terça-feira, 28 de fevereiro de 2017

Março promete emoções fortes para Temer


O mês decisivo para o governo de Michel Temer começa nesta Quarta-Feira de Cinzas. Em março, virá o que o procurador Carlos Fernando Lima, integrante da força-tarefa da Lava Jato, definiu como um tsunami na política brasileira, com a abertura das delações da Odebrecht, a maior das empreiteiras brasileiras, que praticamente sequestrou todo o sistema político, colocando-o a serviço de sua própria agenda empresarial.

Sabe-se, desde já, que políticos de todas as cores estão delatados. Mas o ônus maior é sempre de quem está no poder. Temer faz parte da lista da empreiteira, assim como pelo menos seis de seus ministros: Eliseu Padilha, da Casa Civil, Moreira Franco, da Secretaria-Geral, José Serra, do Itamaraty, Bruno Araújo, das Cidades, Marcos Pereira, do Desenvolvimento, e Gilberto Kassab da Ciência e Tecnologia.

A regra anunciada por Temer prevê que apenas ministros denunciados pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot, serão afastados – o que não deve acontecer imediatamente. A tendência é que Janot peça a abertura de inquéritos ao Supremo Tribunal Federal e o ritmo dessas investigações será ditado pelo ministro Edson Fachin, revisor da Lava Jato na corte. Ainda assim, o estrago na imagem do governo tende a ser forte, num momento em que também serão votadas reformas importantes, como a da Previdência.

Em paralelo, o governo também terá que enfrentar uma onda de mobilizações em março. Na quarta-feira 8, Dia Internacional da Mulher, estão previstas manifestações em todo o País, que serão marcadas por pautas feministas, mas que também terão o "Fora Temer" como um elemento unificador. Uma semana depois, no dia 15, a Central Única dos Trabalhadores promete uma greve geral. E a Força Sindical, do deputado Paulo Pereira da Silva (SD-SP), que integra a base de Temer, também organiza protestos contra a reforma da previdência.

Se isso não bastasse, o ministro Herman Benjamin, do Tribunal Superior Eleitoral, decidiu ouvir todos os delatores que citam Dilma e Temer na ação em que cogita propor a cassação da chapa Dilma-Temer. Um deles será Marcelo Odebrecht e tudo indica que ele e outros executivos da empreiteira apontarão que doações da empreiteira ao consórcio PT-PMDB tiveram contrapartidas em contratos federais – o que levará o relator a propor a cassação da chapa.

Março será o mês decisivo para saber se a “pinguela" cairá ou se chegará até 2018. Se Temer conseguir atravessar esse período, dificilmente deixará de chegar ao fim do mandato.

Fonte: www.brasil247.com


"Fora, Temer" interrompe fluxo de trios no carnaval da Bahia


Valter Pontes
 
 


A polícia tentou, sem sucesso, reprimir o protesto e teve que deixar o local diante da multidão. A pausa durou cerca de 40 minutos.

Em Recife, não foi diferente. Durante a apresentação de Lenine e Gaby Amarantos, no principal palco do Carnaval do Recife, no Marco Zero, o público puxou o Fora, Temer.

Na apresentação de Lenine, após reclamar de problemas no áudio baixo, o cantor pediu para começar a música Do it de novo. O rápido silêncio que se seguiu foi preenchido por gritos de Fora Temer em toda a praça. Lenine acompanhou o  grito puado pela plateia.

Gaby Amarantos enfatizou seu compromisso com os direitos humanos com um bloco de músicas que continham letras depreciativas à mulher e que foram modificadas. “Desconstroi esse Tigrão”, “a bunda é minha e eu rebolo se eu quiser” e “Não tolero seu assédio” foram algumas das mudanças promovidas por ela nas letras.

“Sou uma artista popular, mas acho que as letras precisam ter um conteúdo legal”, disse. Ao cantar "Que país é esse", o público gritou Fora Temer novamente.


Nem a Globo conseguiu abafar o protesto que tomou a tele da cobertura do carnaval em rede nacional. Durante transmissão ao vivo no Jornal Hoje, a emissora foi obrigada a mostrar e ouvir em alto e bom som "Fora, Temer!" entoado no bairro do Bixiga, em São Paulo.

Na Brasilândia, o Bloco em Brasa desfilou no domingo contra as medidas de retrocesso do governo de Michel Temer. "Aqui a gente pula com o sorriso, com a alegria nos olhos. Todos podem, não é preciso ter o colete da 'Skol' para poder entrar. É uma comemoração política. Fora Doria! Fora Temer e todos eles", diz Kelton Campos, que concluiu o ensino médio na Escola Estadual Martin Egídio Damy. O bloco foi criado em 2016, após a desocupação das escolas.



Do Portal Vermelho, com informações de agências

Emir Sader: Temer ataca os bancos públicos e afasta políticas sociais



 
 




















Os bancos públicos surgiram e se fortaleceram no Brasil quando havia governos que assumiam responsabilidades no plano social, promoviam o crescimento produtivo do país, garantiam formas de distribuição de renda. O Banco do Brasil se desenvolveu no marco dos governos de Getúlio Vargas. Assim como as políticas sociais dos governos do PT foram a alavanca dos bancos públicos. Foi o enorme impulso do programa Minha Casa Minha Vida que promoveu a Caixa Econômica Federal a segundo banco brasileiro, somente atrás do Banco do Brasil.

Os governos neoliberais não precisam de bancos públicos, porque eles só têm função essencial no marco do impulso ao desenvolvimento produtivo do país e da implementação sistemática de políticas sociais. Por isso os governos tucanos privatizaram os bancos estaduais em São Paulo, no Rio de Janeiro, em Minas Gerais, e em outros estados. Porque os bancos deles são os bancos privados.

A lógica dos bancos públicos é frontalmente oposta à lógica dos bancos privados. Estes funcionam, na era neoliberal, não mais para financiar a produção, o crédito ao consumo, as pesquisas. Eles vivem do endividamento de governos, empresas e pessoas. Por isso eles se fortalecem mais ainda exatamente nos períodos recessivos das economias.

Em 2008, quando se iniciava a crise econômica atual do capitalismo no plano internacional, o então presidente dos Estados Unidos Barack Obama conclamava a salvar os bancos, senão as telhas cairiam na cabeça de todos. Os bancos foram salvos, se enriqueceram cada vez mais, quebraram os países: quebrou a Grécia, quebrou a Itália, quebrou Portugal, Espanha, e depois foram abandonados pelos bancos.

Os bancos vivem do que eles chamam – em inglês, para esconder ainda mais o seu sentido real – de “spread”, isto é, da diferença entre o que eles pagam e o que cobram. Quem fizer a experiência de chegar no balcão de um banco privado e depositar R$ 100 na poupança e depois ir do outro lado do balcão e pedir os mesmos R$ 100 emprestados, se dará conta de que será remunerado por uma quantia irrisória pelo depósito e terá de pagar juros escorchantes pelo empréstimo. Desse jogo recessivo, que só multiplica o endividamento e impede a economia de crescer, é que vivem os bancos. Na era neoliberal se produz uma acumulação financeira, o enriquecimento do capital financeiro pela especulação, às custas da produção, dos salários e dos empregos.

Os bancos públicos não são um fim em si mesmos. Ao pertencer ao setor público, eles funcionam como instrumentos fundamentais da política econômica. Promovem créditos para incentivar a produção, para fomentar o consumo, a pesquisa. São alavancas fundamentais para as políticas sociais dos governos que as consideram como um de seus objetivos centrais.

Hoje no Brasil o governo golpista se empenha em desmontar o papel preponderante que os bancos tiveram nos governos anteriores. Rebaixando o perfil das políticas públicas, despreocupado com os créditos para impulsionar o desenvolvimento, fomentando os lucros pela especulação financeira, promove o desmonte do BNDES, do Banco do Brasil, da Caixa Economia Federal, do Banco do Nordeste, num atentado grave ao potencial de crescimento econômico e de distribuição de renda que o Brasil havia construído.

A defesa dos bancos públicos se identifica com a defesa do Brasil, dos interesses do país, do fortalecimento do Estado e das políticas sociais. 


*Emir Sader é sociólogo e cientista político
Fonte: Portal Vermelho

Eugênio Aragão: Temer e a pouca vergonha de nossos tempos



 
 




















Conclui-se que Temer e sua cambada prepararam a traição à Presidenta Dilma Vana Rousseff bem antes das eleições de 2014. A aliança entre o hoje sedizente presidente e o correntista suíço Eduardo Cunha existia já em maio daquele ano, quando o primeiro recebeu no Palácio do Jaburu, na companhia cúmplice de Eliseu Padilha, o Sr. Marcelo Odebrecht, para solicitar-lhe a módica quantia de 10 milhões de reais. Não para financiar as eleições presidenciais, mas, ao menos em parte, para garantir o voto de 140 parlamentares, que dariam a Eduardo Cunha a presidência da Câmara dos Deputados, passo imprescindível na rota da conspiração para derrubar Dilma.

Temer armou cedo o golpe que lhe daria o que nunca obteria em uma disputa democrática: o mandato de Presidente da República. Definitivamente, esse sujeitinho não foi feito para a democracia. É um gnomo feio, incapaz de encantar multidões, sem ideias, sem concepções, sem voto, mas com elevada dose de inveja e vaidade. Para tomar a si o que não é seu, age à sorrelfa, à imagem e semelhança de Smeágol, o destroncado monstrengo do épico "O Senhor dos Anéis".

Muito ainda saberemos sobre o mais vergonhoso episódio da história republicana brasileira, protagonizado por jagunços da política, gente sem caráter e vergonha na cara, que só conseguiu seu intento porque a sociedade estava debilitada, polarizada no ódio plantado pela mídia comercial e reverberado com afinco nas redes sociais, com a inestimável mãozinha de carreiras da elite do serviço público.

O resultado está aí: o fim de um projeto nacional e soberano de desenvolvimento sustentável e inclusivo. A mais profunda crise econômica que o país já experimentou. A desconstrução do pouco de solidariedade que nosso Estado já prestou aos mais necessitados. A troca do interesse da maioria pela mesquinhez gananciosa e ambiciosa da minoria que, "em nome do PIB" ou "do mercado", se deu o direito de rasgar os votos de 54 milhões de brasileiras e brasileiros. Rasgaram-nos pela fraude e pelo corrompimento das instituições, com o único escopo de liquidar os ativos nacionais e fazer dinheiro rápido e farto, como na privatização de FHC. Dinheiro que o cidadão nunca verá.

É assim que se despedaça e trucida a democracia: dando o poder a quem perdeu as eleições, garantindo aos derrotados uma fatia gigantesca do governo usurpado e até a nomeação de um dos seus para o STF, para assegurar vida mansa a quem tem dívidas com a justiça. A piscadela de Alexandre de Moraes a Edison Lobão, na CCJ, diz tudo.

Assistiremos a tudo isso sem nenhum sentimento de pudor?

A essa altura dos acontecimentos, o STF e a PGR só podem insistir na tese da "regularidade formal" do impedimento da Presidenta Dilma Rousseff com a descarada hipocrisia definida por Voltaire como "cortesia dos covardes".

Caiu o véu da mentira. Não há mais como negar: o golpe foi comprado e a compra negociada cedinho, ainda no primeiro mandato de Dilma. O golpe foi dado com uma facada nas costas, desferida por quem deveria portar-se com discreta lealdade diante da companheira de chapa. O Judas revelado está.

E os guardiões da Constituição? Lavarão as mãos como Pilatos - ou tomarão vergonha na cara? 


*Eugênio Aragão é subprocurador-geral da República e professor adjunto da Universidade de Brasília, foi ministro de Estado da Justiça no governo de Dilma Rousseff
Fonte: Portal Vermelho

A fala do comandante do Exército e a indicação de Moraes para o STF



Luiz Vasconcelos/Arquivo AC
 
 





















O general comentou a calamidade na área de segurança, em que "cerca de 60 mil pessoas são assassinadas por ano, cerca de 20 mil pessoas desaparecem no país por ano e 100 mulheres são estupradas por dia”.

No entanto, mesmo diante deste cenário, ele foi categórico ao afirmar que não cabe às Forças Armadas fazer o papel da polícia no combate à criminalidade, e que a sociedade brasileira não necessita ser “tutelada”, como ocorreu no passado. Outra resposta imediata aos setores que pedem intervenção militar.

Essa crise na segurança pública foi uma das tarefas entregues ao ex-ministro da Justiça Alexandre de Moraes, indicado pela Presidência da República para o Supremo Tribunal Federal (STF) em decorrência da morte do ministro Teori Zavaski. 

Moraes que, à frente do Ministério da Justiça, apresentou-se mais como uma espécie de chefe da “segurança pública” no país, fracassou na sua missão institucional, uma vez que a Polícia Federal "estima que cerca de 80% da criminalidade seja ligada direta ou indiretamente à droga”, como destacou o general Villas Bôas. 

Ou seja, ele não conseguiu se impor nem como ministro da pasta de Justiça nem como chefe da “segurança pública” capaz de enfrentar o tráfico de drogas, alinhado à imagem caricata, por ele construída, de "cortador de pés de maconha".

Ao ser indicado para o STF sem as credenciais necessárias, por ter fracassado no comandado da segurança pública, fica a sensação de que seu nome pode representar uma desestabilização para o prosseguimento das investigações contra os políticos com mandatos eletivos, que estão sob a responsabilidade do Supremo.

Em sua entrevista, o comandante do Exército manifestou, com total convicção, que “hoje somos um país que está à deriva, que não sabe o que pretende ser, o que quer ser e o que deve ser”. Vindo esta declaração de um auxiliar e importante autoridade da República, constata-se que não existe governo, neste momento, no Brasil.

Nessas bases, a aprovação pelo Senado do nome de Moraes para o STF representará a ratificação completa de que “somos um país que está à deriva”, diante de um desgoverno que trabalha sistematicamente contra os interesses do país (inclusive facilitando a aquisição de terras por estrangeiros, na faixa de fronteira, em risco à soberania nacional).

O Brasil está nas mãos de um grupo político que impõe sua sobrevivência à custa dos interesses do povo, num grande conluio contra a nação, sendo que muitos deles respondem a processos criminais no STF e têm seus nomes acobertados na “lista da Odebrechet”.

Com certeza, comandante, estamos no fundo do poço e da degradação política! 


*Jorge Folena é cientista político
Fonte: Portal Vermelho

Esmael Moraes: A Folha continua com medinho de Lula



 
 



















Poderia o jornalão fazer a torcida contra ou a favor de quem bem entendesse se ao menos tivesse a honradez de assumir que o faz.

Dito isto, o veículo dos Frias afirma nesta terça (28) que o juiz Sérgio Moro deixará o ex-presidente inelegível antes do pleito eleitoral de 2018.

Para a Folha, não importa o fato de não haver provas contra Lula muito menos o devido processo legal.

A paúra justifica a insidiosa e fascista campanha contra o petista.

Não há crime, mas há que se criminalizá-lo e deixá-lo inelegível no âmbito da Lei da Ficha Limpa — aquela “lei feita por bêbados“, segundo o ministro do TSE/STF Gilmar Mendes.

A esquizofrenia da Folha é tanta que ontem (27) ela registrou que havia “dúvida” no campo da centro-esquerda sobre a candidatura de Lula. Ora, se não há certeza, por que tanto medinho? Por quê? 


*Esmael Moraes é jornalista e blogueiro
Fonte: Portal vermelho

segunda-feira, 27 de fevereiro de 2017

Luis Nassif: Xadrez do elo desconhecido entre Temer e Yunes



 
 



















A jornalistas, Yunes disse que lhe foi solicitado por Elizeu Padilha – Ministro-Chefe licenciado da Casa Civil – que recebesse “documentos” em seu escritório. Os tais “documentos”, na verdade, eram propinas pagas pela Odebrecht e levadas até ele pelo notório doleiro Lúcio Funaro.

Aos jornalistas, Yunes declarou ter sido apanhado de surpresa. E, assim que se deu conta do ocorrido, procurou o amigo Temer, que o acalmou.

Ao MPF, declarou que nada disse a Temer.

De sua parte, Temer mandou informar os jornais que exigirá explicações de Padilha.

O que está por trás dessa dança dos lobos, tão desesperada e tão sem nexo?

Dias atrás o grupo Anonymous divulgou um pacote de documentos sobre negócios de Yunes, Temer e outros sócios.

No primeiro artigo da série, mostramos que a principal suspeita levantada – a associação de Yunes com grandes bilionários – na verdade era uma sociedade para um condomínio a ser construído na Bahia.

Vamos, agora, à parte perigosa revelada pelos documentos, ajudado por comentaristas do Blog que passaram informações centrais para fechar a narrativa.

Peça 1 – as diversas formas de lavagem de dinheiro

Por que interessa conhecer os negócios de José Yunes, o primeiro amigo?

Primeiro, porque, após a delação do executivo da Odebrecht, descobriu-se que ele participava dos esquemas de captação de recursos de Michel Temer.

Depois, porque um dos modus operandi de muitos políticos é o de receberem no exterior, através de depósitos em fundos de investimento com aparência de legalidade. Em vez de contas convencionais em países estrangeiros, fundos de investimento através dos quais entram no Brasil como investimento externo.

De certo modo, é o caso de José Serra, conforme esmiuçado por Amaury Ribeiro Jr no livro “A privataria tucana”.

O fundo de investimentos de sua filha Verônica acumulou um patrimônio significativo. Em pelo menos um caso, sabe-se que foi utilizado para troca de favores com empresas.

Foi o caso da Serasa Experian, que, no final do mandato de Serra como governador de São Paulo, ganhou de graça o Cadin estadual (Cadastro Informativo dos Créditos não Quitados de Órgãos e Entidades Estaduais).

Assim que Serra deixou o governo, Verônica intermediou para a Serasa-Experian a venda de um site de e-mail marketing, a Virid. Na época, o mercado avaliava o preço em no máximo R$ 30 milhões. A Experian pagou R$ 104 milhões. Empresa de capital aberto na Bolsa de Londres, manteve o valor da transação em sigilo. Para todos os efeitos, foi um lucro legalizado do fundo de investimentos de Verônica.

Sérgio Machado tinha investimentos no exterior, através de um filho que era alto funcionário do Credit Suisse – e, ao que consta, foi sacrificado pela gula do pai e do irmão político.

Portanto, há uma probabilidade de que as empresas de Yunes possam ter servido para abrigar recursos políticos captados por Temer.

Não faltará paraíso fiscal no purgatório político em que se meteu Yunes, caso os Anjos Gabriel do Ministério Público Federal resolvam investigar a sério.

O dossiê disponibilizado pelo grupo Anonymous na Internet traz algumas pistas que precisam ser bem investigadas, das empresas dos Yunes.

Peça 2 – o Banco Pine

Aqui, aí se chega no elo desconhecido, o Banco Pine, ou Fist Pinebank, Inc, ou FPB.

O Banco Pine é o sucessor do BMC (Banco Mercantil de Crédito), da família Pinheiro, do Ceará, de três irmãos, Norberto, Nelson e Jaime Pinheiro, que chegaram a montar um banco médio, bem-sucedido. Assim como outros bancos cearenses, especializou-se em AROs (Antecipação de Receita Orçamentária) para prefeituras e em crédito consignado para funcionários públicos.

Depois, o banco foi vendido por R$ 800 milhões ao Bradesco e, de suas entranhas nasceu em 1997 o Banco Pine, brasileiro, o First Pinebank que, depois de uma passagem turbulenta pelos Estados Unidos, tornou-se um banco panamenho; e a BR Partners, uma associação de Ângela Pinheiro, filha do patriarca Jaime Pinheiro, com Ricardo Lacerda, ex-presidente da Goldman Sachs do Brasil.

Aqui, começa nosso pequeno quebra-cabeça:

Em 2005, o nome do Pine Bank já apareceu associado ao doleiro Toninho Barcelona, no escândalo do Banestado (https://goo.gl/wQh4dq)

Em julho passado, a Lava Jato já tinha batido no Pine (https://goo.gl/opDxOv), através da Operação Caça-Fantasmas, da 32a fase. Identificou o FPB Banc Inc – àquela altura, um banco panamenho, mas de propriedade de Nelson Pinheiro, um dos três irmãos sócios do BMC-, o PKB da Suiça e o Carregosa, de Portugal, suspeitos de montarem representações clandestinas para clientes interessados em abrir contas em paraísos fiscais. Outro nome que apareceu no FPB foi o de Eduardo Rosa Pinheiro, também a família Pinheiro.

A suspeita da Lava Jato é que esse esquema teria sido usado por doleiros e operadores de propina para esconder o dinheiro da corrupção da Petrobras e de outras empresas públicas, investigadas pelas operações Lava Jato, Custo Brasil, Saqueador e Recebedor.

Os bancos tinham ligação direta com a Mossak Fonseca. A Polícia Federal e o MPF pediram prisão preventiva dos funcionários do banco, mas o juiz Sérgio Moro permitiu apenas condução coercitiva. Alegou que as evidências levantadas pela Lava Jato apenas apontavam atuação clandestina no país.


Assim como na batida na Mossak Fonseca, quando se constatou que não havia pistas que levassem a Lula – mas a alguns bilionários influentes -, abafou-se a investigação e manteve-se em sigilo as descobertas.

Mas outros países atuaram. No dia 10 de fevereiro de 2017, menos de duas semanas atrás, a Superintendência Bancária do Panamá suspendeu a licença de corretagem do Pine Bank, a partir de informações levantadas pela Lava Jato (https://goo.gl/KYF0gc). No Panamá, era um banco pequeno, com US$ 134 milhões em depósitos e apenas US$ 13 milhões de capitalização declarada,

Constatou-se que o banco recorria apenas à Serasa para analisar sua carteira de clientes, em vez de colocar relatórios reais das empresas. Além disso, a FPB tinha montado 44 empresas através dos escritórios da Mossak Fonseca, provavelmente para desviar dinheiro de suborno.

Os jornais do Panamá apontavam o fato do site do banco não informar nada sobre seus proprietários e acionistas. Sabia-se apenas que o banco pertencia a uma família de empresas debaixo do guarda-chuva de Brickell Group.

O jornal Panama News anotava que o FBK tinha um presidente de nome Eduardo Pinheiro, um gerente geral chamado José Palucci e um convidado especial para a inauguração da sede, de nome Mailson da Nóbrega.

O jornal levantou o nome da consultoria Brickell Management Services Inc, de Miami, com apenas 6 funcionários. E constatou que Pine Bank foi acusado pelo FED de violar vários pontos da lei anti-lavagem de capitais, tendo encerrado as operações nos Estados Unidos. Segundo o jornal, “propriedade anônima, gestão aparentemente ausente – um banco estranho para se fazer negócios, exceto se houver algum priopósito especial”.

Peça 3 – os negócios da família Yunes

Ao longo das últimas décadas, a família de José Yunes expandiu seus negócios por vários setores. Aparentemente, tem dois filhos bastantes empreendedores, dos quais Marcos Mariz de Oliveira Yunes é o que fica à frente dos negócios.

A principal empresa do grupo é a Yuny.

Trata-se de uma grande incorporadora criada em 1996 (https://goo.gl/9iirmz). Em 2007 recebeu aporte de R$ 700 milhões do Golden Tree Insite Partners. Pode ser coincidência de nomes, mas há uma Golden Tree Insite Partners no Reino Unido (https://goo.gl/0WddPa) que em 2010 foi declarada insolvente.

Mais tarde, a VR tornou-se sócia da Yuny. Hoje em dia, do Conselho participam Abraham Szajman e Ury Rabinowitz, este alto funcionário da Brasil Telecom nos tempos de Daniel Dantas – em princípio, significa apenas que é um executivo requisitado. Depois, montou uma joint-venture com a Econ Construtora, a Atua Construtora, para imóveis de baixa renda.

No grupo, há outras empresas menos transparentes.

Uma delas é a Stargate do Brasil Estética de Produtos e Serviços

Criada em 30 de abril de 2007, é sociedade de José Yunes com Arlito Caires dos Santos. No Google, consegue-se chegar próximo com um Carlito Aires dos Santos – trocando o C do sobrenome para o nome, empresário mato-grossense de Peixoto de Azevedo, cuja empresa foi aberta em 20 de março de 2015 (https://goo.gl/lv7cpF).

Por sua vez, a Stargate é sócia da Golden Star, Serviços e Participações Ltda. Aparentemente, a intenção da sociedade foi a aquisição dos bens do panamenho Kamal Mohan Mukhi Mirpuri por Gilberto Pereira de Brito. O endereço de Kamal remete às proximidades do Trump International Hotel em Colon, Panamá. Kamal é proprietário da Multitrade Export Ltda, do Panamá.

Não é o único elo panamenho na nossa história, como se viu no caso do PInebank.

Peça 4 – as ligações do Pine com os Yunes

Como já se viu, o Banco Pine foi apontado como um dos canais para o dinheiro da corrupção das empresas investigadas pela Lava Jato.

Em outros tempos, uma das maneiras de “esquentar” dinheiro frio, depositado fora do país, era através de uma operação cruzada. O investidor depositava seus dólares nas agências externas do banco; e elas serviam de garantias para empréstimos que eram concedidos, aqui, para empresas controladas por ele. Foi assim com o Banco Excel, de um membro da família Safra, que chegou a adquirir a massa falida do Econômico, mas quebrou quando a apreciação do real promoveu o descasamento das garantias externas com os financiamentos internos.

No dossiê do Anonymous são inúmeras as evidências de ligações comerciais do Pine com as empresas dos Yunes, particularmente com a incorporadora Yuny.


Em setembro de 2010, a Atua Construtora e Incorporadora convoca AGE para autorizar a contratação de financiamento de R$ 5 milhões junto ao Banco Pine


Em dezembro de 2011, outra AGE para autorizá-la a tomar mais R$ 5 milhões com o Pine

Em 18 de julho de 2013, outros R$ 5 milhões (ou renovação do crédito rotativo) novamente junto ao Pine

Peça 5 – os negócios de Temer com Yunes

Os caminhos de Michel Temer, da família Pinheiro, do Banco Pine e da incorporadora Yuny se cruzam em vários imóveis de Michel Temer e de sua holding Tabapuã.

Edifício Lugano

Temer tem duas unidades no edifício Lugano, na rua Pedroso Alvarenga 900, uma construção luxuosa com conjuntos comerciais de 102 a 202 m2.


A incorporadora é a Yuny, dos Yunes.

Spazio Faria Lima

Temer possui duas salas no edifício na rua Iguatemi (https://goo.gl/4XecSC), com escritórios que vão de 350 a 700 m2. Na região, escritórios de 350 m2 custam de R$ 3,5 a R$ 7 milhões.

Trata-se de uma obra faustosa também da Yuny.

Em 23 de maio de 2011, transferiu para a Tabaupã, empresa que tem em sociedade com a filha Luciana.


Quem aluga o escritório é Andréa Pinheiros, da BR Partners, e uma das herdeiras do banco Pine, filha de Jaime Pinheiro, o patriarca.

Conclusão do jogo

Tem-se, então, todas as peças do jogo:

1. O melhor amigo do presidente, José Yunes, participava dos processos de arrecadação de propinas das empresas investigadas pela Lava Jato

2. As empresas de Yunes tinham financiamento farto com o Banco Pine, da família Pinheiro, envolvido com os escândalos da Lava Jato, fechado nos Estados Unidos por acusação de lavagem de dinheiro e, há duas semanas, fechado tambem no Panamá.

3. Temer com grandes investimentos em projetos da Yuny, a incorporadora da família Yunes, convidando o patriarca José Yunes para assessor especial..

Dificilmente toda essa movimentação passaria despercebida pela Lava Jato, ainda mais depois de invadir os escritórios da Mossak Fonseca e ter identificado o papel do Pine Bank.

Um dia se saberá ao certo a razão de terem segurado essas informações. 

Fonte:Portal Vermelho

domingo, 26 de fevereiro de 2017

Alice Portugal: Só as ruas podem frear a agenda ultraliberal de Temer



Mídia Ninja
 
 





















Com uma trajetória política forjada nas lutas, a deputada assumiiu a liderança do PCdoB na Câmara, sucedendo o deputado Daniel Almeida (BA). Aos 57 anos, com quatro mandatos federais, Alice Portugal é farmacêutica, funcionária do Hospital das Clínicas, ex-sindicalista e duas vezes deputada estadual.

Segundo a parlamentar, o golpe contra o mandato da presidenta Dilma Rousseff ainda está em curso, tendo como objetivo a aplicação de uma agenda conservadora.

"A retirada abrupta de uma presidenta eleita tinha como motivação não só o deslocamento de uma força política, mas a intervenção em relação a direitos conquistados com muita luta. E ao mesmo tempo, a imposição de uma agenda ultraliberal, conservadora. E é contra essa que nós temos que nos insurgir", frisa a parlamentar.

Como parte desta agenda, segundo Alice, está a reforma da Previdência que ela considera como o preâmbulo da não aposentação da maioria do povo brasileiro. "Considerando que a maior parte dos trabalhadores pagam 5 meses de contribuição ao ano, jamais concluirão 25 anos de contribuição, como estabelece a proposta do governo Temer. É uma perversidade contra esse direito que é uma caixa geracional solidária. O maior fio condutor de renda mínima no país", ressalta a deputada comunista.

Para Alice Portugal, "a Previdência foi atingida de morte por essa agenda neoliberal" de Temer, assim como a proposta de reforma trabalhista. "Nós, como o partido do mundo do trabalho, que tem a digital impressa em todas as lutas dos trabalhadores brasileiros, sabemos que substituir o legislado pelo negociado significará a desproteção de uma parcela imensa dos trabalhadores brasileiros", argumenta ela, salientando que o governo aplica a sua agenda em outras áreas, como a venda de terras, a desnacionalização de empresas, para impedir empresas nacionais de participem da licitação dos campos do pré-sal e acabar com a engenharia nacional. 

"Nossa estratégia é enfrentar isso com conteúdo, radicalidade e amplitude. Com uma ampla aliança nacional em defesa dos interesses da soberania nacional e do Estado Democrático de Direito", asseverou. 

Alice afirmou ainda que a aprovação da PEC 55 - que congela os investimentos públicos por 20 anos, afetando principalmente os orçamentos da saúde e educação - "pavimentou o caminho para essas atrocidades contra os direitos dos trabalhadores e do povo".

Com comissões montadas em ritmo acelerado para garantir manobras que garantissem a aprovação dos projetos. "Na comissão da Previdência, por exemplo, foi colocado um aliado de Eduardo Cunha e contumaz agressor dos direitos trabalhistas. Hoje, o mesmo relator da terceirização é o relator da reforma da Previdência e acredito que vão tentar acelerar para aprovar até o fim de março as duas reformas, trabalhista e Previdenciária", disse Alice, referindo-se ao deputado Arthur Maia (PPS-BA).

"O grande chamado é a mobilização popular, pois sem as ruas nós não teremos um freio de mão. É preciso que as ruas gritem e, por isso, é fundamental o dia nacional de lutas marcado para o dia 15 de março, puxado principalmente pelos professores brasileiros e, agora, por todas as centrais sindicais do campo combativo. A nossa caixa de ressonância funcionará através do parlamento para dizer isso à sociedade. Será a grande possibilitadora de frear essas reformas", reforçou.

A liderança

Sobre o desafio de assumir a liderança do PCdoB, Alice Portugal disse que "é uma grande responsabilidade".

"Tenho noção da grande responsabilidade de fazer com que as ideias do partido sejam resignificadas em linguagem e nas ações, do ponto de vista do Parlamento. Que possam reverberar positivamente para o partido e para a sociedade brasileira a partir da tribuna da Câmara. É um desafio. Me sinto pronta, mas sempre buscando ajuda e solidariedade dos mais experientes", declarou.



Do Portal Vermelho

Kiko Nogueira: Por que Doria não tira Lula da mente e da boca


Reprodução
 
 


A alturas tantas, no final de seu tour desastroso, um rapaz o xingou. Estavam perto do bar Pirajá, na Rua Pedroso de Morais. Doria ficou irritado. Enquanto entrava no carro, visivelmente transtornado, fez menção de partir para a briga.

E então chamou o outro de “Lula”. Antes de um vexame maior, os assessores o colocaram no veículo e todos partiram rumo ao desconhecido.

Doria tem uma fixação com Lula que é parte estratégia, parte patologia.

Ele se utilizou à larga do antipetismo e do antilulismo para se eleger em São Paulo. Em abril do ano passado, falou em entrevistas que Lula deveria participar da campanha “antes de ser preso”.

Em outubro, bravateou que gostaria de “visitar Lula em Curitiba”, quando lhe levaria chocolates e “um cisne”.

Em janeiro, já na prefeitura, com uma mudinha de árvore na mão, fantasiado de jardineiro, sua equipe de filmagem atrás, afirmou: “Vou dedicar o plantio dessa muda ao Lula, Luiz Inácio Lula da Silva, o maior cara de pau do Brasil. Presente para você, Lula.”

Voltou à carga na semana passada, enquanto fingia varrer a Faria Lima. Já virou uma marca registrada.

A diferença entre o veneno e o remédio é a dose.

Doria não sabe parar. Sua claque é paga para gostar de suas performances. Fora desse círculo, ninguém aguenta um palhaço fazendo sempre o mesmo número.

No Sambódromo, ouviu o coro “vai tomar no cu”.

Até o coxinha começa a se perguntar se seu prefeito não tem nada melhor a responder ou por que recorre tanto ao nome do inimigo. Um menino mimado que, ao invés de “feio, bobo e chato”, pronuncia “Lula” quando não tem saída numa discussão.

É, igualmente, uma bandeira que não consegue esconder. Dá uma medida do espaço que Lula ocupa em sua vida. Fica mais constrangedor quando lembramos que não há contrapartida — Lula nunca cita Doria.

Em entrevista à BBC Brasil, o guru de JD, Robert Greene, ofereceu-lhe uns conselhos. Sugeriu que ele “entregue mais. Se fantasie menos e entregue mais. Precisa se comprometer e ser muito prático – e não viciar na atenção que você acaba tendo ao dizer coisas ousadas”.

As cacetadas em Lula são tão farsescas quanto o guarda roupa do “gestor”. Em ambos os casos, o prazo de validade já venceu. Resta ao sujeito trabalhar. E aí é que são elas.





Fonte: DCM