exigindo a demissão do Presidente.
Nos confrontos de sábado morreram 37 pessoas e mais de 300 ficaram feridas.
Domingo, nos funerais dos mortos no dia anterior, registou-se mais violência na cidade perto do Canal do Suez, com dezenas de milhares de pessoas a manifestarem-se contra Morsi. Três pessoas morreram e mais de 630 ficaram feridas.
Houve ainda confrontos no Cairo e em várias cidades de Delta do Nilo.
Proteger os cidadãos
Para os analistas, o apelo de Morsi ao diálogo e a declaração do estado de emergência revelam de forma evidente a ineficácia do Governo para deter a contestação. Esta foi a segunda vaga contra Morsi em menos de um mês.No Egipto a economia está em queda livre, as injustiças sociais do anterior regime não só perduram como alastram, o crime e o caos estão em crescendo.
Este domingo o Presidente voltou a optar por recorrer a soluções típicas do regime deposto de Mubarak. Morsi justificou a imposição do estado de emergência com a proteção dos cidadãos.
"Disse que sou contra quaisquer medidas de emergência, mas disse também que agiria para parar com a sangria e proteger o povo", referiu Morsi.
O ex-líder da Irmandade Muçulmana acrescentou que deu ordens à polícia para lidar de forma "firme e musculada" para com aqueles que ataquem instituições do Estado e usem armas para "aterrorizar" cidadãos ou bloquear estradas e caminhos de ferro.
Contestação cresce
A base islâmica de apoio a Morsi pode estar também a esboroar-se. Em Port Said as multidões foram lideradas por mulheres vestidas de negro, que cantavam slogans como "Morsi é inimigo de Deus" e "não há outro Deus senão Alá", repetidos depois pela multidão.
Na capital, o ministro do Interior foi humilhado por agentes da polícia quando tentou estar participar no funeral de dois agentes mortos nos confrontos de Port Said. Mohammed Ibrahim foi vaiado pelos polícias presentes que o acusaram também, aos gritos, de estar ali apenas para as câmaras de televisão.
Ibrahim saiu à pressa, sinal de que o prestígio do Estado e das instituições está a perder-se e que até nas disciplinadas forças de segurança a desunião é crescente.
Fonte:www.rtp.pt
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