domingo, 10 de abril de 2016

Altamiro Borges: Datafolha tira o sono dos golpistas

A pesquisa Datafolha divulgada na tarde deste sábado (9) deve tirar o sono dos golpistas - que têm se dedicado com tanto afinco para "depor" Dilma, "matar" Lula e destruir o Brasil.  


 
 

A famiglia Frias, que é dona do instituto e do jornal tucano, talvez preferisse escondê-la. Segundo relato seco da Folha, "o ex-presidente Lula (PT) e a ex-senadora Marina Silva (Rede) lideram a corrida para presidente da República em 2018. Entre as opções do PSDB (senador Aécio Neves, governador Geraldo Alckmin e o também senador José Serra), todas têm demonstrado tendência de queda nas intenções de voto".

Em três dos quatro cenários eleitorais pesquisados pelo Datafolha, Lula e Marina surgem empatados dentro da margem de erro - em um deles, o petista lidera. "Na comparação com a pesquisa anterior, de março, a intenção de voto em Lula cresceu em três cenários, voltando ao patamar observado em fevereiro, enquanto Marina se manteve estável em todas as simulações. No cenário de uma disputa entre Lula, Marina e Aécio, por exemplo, o petista tem 21%, a ex-senadora, 19%, e o tucano, 17%. Entre meados de dezembro e agora, Aécio perdeu dez pontos percentuais em suas intenções de voto... Já Geraldo Alckmin, em um cenário alternativo, encolheu cinco pontos no mesmo período".

Mas não são apenas os tucanos que devem estar preocupados com sua cavalgada golpista pelo país. O vice-presidente Michel Temer, que traiu Dilma numa gesto "precipitado e burro" - segundo Renan Calheiros, o peemedebista que preside o Senado -, também terá insônias nos próximos dias. Segundo o Datafolha, "em todos os cenários para 2018, Michel Temer, que assumiria em caso de impeachment de Dilma Rousseff, aparece com apenas 1% ou 2%". Ou seja; o traíra não teria como governar o país, agravando o cenário da crise política e econômica - para desespero da burguesia pragmática.

No clima de polarização política criado pela mídia oposicionista e por seu dispositivo partidário, Lula desponta como a principal liderança do campo popular. No extremo oposto, o fascista Jair Bolsonaro surge como alternativa para os apologistas do ódio. "O Datafolha tem incluído o nome do deputado, que aparece com 8% das intenções de voto. O percentual é o dobro do que o Jair Bolsonaro registrava em dezembro do ano passado". Além dos tucanos e dos traíras do PMDB, a pesquisa divulgada neste sábado também confirma a perda de credibilidade da mídia golpista.




*Altamiro Borges é jornalista, presidente do Centro de Estudos da Mídia Alternativa Barão de Itararé, membro do Comitê Central do Partido Comunista do Brasil (PCdoB).

Fonte: www.vermelho.org.br/

sábado, 9 de abril de 2016

Datafolha: Lula sobe, tucanos despencam e cai apoio ao impeachment

Levantamento mostra ainda que melhor a avaliação do governo Dilma Rousseff. Tudo isso apesar dos ataques midiáticos das últimas semanas

Datafolha: Lula sobe, tucanos despencam e cai apoio ao impeachment
Foto: Ricardo Stuckert/Instituto Lula
Postado por Agência PT, em 9 de abril de 2016 às 21:29:26
Uma nova pesquisa do Instituto Datafolha divulgada na noite deste sábado (9) mostra que o ex-presidente Lula (PT) subiu em todas as projeções para as eleições presidenciais de 2018. Lula lidera todos os cenários ao lado de Marina Silva (Rede). A mesma pesquisa indica crescimento das pessoas que estão contra o impeachment  da presidenta Dilma Rousseff (PT), e uma queda das que estão a favor.
No primeiro cenário projetado pelo Datafolha para 2018, Lula teria 21% dos votos. Marina ficaria com 19%, Aécio Neves (PSDB) com 17%, Jair Bolsonaro  (PSC) com 8% e Ciro Gomes (PDT)  com 7%. Nesse quadro, Aécio tem perdido votos sucessivamente. Na última pesquisa, em 17 de março, o tucano tinha 19%, enquanto Lula tinha 17%.
No segundo cenário, com Geraldo Alckmin concorrendo pelos tucanos, Lula também apresentou crescimento, de 17% para 22%. Já Alckmin caiu de 11% para 9%. Em um terceiro cenário, com José Serra concorrendo pelo PSDB, Lula também subiu de 17% para 22%, enquanto Serra caiu de 13% para 11%. Já no último cenário, com os três tucanos juntos, Lula se descola do restante e aparece com 21%, em franca liderança.
Sobre o impeachment, o Datafolha indica que houve um crescimento de 27% para 33% das pessoas que estão contra o impeachment e uma queda de 68% para 61% das que estão a favor.
Mesmo com os ataques diários sofridos na mídia, o governo da presidenta Dilma teve uma melhora de sua popularidade. As pessoas que avaliam seu governo como ótimo/bom subiram para 13%, aumento de 3% em relação à última pesquisa. Já 63% avaliam seu governo como ruim/péssimo, uma queda de 6 pontos percentuais.
Para o levantamento, foram realizadas 2.779 entrevistas em 170 municípios. A margem de erro é de dois pontos percentuais, para mais ou para menos.
Da Redação da Agência PT

quarta-feira, 6 de abril de 2016

Sob comando de Cunha, relator quer impeachment de Dilma


Em mais uma sessão conturbada, o deputado Jovair Arantes (PTB-GO) apresentou parecer favorável ao impeachment da presidenta Dilma Rousseff, nesta quarta-feira (6), na comissão especial que analisa o tema. A votação, no entanto, foi adiada por pedido conjunto de vistas e deve acontecer na próxima segunda-feira (11). 

Por Christiane Peres


 
 

Membro da comissão especial, a deputada Jandira Feghali (PCdoB-RJ) afirma que o documento é uma sequência de inconstitucionalidades e que não pode ir a voto do jeito que está. Segundo a parlamentar, o texto apresentado pode, inclusive, ser judicializado.

“Ele afronta a decisão do Supremo, a Lei 1.079/50, o Regimento, com o objetivo de incluir na análise o que não está no escopo da denúncia para induzir à admissibilidade. Esse relatório não pode ser votado da maneira como está. Vamos apresentar Questão de Ordem, reclamação e o governo e a defesa da presidenta avaliam se vão entrar no Supremo Tribunal Federal ou não”, avalia.

Para a presidente nacional do PCdoB, deputada Luciana Santos (PE), o relatório é “estarrecedor”, pois desconsidera a defesa de Dilma.

“Embora não tenha sido uma surpresa, este relatório do deputado Jovair Arantes é estarrecedor, sobretudo, depois de uma defesa tão contundente como as feitas pelo ministro da Fazenda, Nelson Barbosa, e pelo advogado-geral da União, Eduardo Cardozo. Mas Jovair age sob comando de Eduardo Cunha, então este relatório demonstra que a posição é puramente política”, destaca.

Em seu relatório, Jovair endossou o pedido de Janaína Paschoal, Miguel Reale Junior e Hélio Bicudo para afastar Dilma Rousseff da Presidência da República por crime de responsabilidade. De acordo com o voto lido pelo deputado, “há indícios mínimos de que a presidente da República praticou atos que podem ser enquadrados nos seguintes crimes de responsabilidade: abertura de créditos suplementares por decreto presidencial, sem autorização do Congresso Nacional; e contratação ilegal de operações de crédito”.

O deputado Chico Lopes (PCdoB-CE) classificou de mera ação política o parecer de Jovair Arantes. Para ele, o texto “não tem a mínima base na realidade”, uma vez que ignora os argumentos apresentados pela Advocacia Geral da União, pelo ministro da Fazenda, Nelson Barbosa, e pelo professor de Direito Financeiro da UERJ Ricardo Lodi. “É uma jogada para a plateia, mas lamento que o relatório desconsidere a defesa da presidenta. Agora, a verdadeira luta vai se dar no Plenário, e com certeza a bancada da democracia vai sair vitoriosa, impedindo o golpe”, afirma.

A votação definitiva no Plenário da Câmara deverá acontecer no domingo (17). No entanto, para que o pedido seja aprovado e vá ao Senado, é preciso que, no mínimo, 342 dos 513 deputados votem favoráveis ao afastamento da petista. 


 Fonte: PCdoB na Câmara

Pochmann: Repactuação entre empresários e governo para sair da crise

Com a constatação, cada dia mais evidente, de que o impeachment da presidenta Dilma Rousseff não é saída viável, muito menos rápida ou indolor, setores da economia olham com mais preocupação para o horizonte recessivo que se delineia. Na avaliação do economista Marcio Pochmann, alguns dos atores que a princípio se colocam contra a gestão do PT podem ser forçados, por causa de interesses econômicos imediatos, a um acordo com o atual governo centrado na recuperação da economia.


 
 

Por Joana Rozowykwiat

De acordo com Pochmann, os questionamentos aos manuais de Washington e os caminhos adotados a partir do enfrentamento da crise de 2008 fizeram com que os governos encabeçados pelo PT se confrontassem com certos interesses da globalização de natureza financeira. Muitos viam no impeachment, então, a possibilidade de retorno ao receituário neoliberal. Mas a realidade pode se impor à investida restauradora. 

“A preocupação econômica começa a ganhar maior importância, porque se acreditava em uma solução política mais rápida, que alguns defendiam ser a retirada da presidenta Dilma. Hoje, vai ficando cada vez mais claro que a solução do impeachment, além de difícil de ser aprovada, pode resultar num problema ainda mais grave de ingovernabilidade, com questionamentos inclusive ao próprio vice [Michel Temer (PMDB)]”, afirmou Pochmann, em entrevista exclusiva aoPortal Vermelho.

De acordo com ele, nos últimos dias, houve uma mudança no cenário político – favorável à presidenta –, que pode se estender à economia. Isso porque o prolongamento da crise política impede que sejam tomadas as medidas necessárias à recuperação da economia. E mesmo àqueles empresários que hoje se colocam contra o governo não interessa mais recessão, pois isso significaria mais prejuízo. 

“Olhando os últimos 10 dias, cada vez há mais dúvidas sobre a viabilidade do impeachment, agora apontando para uma derrota talvez, se não na Comissão, no próprio Plenário da Câmara (...) Há uma mudança no clima político e pode haver também no clima econômico. Porque são interesses reais, concretos, que acreditavam que uma solução política [afastando Dilma] seria rápida, como foi com Collor, e com isso se voltaria a uma situação econômica favorável, mas isso pode não ocorrer”, avaliou o economista, que é ex-presidente do Ipea e professor na Unicamp.

De acordo com ele, as outras opções desejadas pela oposição – com a cassação da chapa de Dilma e Temer ou a convocação de novas eleições a partir de uma PEC – são encaminhamentos “difíceis do ponto de vista político e, sem resolver o problema político, a economia vai ficar aguardando por mais tempo”. Diante da possibilidade de uma demora na solução da crise esticar a recessão para um terceiro ano, uma repactuação de setores da economia com o governo poderia ser um caminho, projetou Pochmann.

“Os acordos nunca são entre os iguais. Hoje setores que podem não aceitar o governo da presidenta Dilma podem ser forçados, em função de seus interesses imediatos, a fazer um acordo com o governo e viabilizar a saída da recessão rapidamente. É uma questão de sobrevivência. Estamos vendo um quadro de quebra de empresas, perdas, prejuízos. E isso pode durar muito mais em função desse quadro que não estabelece saída política conveniente. Um acordo com o atual governo criaria uma nova base de apoio e sustentação associada à recuperação da economia”, opinou. 

Segundo ele, se a alternativa anteriormente defendida por setores do empresariado vai se mostrando sem sucesso, “podem abrir um campo de diálogo com a presidenta Dilma ou com o ex-presidente Lula e estabelecer um cronograma de sustentação do governo com recuperação econômica”. 

Pochmann apontou inclusive um certo “desespero” de setores pró-impeachment, diante da possibilidade de um pacto desta natureza. Ele avaliou que um sinal disso seria, por exemplo, o editorial da Folha de S.Paulo, que pediu a renúncia da presidenta.

“O editorial da Folha, de certa maneira, não deixa de ser o reconhecimento de que o impeachment não tem viabilidade sustentável e decente, então joga para que a presidenta tome a inciativa de sua saída. É uma aposta desesperada, por que percebe que, se não houver uma saída imediata, os que estavam em tese defendendo a saída do governo, podem passar a se articular com esse governo para voltar a recuperar a economia”, disse.

Os interesses do “mercado”

Nas últimas semanas, a mídia vinha publicando matérias que apontavam uma “animação” dos “mercados” com a possibilidade de impeachment. Nesta terça (5), no entanto, o clima parece ter mudado e muitos textos passaram a mostrar que o tal mercado deu um “freio no entusiasmo”. Agora, está mesmo é “preocupado”, diante das “incertezas” do movimento pró-impeachment e das dificuldades de se construir a governabilidade, “seja se Dilma se mantiver no poder, seja se Temer assumir”.

Questionado sobre as razões que teriam levado o “mercado” a se “entusiasmar” com a ideia do impeachment, Pochmann respondeu com uma volta ao tempo, resgatando mudanças promovidas pelos governos do PT. 

“O impeachment de Collor aconteceu justamente no período em que o Brasil fazia sua inserção na globalização financeira e, daquele momento em diante, praticamente foi a economia que passou a comandar a política”, lembrou.

Imaginava-se que uma vitória do PT em 2002 poderia propiciar um choque com esses interesses de uma economia aberta como passou a ser o Brasil. Lula tratou de escrever a Carta aos Brasileiros para acalmar os mercados, mas o ano foi de grande especulação a respeito da política econômica que seria adotada. E, quando a vitória do petista parecia de configurar, o dólar chegou a valer próximo de sete reais, em valores atualizados.

Mas, de 2003 para cá, apontou o economista, não houve uma mudança tão intensa na forma com que o Brasil havia se integrado à economia mundial. “As mudanças foram sempre muito graduais”, disse. Mas, segundo ele, a partir de 2008, o governo Lula optou por fazer um enfrentamento da crise que atuou em dissintonia com os interesses da globalização de natureza financeira. 

“Houve uma opção por maior presença do Estado na economia, através do redirecionamento de fundos e também investimentos. Frente à retração dos bancos privados nacionais e estrangeiros, houve um fortalecimento dos bancos públicos. A partir do encaminhamento das medidas de enfrentamento da crise externa de 2008, o Brasil assumiu papel distinto em relação aos interesses dessa globalização de natureza financeira”, ressaltou, citando ainda uma aproximação com o Brics.

Ao mesmo tempo, destacou, “a política foi cada vez mais questionando o governo da própria economia, dos manuais, do próprio receituário de Washington”. Segundo ele, com a vitória de Lula, “praticamente se abandonou a cartilha neoliberal e nós não tivemos o mesmo movimento que vinha da Era dos Fernandos”. 

De acordo com o economista, “o enfraquecimento do governo da presidenta Dilma seria entendido por parte dos interesses vinculados a Wall Street como sendo uma possibilidade da redenção da política econômica, de forma mais explícita, ao mesmo rumo que o Brasil seguia nos anos 90”. 

Crise é ruim até para especuladores

De acordo com ele, apesar de o capital especulativo que atua no Brasil avaliar que há uma crise considerável no país, há aspectos que indicam um cenário um pouco diferente, uma vez que não houve fuga de capitais e o Brasil esteve no ano passado entre os países que mais investimentos diretos do exterior recebeu. 

“Então, entre os investimentos que não são fundamentalmente especulativos, há uma aposta de que o Brasil volte a crescer. É um dos principais mercados de consumo do mundo. Então há certa divisão entre o mercado especulativo que atua contra ou torce pela mudança do governo, porque isso poderia gerar a própria mudança na política econômica, mas eu não imputaria isso como sendo a totalidade do capital estrangeiro, porque há uma parte interessante de recursos, uma parte que está instalada aqui e tem negócios aqui que não são especulativos e meramente financeiros”. 

Para Pochmann, o prolongamento da crise é ruim para todos os setores da economia, inclusive o bancário. “A Operação Lava Jato praticamente congelou atividades importantes de grandes empresas, que são devedoras do mercado financeiro. Não se resolvendo a situação dessas grandes empresas, elas não têm condições de operar nos setores tradicionais e não pagam os bancos, que deverão, em algum momento, explicitar o tamanho desse prejuízo”, disse.

Pochmann previu que o país pode, então, estar caminhando para crise bancária de dimensão considerável. “E isso obviamente pode comprometer os resultados do setor financeiro, que vem sendo um dos poucos setores privilegiados no quadro recessivo do país. A recessão prolongada nesse país não é adequada mesmo para setores especulativos”, afirmou.



 Do Portal Vermelho

PP fica no governo e orienta a votar contra impeachment

O PP permanecerá na base de apoio ao governo da presidente Dilma Rousseff e a orientação da direção do partido é pelo voto contra o impeachment, comunicou nesta quarta (6), o presidente nacional da sigla, senador Ciro Nogueira (PI). O PP tem hoje 54 parlamentares: 48 deputados e seis senadores em exercício. Há ainda três deputados licenciados.


 
 

O partido, um dos maiores da base, tinha nesta quarta-feira uma reunião do Diretório Nacional para decidir sobre a permanência no governo, mas, segundo Ciro Nogueira, os próprios parlamentares que pediram o encontro, desistiram da ideia.

“Essa reunião estava marcada para as 14h, mas quando fizemos um levantamento preliminar dos 57 votantes mais de 40 queriam a permanecia do partido na base”, disse o senador com o documento que pede o cancelamento da reunião nas mãos.

O senador acrescentou que a direção do partido tem uma "responsabilidade de estar ao lado da presidente" Dilma por fazer parte da base aliada, e disse que orientação do comando da legenda é pelo voto contra o impeachment.

"A orientação partidária é estar ao lado da presidente nesse momento da votação do impeachment", afirmou. Mas, segundo Nogueira, o partido ainda está discutindo se fará uma orientação formal à bancada ou se vai liberar o voto de seus parlamentares.

O presidente do partido assegurou nesta quarta que a legenda não vai negociar cargos durante a tramitação do processo de impeachment, e disse que o PP não discutirá mais sobre o rompimento com o governo até a votação do impedimento na Câmara. A própria presidente Dilma disse na terça-feira que o governo não está preparando nenhuma reestruturação ministerial antes da votação.

“Nenhum membro do partido nem seu presidente está autorizado a discutir participação no governo", disse o senador. "Não deixamos nenhuma margem no partido para nenhum tipo de discussão desse tipo”, completou.




Do Portal Vermelho, com Agência Brasil e Reuters

terça-feira, 5 de abril de 2016

MEC fará quatro simulados nacionais do Enem

O Ministério da Educação fará simulados nacionais para o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) pela internet. O primeiro será no dia 30 de abril. Os simulados fazem parte da chamada Hora do Enem, lançada nesta terça-feira (5) pelo governo. Trata-se de uma plataforma online de estudos e de programas de TV.
 
A Hora do Enem é voltada para os 2,2 milhões de estudantes no terceiro ano do ensino médio. A plataforma começou a ser acessada nesta terça-feira. Para participar, o estudante, seja de escola pública ou privada, precisa fazer um cadastro. Além dos simulados, a plataforma oferece aulas e exercícios. Cada estudante recebe um plano individual de estudos de acordo com os objetivos no exame.
 
"Será um simulado online do MEC, para cada um poder participar e saber o desempenho que teria no Enem, qual nota tiraria, se está bem ou não. O estudante recebe, em seguida, um plano de estudo personalizado", explica o ministro da Educação, Aloizio Mercadante.
 
O programa é baseado no projeto Geekie Games, desenvolvido desde 2013. "Quando você se cadastra, pode escolher o seu objetivo, o curso que quer fazer. O computador calcula quanto tempo você precisa estudar. O estudante recebe o plano de estudo individualizado com quais aulas precisa assistir e exercícios que precisa fazer", acrescenta o ministro.
 
As aulas serão disponibilizadas online, em plataforma denominada Mecflix, "Já fizemos estudos, duas horas e meia de estudos por dia na plataforma melhora em media 30% o desempenho no Enem. Estudem, estudem. E quando estiverem cansados estudem mais um pouco, que não faltam condições", a-conselhou o ministro.
 
Pelos menos quatro simulados nacionais serão feitos até a data do Enem. Haverá provas nos dias 30 de abril, 25 de junho, 13 de agosto e 8 e 9 de outubro. Os últimos exames serão no mesmo formato da prova e terá dois dias de duração. Não haverá simulado da redação.
 
Além do acesso pela internet, a Hora do Enem veiculará diariamente, às 18h, aulas nos canais públicos, comunitários e universitários na televisão em todo o país. Nos finais de semana, haverá reprise dos programas. A intenção é possibilitar o acesso daqueles estudantes que não possuem conexão com a internet.
 
Outra iniciativa para possibilitar o acesso será disponibilizar computadores nas universidades, institutos federais e algumas instituições privadas. Os estudantes que quiserem usar esses terminais, precisam se inscrever no site da Hora do Enem entre 11 e 15 de abril.
 
Segundo Mercadante, a Hora do Enem não tem custo para o ministério, pois é uma parceria com o Sistema S, conjunto de organizações de entidades corporativas voltadas para o treinamento profissional. Fazem parte o Senai, o Sesc, o Sesi e o Senac.
Fonte: novojornal.jor.br/

Quatro questões mais demolidoras da defesa da presidenta Dilma


A pressão das ruas e a reação dos artistas e intelectuais deram o tom para a defesa da presidenta Dilma Rousseff feita na comissão do impeachment nesta segunda-feira (4). O advogado-geral da União, José Eduardo Cardozo, desmontou a tese golpista que tramita na Câmara e ainda apontou os motivos da abertura: foi por vingança do presidente Eduardo Cunha (PMDB-RJ), porque o governo não impediu a instalação do processo que investiga o peemedebista no Conselho de Ética.

Por Dayane Santos


Lula Marques
 
 

Ainda que a polarização política tenha contaminado as instituições, a história recente do país, marcada pela ditadura militar, torturas, perseguições e assassinatos, nos ensinou que a democracia é o melhor caminho. Esse consciente popular, somada à reação firme e organizada das forças progressistas, criaram uma trincheira poderosa em defesa da democracia.

Os grandes meios de comunicação, que diuturnamente atuaram para dizer que, mesmo sem crime de responsabilidade, impeachment era legal, e não um golpe, saem mais uma vez derrotados.

Cardozo evidenciou que se o pedido aceito por Cunha fosse aprovado seria uma clara violação constitucional. “Onde está o ilícito?”, Onde está a má fé?", questionou o ministro.

Primeiro

O primeiro ponto apontado por Cardozo foi as chamadas "pedaladas fiscais ", que os golpistas de plantão argumentam que foi uma prática irregular de crédito. Além de demonstrar que se tratam de despesas de programas sociais, Cardozo ressaltou que elas foram realizadas por meio de uma conta suprimento na Caixa Econômica, com resultados variáveis conforme os gastos mensais. 

A presidenta Dilma, durante entrega de casas do programa Minha Casa Minha Vida, na semana passada, também havia detalhado essa questão, apontando que quando as despesas eram maiores que os depósitos, o Tesouro pagava juros. Quando eram menores, a Caixa pagava. No caso das despesas de 2015, os gastos com programas sociais geravam juros positivos para o Tesouro. 

"Empréstimo é empréstimo, subvenção é subvenção. Quando eu contrato alguém e não faço o pagamento, eu não estou tomando dinheiro emprestado. É como quando tenho um empregado e não pago o salário. Isso significa que estou em atraso com o pagamento, posso estar inadimplente, mas empréstimo dele para você não há. Porque empréstimo exige repasse e o não pagamento não é empréstimo", afirmou.

Segundo

O segundo ponto demolido pela defesa da presidenta, diz respeito aos decretos assinados por ela que liberam créditos extraordinários sem consentimento do Congresso. Cardozo destacou que esses créditos não alteraram a meta fiscal e que existe "farta jurisprudência" dessa prática feita por outros governos também.

"A simples alteração do crédito não significa ofensa a nenhuma meta fiscal estabelecida, ou seja, não há nenhuma ilegalidade a ser imputada pela presidente da República", afirmou. O ministro acentuou que "todos os governos praticam isso", porque os tribunais de contas aceitam a prática e desafiou prefeitos e governadores a alegarem o contrário.

Sendo didático, Cardozo citou como exemplo uma lista de compras para a feira em que se decide, durante a compra, alterar a lista de produtos que serão adquiridas -- sem modificar o saldo final. Segundo ele, essa alteração acontece em qualquer governo e sempre foi autorizada pelo TCU e, no caso de Dilma, só eram assinadas depois de aprovadas por duas dezenas de técnicos de várias assessorias. 

Terceiro

Demolida a tese técnica, Cardozo derrubou a tese política. Destacou que a diferença entre o sistema presidencialista, adotado no Brasil, e o parlamentarista é que no parlamentarismo, o governo pode ser destituído por decisão do Parlamento, enquanto no regime presidencialista há garantias de estabilidade ao presidente da República, que exerce tanto a chefia de Estado quanto de governo.

“Os regimes parlamentaristas ou mistos têm mecanismos de controle primário entre Executivo e Legislativo. Há prerrogativa do chefe de estado de dissolver o parlamento. E o Parlamento pode destituir o governo. No presidencialismo, há uma fusão entre quem é chefe de estado e chefe de governo, que é o presidente. Por isso a ordem constitucional, ao contrário do que ocorre no sistema parlamentarista, dá uma série de garantias e estabilidades ao presidente”, disse Cardozo, enfatizando que não se afasta “politicamente um presidente eleito”.

Cardozo afirmou que um processo de impeachment precisa apontar crime de responsabilidade pelo presidente e este deve ser com dolo, ou seja, com intenção de cometer crime. Caso contrário, trata-se de um “golpe de Estado”. 

“Se esses pressupostos não forem atendidos, se não houver ato imputado ao presidente, se não for justificado, a tentativa de impeachment é golpe de Estado, sim. O mundo atual não tem assistido mais a golpes militares. Por isso, se buscam discursos retóricos para se justificar a violência. Golpe com ruptura da Constituição ofende o estado democrático de direito [...] que será mal visto internacionalmente, trará insegurança jurídica e incertezas institucionais”, disse.

E acrescentou: “O impeachment que rasgue a Constituição traz duas graves consequências: a primeira é a ruptura com a institucionalidade; a segunda é fazer nascer um novo governo sem legitimidade. Pouco importa os homens que vierem a assumir, se são probos ou não, mas se a Constituição foi rasgada, não há legitimidade para o governo”.

Quarto e derradeiro

O quarto, e talvez o mais importante, ponto da defesa apresentado por Cardozo foram os motivos que levaram o presidente da Câmara, Eduardo Cunha a aceitar o pedido de impeachment. 

“Conforme fartamente documentado pela imprensa, a decisão do presidente Eduardo Cunha não visou o cumprimento da Constituição. Os fatos ficaram claros. A sua excelência senhor Eduardo Cunha usou da sua competência para fazer uma vingança e retaliação à chefe do Executivo porque esta se recusava a garantir no Conselho de Ética os votos que seu partido poderia lhe dar para que não fosse processado", salientou.

Cardozo enfatizou que os fatos demonstram que o Brasil está “a mercê de um chantagista” e que a presidenta recusou a ceder às chantagens, por isso tem o seu mandato atacado.

“Dilma se recusou a fazer gestões junto aos deputados do PT. Um governo que se curva a esse tipo de situações não tem legitimidade para governar”, concluiu. 


Do Portal Vermelho

domingo, 3 de abril de 2016

Golpe é para restaurar a República Velha

O golpe é para acabar, com um só golpe, com três grandes legados sociais e políticos do Brasil: o legado de Lula, o legado de Ulysses Guimarães e o legado de Getúlio Vargas.

Por Lindbergh Farias* e Marcelo Zero*, Portal Fórum



Michel Temer e Eduardo Cunha.
Michel Temer e Eduardo Cunha.

Não é exagero, não é invenção. É o que está escrito no programa econômico do golpe de Michel Temer e Eduardo Cunha, o documento “Uma Ponte Para o Futuro”, divulgado há poucos meses.

O título é evidentemente enganoso. Não se trata de uma “ponte para o futuro”. Trata-se de uma “pinguela para o passado”. E não é um passado recente; é um passo longínquo, bem atrasado.

Com efeito, o programa ultraliberal de Cunha/Temer, criticado até mesmo por FHC por seu caráter excessivamente liberalizante, pretende desconstruir uma longa série de políticas e direitos que asseguram à população e aos trabalhadores de hoje alguma possibilidade de terem uma vida digna.

Não se trata apenas de revisar as políticas sociais que o PT implantou e seu programa neodesenvolvimentista. Não se trata somente de voltar ao status quo ante do neoliberalismo que vigia na época do tucanato. É muito pior. A ideia aqui é desconstruir toda uma arquitetura histórica de direitos sociais e mecanismos econômicos que, bem ou mal, apontam para a criação de um capitalismo minimamente civilizado no país.

A ideia é nos levar de volta à República Velha, na qual a questão social era simples caso de polícia.

Para isso, a pinguela para o passado de Cunha/Temer aponta suas baterias não apenas contra o legado social de Lula, mas também contra a Constituição de Ulysses Guimarães e a CLT de Getúlio.

A Constituição de 1988 era chamada por Ulysses de Constituição Cidadã porque, segundo ele, “assegurava aos brasileiros direitos sociais essenciais ao exercício da cidadania e estabelecia mecanismos para garantir o cumprimento de tais direitos”.

A própria inserção dos direitos sociais como segundo título da Constituição, atrás apenas dos direitos individuais e coletivos, já revelava essa intenção dos parlamentares que elaboraram a Carta.

Além de ter reduzido a jornada de trabalho para 44 horas, consagrado a irredutibilidade dos salários, assegurado o direito de greve e o direito ao salário mínimo real capaz de assegurar uma sobrevivência digna, a nova Carta também constitucionalizou outros direitos sociais, como saúde, educação, proteção à maternidade e à infância e assistência aos desamparados.

Com a nova Constituição, a assistência médica e farmacêutica deixou de ser benefício previdenciário e passou a ser direito social, garantido pelo Estado a todos os brasileiros, independentemente de contribuição previdenciária. A universalização do ensino fundamental público, a oferta obrigatória de educação infantil pelo Estado e o crescimento da oferta do ensino médio são alguns dos aspectos educacionais constitucionalizados. Ao mesmo tempo, a Carta de 1988 procurou assegurar o cumprimento desses direitos, estabelecendo vinculação de receitas orçamentárias, especialmente para a saúde, a educação e as políticas sociais.

Esse foi o grande legado social de Ulysses Guimarães, a maior figura histórica do PMDB.

Pois bem, Cunha e Temer querem acabar com isso, estabelecendo a desvinculação dessas receitas. Eles querem o que se chama de “orçamento de base zero”, isto é, a desvinculação total de todas as receitas e gastos sociais existentes. Assim, não haveria mais pisos constitucionais mínimos para saúde, educação e outras despesas sociais.

A consequência imediata é que as ações públicas nas áreas da saúde, educação, previdência, assistência, geração de emprego e renda, habitação, saneamento e transporte público não teriam mais continuidade de longo prazo. Tudo ficaria ao sabor de avaliações “técnicas” feitas por um conjunto de tecnocratas.

Trocando em miúdos: após se pagar a dinheirama bilionária para cevar bancos e rentistas e se fazer um grande superávit primário, se decidirá se há ou não recursos para pagar a saúde e educação devida aos brasileiros. Se não tiver, não se paga ou se reduz bastante.

A consequência principal, além da consequência imediata, é que todos os programas sociais relevantes serão precarizados. Não se trata apenas do Bolsa Família, do Mais Médicos e de outros programas implantados pelo PT. É tudo mesmo. Afinal, a prioridade do programa Cunha/Temer é usar o dinheiro de nossos impostos para assegurar a remuneração do sistema financeiro. Para o social, restarão as sobras.

Em vez de uma Constituição Cidadã ou Social, como queria Ulysses, teremos uma Constituição Empresarial ou Financeira.

Na realidade, a intenção última aqui é abrir o caminho para um velho sonho dos nossos conservadores, os quais nunca esconderam sua aversão à Constituição “que aumentou os gastos públicos”: privatizar saúde, educação, previdência e demais serviços públicos. O que eles querem mesmo é acabar com a universalização desses serviços e focar gastos mínimos apenas nos miseráveis. A universidade pública e o SUS serão as primeiras vítimas.

Mas além de destruir legado social de Ulysses Guimarães, o programa Cunha/Temer também quer destruir o legado de Getúlio Vargas.

Por isso, o programa Cunha/Temer determina que “as convenções coletivas prevaleçam sobre as normas legais”. Em outras palavras, querem acabar com a proteção trabalhista assegurada pela CLT de Getúlio Vargas. Ora, nas relações trabalhistas, o poder de barganha do capital é muito maior que o dos trabalhadores. Sem a proteção substancial da lei, a tendência inexorável é que o mercado de trabalho fique mais terceirizado e precarizado. Inevitavelmente, os rendimentos dos trabalhadores serão comprimidos e o poder dos sindicatos será fragilizado, revertendo todo o ganho alcançado nos últimos anos.

Para completar a obra no campo do trabalho, o plano Cunha/Temer pretende rever a política de valorização do salário mínimo implantada nos governos do PT, vetor de fundamental importância para a dinamização do mercado interno de massa. Não satisfeitos, Cunha e Temer também propõem o fim, no orçamento, “de todas as indexações, seja para salários, benefícios previdenciários e tudo o mais”. Com tal medida, todas as aposentadorias, pensões e outros benefícios previdenciários ou assistenciais serão devidamente achatados.

Moreira Franco, outro responsável pelo plano, já fala em concentrar os programas sociais, inclusive o Bolsa Família, somente nos 10% mais pobres. Segundo ele, o Minha Casa Minha Vida não poderia contar mais com aportes do FGTS, convertendo-se de maior programa habitacional do mundo a um programa habitacional qualquer restrito à classe média, e o Fies, o Prouni e o Pronatec seriam reduzidos. Seria o início de um pacote infindável de maldades. Voltaríamos à era dos tristes pacotões impopulares.

Evidentemente, nada disso seria necessário para se equacionar os desequilíbrios fiscais do país. Afinal, os orçamentos somados do Bolsa-Família, Minha Casa Minha Vida, abono salarial, seguro desemprego, Educação e Saúde não alcançam R$ 300 bilhões, ao passo que os gastos com juros da dívida superaram R$ 500 bilhões, em 2015. Assim, não são os gastos sociais que desequilibram as contas públicas, são os gastos financeiros.

A “culpa” não está no legado social de Lula, Ulysses e Getúlio. A culpa reside na voracidade de nosso rentismo, que o programa Cunha/Temer pretende cevar ainda mais com um ajuste fiscal mais restritivo e taxas de juros estratosféricas.

A questão essencial aqui é a de sempre: quem vai pagar pela crise? Cunha e Temer querem que o custo da crise recaia sobre os trabalhadores, os aposentados e a população que depende dos serviços públicos. Aparentemente, esse é o preço que eles terão de pagar para que os “investidores privados sejam devidamente estimulados”.

Completando a obra regressiva do programa, há o retrocesso no plano internacional. Com efeito, Cunha e Temer querem acabar também com política externa altiva e ativa, que deu ênfase à integração regional, às parcerias estratégicas com outros países emergentes e à cooperação Sul-Sul. A ideia essencial, nesse plano externo, é acabar com o Mercosul e ressuscitar a finada ALCA, aderindo a acordos comerciais amplos e assimétricos, como os relativos à Parceria Transatlântica e à Parceria Transpacífica, que tenderiam a arruinar a produção nacional, especialmente a da nossa indústria. A subalternidade às potências tradicionais voltaria a imperar, complementando a fragilização interna.

A cereja do bolo seriam o pré-sal e outros patrimônios públicos do Brasil, que seriam vendidos a preços de banana, quando instaurada a republiqueta de bananas do golpe.

Esse programa é um desastre para a população mais necessitada. Mas não apenas para ela. É um desastre também para o Brasil. Numa conjuntura de baixo crescimento do comércio mundial e de fim do ciclo das commodities, seria imprescindível a manutenção de um dinamismo do mercado interno pela via do combate à pobreza, da distribuição de renda e do crédito popular. Algo que só os legados sociais que Cunha e Temer querem destruir poderiam propiciar. Assim sendo, o programa da pinguela para o passado só agravaria nossos desequilíbrios e nos afundaria numa recessão muito mais profunda e duradoura.

Nesse ambiente golpista que configura clara ameaça ao Estado Democrático de Direito e aos direitos e garantias individuas, a desconstrução desses legados sociais e dos direitos sociais e econômicos a eles vinculados completaria a tarefa de nos fazer regredir a estágios históricos que julgávamos superados.

A combinação altamente tóxica de golpe político, fragilização da democracia e regressão social geraria um quadro, no qual a demonização do Estado de Bem Estar, das políticas sociais e das esquerdas se entrelaçaria com a marginalização das forças progressistas do país, dos movimentos sociais, dos defensores dos direitos humanos e das minorias e dos sindicatos dos trabalhadores.

Como nos velhos tempos de Washington Luis, a “questão social” voltaria a ser caso de polícia. Para compensar, com a hegemonia do fisiologismo parlamentar que o golpe traria, a corrupção deixaria de ser caso de polícia, como almejam fervorosamente Cunha et caterva.

O golpe é República Velha nas veias abertas do Brasil!



*Lindbergh Farias é senador pelo PT-RJ e **Marcelo Zero é sociólogo.
Fonte: www.vermelho.org.br/

sábado, 2 de abril de 2016

Em Fortaleza, Lula cobra que Temer “aprenda sobre eleições”

Ex-presidente participou, neste sábado, de ato pela democracia em Fortaleza. Ele ainda disse ter a expectativa de assumir a Casa Civil nesta semana

Em Fortaleza, Lula cobra que Temer “aprenda sobre eleições”
Foto: PT-CE
Postado por Agência PT, em 2 de abril de 2016 às 13:10:46
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi às ruas, neste sábado (2), em Fortaleza (CE), para um ato em favor da democracia e contra o impeachment da presidenta Dilma Rousseff.Durante a manifestação, ele cobrou responsabilidade do vice-presidente da República, Michel Temer.
“Eu perdi muitas eleições. E eu quero que ele (Temer) aprenda sobre as eleições. O Temer é um professor de direito e sabe que o quê estão fazendo é um golpe. E isso, ele sabe que vão cobrar é dos dos filhos dele, é do neto dele amanhã. Porque a forma mais vergonhosa de chegar ao poder é tentar derrubar um mandato legal“, condenou Lula.
Fortaleza Lula
Foto: PT-CE
O ex-presidente ainda garantiu ao povo que, se o Supremo Tribunal Federal (STF) aprovar, esta semana ele assumirá a Casa Civil para contribuir com o governo Dilma. “Quinta-feira, eu estarei assumindo a Casa Civil, se a Suprema Corte aprovar, para ajudar a presidente Dilma, andar de mãos dadas com ela e com vocês, para criar condições de melhorar a vida do povo. Nós temos que garantir a governabilidade à Dilma”, disse.
Ele cobrou que os opositores ao governo expliquem os motivos de tanto “ódio” contra Dilma.
“Será que é ódio por que a empregada doméstica passou a ter direito neste país? Será que é ódio por que filho de pobre, negro, da periferia, passou a fazer faculdade? Será que é ódio por que 22 milhões de empregos foram gerados em 12 anos? Será que o ódio é por que todos os trabalhadores organizados tiveram aumento de salário? Será que é por causa do Fies, do Pronatec, das escolas técnicas, do Minha Casa Minha Vida, do Bolsa Família e do aumento real do salário minimo: Eles precisam explicar porque tanto ódio da primeira mulher que preside o país”, questionou o ex-presidente. 
“Eu estou estranhando um pouco o que está acontecendo no nosso país. Eu completei 70 anos de idade. Vivo nesse país fazendo política e nunca vi um clima de ódio estabelecido no país como está estabelecido agora. Aqueles que amam a democracia aqueles que gostam de fazer política querem que se respeite a coisa mais elementar, que é o respeito ao voto popular que elegeu a Dilma”, completou.
lula FORTALEZA
Foto: PT-CE
O ex-presidente voltou a reforçar que a presidenta não cometeu nenhum crime de responsabilidade e nenhuma irregularidade. Lula ainda classificou como “golpistas” o que defendem o impeachment.
“Ninguém aqui é contra o impeachment que está na Constituição com base legal, por crime de responsabilidade, mas Dilma não cometeu nenhum crime, nenhuma irregularidade; por isso, defender impeachment hoje é, sim, ser golpista neste país. A melhor forma de chegar ao poder é pelo voto; o resto é golpe. Vamos falar para o Cunha e para o Temer: não vai ter golpe!”, avisou Lula.
A manifestação pela democracia aconteceu na Praça do Ferreira, no centro de Fortaleza. De acordo com estimativas da organização, cerca de 50 mil pessoas participaram do ato. O presidente nacional do PT, Rui Falcão; o governador do Ceará, Camilo Santana; o presidente do PT-CE, De Assis Diniz; o presidente nacional da CUT, Vagner Freitas; os senadores da República José Pimentel (PT-CE), Regina Sousa (PT-PI) e Humberto Costa (PT-PE); os governadores do Piauí, Wellington Dias (PT), do Rio Grande do Norte, Robinson Faria (PSD), da Paraíba, Ricardo Coutinho (PSB), deputados federais e estaduais, prefeitos e vereadores petistas e de outros partidos também fizeram parte da mobilização.
Lula Fortaleza
Confira os principais pontos da fala do ex-presidente:
Mesmo se não tivesse esse ato aqui, só a chuva que Deus mandou a partir de ontem já valeria a pena estar aqui no Ceará.  Não é todo dia que a gente vê o chão molhado, o agricultor dando risada. 

Tô estranhando um pouco o que tá acontecendo no nosso País. Completei 70 anos de idade. Vivo nesse País fazendo política há 50 anos e nunca vi o clima de ódio estabelecido agora neste País. Parece que neste País tem duas coisas: aqueles que amam a democracia, aqueles que gostam de fazer política, que são do PT, do PCdoB, das centrais sindicais, e aqueles que são contra nós. Aqueles que têm as revistas, os jornais, a televisão, que são na verdade os responsáveis por esse clima de ódio que está estabelecido neste País.

Eu, querido Camilo, fui oposição a vida inteira. PErdi três eleições seguidas e vocês nunca viram eu chamar o PT pra ir pra rua, pra derrubar governo,  agente fazer manifestações pra que esse PAís não desse certo. Na verdade, essa gente que vinha pra rua, tentando usar verde e amarelo, pra dizer que são brasileiros, precisava ter trabalhado o tanto que nós trabalhamos. 

Esse povo que está aqui, que está na rua, é um povo trabalhador, ordeiro, que paga suas contas. E é um povo que quer apenas que eles respeitem a coisa mais elementar, que é universal, que é o direito ao voto popular que elegeu a Dilma. 

E eu às vezes fico vendo televisão, as revistas e os jornais e fico me perguntando por que tanto ódio? Será que é ódio porque a empregada doméstica passou a ter direito neste País? Porque filho de pobre negro da periferia passou a fazer universidade nesse País? Porque em apenas 12 anos geramos 22 milhões de empregos neste País? Será que é ódio porque durante 12 anos todos os trabalhadores organizados tiveram aumento de salário? Porque nós criamos o FIES e colocamos milhões de jovens na universidade? Por causa do Pronatec, das escolas técnicas, do programa de aquisição de alimentos, do Minha Casa Minha Vida, do Bolsa-família, do aumento do salário mínimo/ Eles precisam explicar por que tanto ódio da primeira mulher que governa este país.

E resolveram tentar encontrar uma via fácil pra derrubar a nossa presidenta.

Foi só a Dilma começar a andar de bicicleta, e eles inventaram de começar a tentar cassar ela por causa de uma pedalada.
Ninguém aqui é Pra ter impeachment tem que ter base legal, tem que ter crime de responsabilidade. E a companheira Dilma e o seu governo não cometeram nenhum crime de responsabilidade. Por isso defender o impeachment é ser golpista, neste instante neste País.
FORTALEZA lula

Queria que todos prestassem atenção ao que está em jogo neste instante, que nós já vimos em 1964. Não é tentar derrubar a Dilma com um golpe pra colocar alguma coisa melhor. Olha quem tá pretendendo governar este País. Olha se eles têm alguma preocupação com o social deste País. Eles não querem governar este País pra aumentar salário mínimo, pra garantir piso dos professores, pra garantir o Bolsa-família e reajuste anual, pra garantir que as pessoas mais pobres tenham direito. Incomoda eles, sim, que o nosso povo frequente a mesma praça que eles, o mesmo restaurante, vá no mesmo cinema ou no mesmo teatro. E o que mais incomoda a eles é o pobre querer andar de avião agora.
Na verdade, eles não aprenderam a dividir os espaços públicos com o povo brasileiro. E vou dizer uma coisa pra vocês, pelo carinho que eu tenho pelo povo do Ceará, porque venho aqui há muito tempo fazer campanha. Eu passei minha vida inteira acreditando que era possível mudar este País.  Às vezes eu deitava na cama e perguntava pra Marisa: será que vamos conseguir mudar este País? E eu tinha na minha cabeça uma coisa: eu não posso trair o meu povo.

A solução do nosso País foi encontrada quando nós vimos que o povo não era problema; era a solução desse País. Uma mulher pobre com cem reais faz muito mais por esse povo do que um rico com um bilhão, que pega lá no BNDES. Eles não sabem o benefício que a gente faz quando a gente resolve fazer com que todas as pessoas possam subir um degrau na escala social. Eles pensavam que pobre não gostava de coisa boa. O que incomoda a eles é um presidente nordestino, que não tem diploma superior, ter sido o presidente que mais fez universidade neste País.

A coisa mais sagrada da minha vida foi carregar o orgulho e dizer no mundo inteiro o que a gente fez neste País. 

Quando a gente fez o Bolsa-família, eles diziam que era esmola. 

Eles perceberam que a gente tava trazendo doutor pro Nordeste, fazendo pesquisa pro Nordeste.

Eles não admitem que a gente tenha feito em 12 anos mais escola técnica do que eles fizeram em 100 anos. Colocado mais jovens na universidade que eles colocaram num século.

Eu soube que ontem nessa cidade encheram de outdoor contra o Lula. Eu não fico com ódio não. Aos 70 anos eu já tô pensando que o homem tá me chamando. O dinheiro que essas pessoas gastaram com outdoor pra falar mal de mim, deveriam ter vergonha na cara e fazer outdoor dizendo o que eu fiz pelo Nordeste brasileiro e o que eu fiz pelo Ceará. 
Pode pegar a história pra saber se um presidente da República em qualquer momento colocou no Ceará 30% do que eu coloquei em oito anos de mandato.

Se tudo der certo, e a Suprema Corte aprovar, quinta-feira eu estarei assumindo a Casa Civil do governo. E vou dizer por que que eu aceitei, depois de muito tempo. É porque eu tô convencido, acredito niso como acredito em DEus, qeu este País tem que mudar, tem que dar a volta por cima, mudar a economia, gerar emprego e renda pra essas pessoas. 

É todo dia se falando em corte neste País. Em crise. Precisamos falar em crescimento, desenvolvimento e investimento neste País.

Volto pra ajudar a companheira Dilma, andar de mãos dadas com ela e com vocês, pra vir aqui inaugurar a Transposição das Águas do Rio São Francisco. 
O nordestino é bom por isso. a gente nasce e se não morre até cinco anos de idade cria um couro tão duro que não tem nada que a gente não possa fazer.

Eu tava pensando que eu ia descansar na minha vida, mas eu não vou deixar, junto com vocês, não vou permitir que haja golpe. E queria fazer aqui nesta praça um apelo aos deputados federais. A melhor maneira de chegar ao poder é disputar eleições, ganhar eleições. Eu sou a experiência disso. PErdi muitas eleições, e quero que eles aprendam isso.

Temer é um constitucionalista, um professor de Direito. Ele sabe que o que estão fazendo é golpe. e sabe que isso vão cobrar é do filho dele, do neto dele amanhã, porque a coisa mais vergonhosa de chegar ao poder é tentar encurtar o mandato de uma mulher com a seriedade e a qualidade da presidente Dilma Rousseff. ***

Quero agradecer a vocês. Vim aqui e volto pra São Paulo hoje mesmo, mas se for necessário volto pra cá

Eu queria que vocês lessem a ideia deles sobre economia. E que os deputados que defendem eles lessem também. Não vai ter mais garantia de dinheiro pra educação e pra saúde e pra políticas sociais, como é hoje, que está garantida na Constituição. A gente não pode diminuir dinheiro pra educação, pra saúde. Eles agora querem que a cada ano o Congresso discuta o que vai pra educação, pra saúde, pra política social. Não querem mais o reajuste anual do salário mínimo. E nós já vivemos isso, gente. Momentos em que o governo não reajustava nem a inflação do salário mínimo. Já vivemos a briga que nós vivemos pra aprovar o salário do professor, que é uma vergonha. Todo mundo fala bem do professor, minha professorinha, mas na hora do salário não querem. Querem que o professor receba um salário que não dá pra dar comida À família. 

Querem que este País tenha um retrocesso. 

Pelo que eu tô vendo, se depender de vocês eles vão ter que esperar as eleições de 2018 pra disputar o governo deste País. 
Eu só tenho uma coisa nesta vida de compromisso: é com o povo deste País. Eu faz dois anos que tô sendo vítima dos maiores ataques que um ser humano foi vítima. Todo santo dia. Eles já criaram um apartamento pra mim que não é meu, e eu quero convidar todos vocês, no dia que for meu. Eles já inventaram uma chácara que não é minha, e quando ela for minha vocês vão visitar minha chácara. Inventaram até um barco de quatro mil dólares. Parece o Lady Laura. É um verdadeiro iate Eu nem vou em Angra com meu iate, pra não competir com Roberto Carlos. Ou seja, já inventaram de tudo.

Nós vamos garantir a governabilidade da Dilma, porque este País não pode voltar atrás. 

Nós sabemos como era o Ceará, como era Pernambuco, a Paraíba e o Rio Grande do Norte quando eles estavam no governo.”
Da Redação da Agência PT de Notícias