sábado, 27 de julho de 2013

Protesto no Rio chega às areias de Copacabana e espanta fiéis da JMJ

Produção do evento nega fim antecipado da apresentação.
Ato percorreu mais de 10km, da Zona Sul ao Centro da cidade.



Manifestante faz um coração com as mãos à frente do palco principal da Jornada Mundial da Juventude. Manifestantes tomaram as areias de Copacabana durante show católico (Foto: Gabriel Barreira/G1)Jovem faz um coração com as mãos em frente ao palco principal da Jornada Mundial da Juventude. Manifestantes tomaram as areias de Copacabana durante show católico (Foto: Gabriel Barreira/G1)
Um protesto pacífico que começou aparentemente sem rumo teve seu auge, na noite desta sexta-feira (26), na frente do palco principal da Jornada Mundial da Juventude, em Copacabana, Zona Sul do Rio. O ato espantou fiéis que assistiam à última atração cristã da noite e chamou a atenção do mundo para temas como os gastos públicos com o próprio evento, o desejo do fim da polícia militar e a insatisfação com os governos municipal, estadual e federal.
Mais cedo, naquele mesmo palco, o Papa Francisco assistiu à Via Sacra e falou ao público, mas o Pontífice já havia ido embora ao início do protesto. Por volta das 21h30, um show católico acontecia no local, mas foi encerrado pouco depois da chegada dos manifestantes. A organização da JMJ, porém, nega que tenha antecipado o fim da apresentação. A caminhada de quase 10 quilômetros não teve incidentes, diferentemente do ato em São Paulo, em apoio àmanifestação carioca contra o governador Sérgio Cabral.
No Rio, o protesto foi de Copacabana à Lapa e começou quase duas horas depois do previsto. O motivo do atraso, por coincidência, foi um dos focos das primeiras manifestações de junho: o transporte público. Com o metrô restrito a peregrinos e as ruas do bairro fechadas por causa da JMJ, centenas de manifestantes demoraram para se encontrar na estação Cardeal Arcoverde e seguir pela Avenida Atlântica até invadir as areias. Na chegada ao ponto da platéia mais próximo do palco, um fiel chegou a se ajoelhar e rezar com medo dos mascarados.
Empurra-empurra com a Força Nacional
Durante quase todo o percurso, os jovens foram acompanhados por policiais com identificação alfa-numérica. Sem os nomes nas fardas e apenas com letras e números nos coletes, os agentes fizeram revistas e dialogaram com os manifestantes para evitar brigas, de forma bem-educada. Chamado de "policiamento de multidões", o grupo que agiu em protesto na quinta (25) com sucesso, obteve êxito novamente.

Manifestantes reclamaram de truculência da Força Nacional (Foto: Gabriel Barreira/G1)
Manifestantes reclamaram de truculência da Força
Nacional (Foto: Gabriel Barreira/G1)
No entanto, nas esquinas das avenidas Atlântica com Princesa Isabel, houve tumulto. Agentes e manifestantes concordaram em seguir à beira-mar pela pista sentido Ipanema, para se aproximar do palco. Nervosos, agentes da Força Nacional correram para fechar a via. Houve empurra-empurra e truculência.
Um manifestante seria detido, mas os policiais de farda alfa-numérica dialogaram e impediram a prisão. Ele foi revistado e nada foi encontrado em sua mochila. No total, foram mais de 300 averiguações. Nenhum artefato foi encontrado.
Acalmada a situação, os manifestantes decidiram se aproximar ao máximo do local onde ocorria o show. Já nas areias, pediram a saída de Cabral e, com gritos, "abriram mão" da Copa e da vinda do Papa, em troca de "saúde e educação". Com medo, manifestantes abandonaram a apresentação.
Terminado o ato nas areias, manifestantes decidiram seguir rumo à casa do governador, no Leblon. No entanto, por temerem confronto com o Batalhão de Choque, que fazia uma ronda no local, desistiram já no meio do caminho. Apesar da indecisão, o grupo decidiu seguir para a Lapa. Em Botafogo, os PMs alfa-numéricos entraram em vans e deixaram a monitoração por conta de policiais do 2ºBPM (Botafogo).
Movimento pela saída do governador Sérgio Cabral teve repercussão também em São Paulo, onde houve ato semelhante (Foto: Gabriel Barreira/G1)Movimento pela saída do governador Sérgio Cabral teve repercussão também em São Paulo, onde houve ato semelhante (Foto: Gabriel Barreira/G1)
Licença para ambulância e silêncio em frente a hospital
Durante a caminhada, além das hostilidades ao governador Sérgio Cabral e ao prefeito do Rio, Eduardo Paes, o grupo perguntava: "Cadê o Amarildo?", em referência ao pedreiro sumido há 2 semanas na Rocinha após prestar depoimento a policiais da UPP. Simbolicamente, a "procura" teve peso com a chegada do grupo em frente ao Cemitério São João Batista, em Botafogo.

Pouco antes, um dos momentos mais marcantes. Já diminuto, o grupo abriu passagem para uma ambulância que seguia pela Rua Figueiredo de Magalhães. Alguns metros à frente, na porta do Hospital Copa D'Or, os manifestantes ficaram em absoluto silêncio em respeito ao local. Quando passaram, voltaram a gritar entusiasmados pedindo a saída do governador. De lá, seguiram para a Lapa, onde o ato dispersou de madrugada após a PM usar spray de pimenta.
Fonte: g1.globo.com

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