quarta-feira, 5 de julho de 2017

Governo afundado em denúncias alimenta violações no campo



CPT/Facebook
Massacre no Pará
Massacre no Pará




















“Então esse governo corrupto, que não tem moral diante das instituições públicas, deixa o país desgovernado. Essa situação de instabilidade no campo da política deu força para latifundiários, grileiros de terras e empresas multinacionais cometerem um conjunto de crimes e violações por conta da ausência de um poder efetivo do Estado no Brasil no atual cenário”, afirmou Ulisses.
 
O dirigente nacional do MST analisou para o portal Brasil de Fato o agravamento da violência no Pará e também em outras regiões do Brasil. Na opinião dele, “essa explosão de violência nos últimos meses demonstra uma espacialização de onde o poder do capital do agronegócio avança. Ele traz no seu lastro um conjunto de violações de direitos humanos”. 

Disputa desleal
 
Ulisses citou como exemplos as disputas fundiárias no interior do Maranhão, o caso dos índios Gamela, e em Colniza, no Mato Grosso, em ambos os lugares a disputa fundiária era o elemento central. “O caso do massacre de Pau D'Arco, no Pará, também demonstra uma disputa territorial e um conjunto de outras violações que acontecem com os indígenas e os camponeses no interior da Amazônia”.
 
O dirigente reafirmou que a escalada de violência “demonstra também o avanço da fronteira agrícola promovido pelo grande capital, pelo agronegócio, patrocinado pelo Estado brasileiro. No nosso entendimento, essa é a grande força que arrasta os conflitos no campo no Brasil”.
 
Pará: no topo do ranking da violência
 
“O Pará é campeão porque é o estado da Amazônia brasileira com vultosos recursos naturais em aberto: ouro, minerais, madeira, água em abundância e tem o melhor acesso da região Amazônica. Se você pegar na década de 1950 foi aberta a [rodovia] Belém - Brasília, na década de 1960 e 1970 a Transamazônica [BR230] e a Santarém - Cuiabá [BR-163], então onde passaram as estradas na região Amazônica dando acesso ao grande latifúndio para chegar nos territórios e nos recursos naturais aumentou também o conjunto de conflitos e violações no campo”. 
 
Ulisses lembrou que os primeiros conflitos registrados pela Comissão Pastoral da Terra datam dos anos 80. “Nesse período você teve a abertura democrática, mas, ao mesmo tempo, você vivia sob a Ditadura Militar, que patrocinou para as grandes multinacionais o acesso aos territórios da Amazônia brasileira”.
 
Reforma agrária
 
Na opinião do dirigente, a reforma agrária é a principal medida para solucionar os conflitos do campo. Ele mencionou ainda que em lugar da repressão contra os trabalhadores deveria haver um investimento no sistema de segurança pública “de forma que a inteligência haja muito antes que a força”. 
 
“A criminalização das lutas e dos movimentos sociais promovidos pelo Estado, para nós, é uma demarcação clara de que o Estado tem partido e tem suas preferências nessa disputa. O Estado precisa ser imparcial e se colocar a serviço daqueles que são os menos favorecidos”, enfatizou Ulisses. 
 
Ele defende também a democratização ampla do acesso à terra e às políticas públicas como forma de minimizar as violações de direitos no campo. 
 
“As populações da Amazônia e do Pará sempre viveram, historicamente, à margem de qualquer política pública, os ribeirinhos vivem aqui há centenas de anos e nunca tiveram a acesso às políticas públicas. É preciso democratizar o acesso à terra e também às políticas públicas para resolver o conflito que está na raiz dessa disputa territorial”.
 


Do Portal Vermelho com informações do Brasil de Fato

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