quinta-feira, 30 de maio de 2013

Inflação mais baixa faz bem para o PIB, diz presidente do Banco Central

Para Tombini, crescimento do PIB não deve chegar a 3% neste ano.
'Combate à inflação vem fortalecer a confiança nos pilares da economia'.



O presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, reafirmou nesta quinta-feira (30), em entrevista ao Jornal Nacional, que o compromisso da autoridade monetária é com o controle da inflação e previu que o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) não deve chegar a 3% em 2013.
Na noite de ontem, o Comitê de Política Monetária (Copom) da instituição acelerou o ritmo de alta dos juros ao promover umaelevação de 0,5 ponto percentual na taxa Selic, para 8% ao ano, mesmo com o fraco desempenho do PIB no primeiro trimestre deste ano. A decisão foi criticada por representantes do setor produtivo e dos trabalhadores.
Segundo Tombini, a atuação do BC é para "preservar a renda dos assalariados". "A inflação mais baixa ajuda a reforçar a confiança, que faz bem para o PIB. Estamos ajudando a consolidar esse processo de recuperação gradual da economia brasileira", afirmou o presidente do Banco Central.
Inflação vai cair no curto prazo
De acordo com o presidente do BC, a inflação no curto prazo vai cair. "Mas o trabalho do Banco Central é de atender seu compromisso não só no curto prazo, mas fazer com que os ganhos de redução de inflação, nos próximos meses, se prolonguem no tempo. É reforçar os pilares da economia brasileira para a dona de casa, para o consumidor e para os próprios empresários", declarou Tombini em entrevista ao Jornal Nacional.

Vamos ajudar para que, estes preços menores que temos visto no atacado, passem para o varejo, para o consumidor final"
Alexandre Tombini,
presidente do BC
Em sua avaliação, a inflação mais baixa reforça a confiança tanto da dona de casa,  quanto do consumidor e do empresário, para fazer seu planejamento de investimento.
"Ou seja, dá mais tranquilidade para a economia. Reforça os fundamentos da economia brasileira. O combate à inflação vem no sentido de fortalecer a confiança nos pilares da economia brasileira e dar mais tranquilidade", disse ele.
Inflação 'comportada' em junho
O presidente da autoridade monetária declarou ainda que espera uma queda da inflação nos próximos meses. Segundo ele, isso é algo "previsível". "O BC vem no sentido de fazer com que [a queda] os preços dos alimentos no atacado passem de forma mais clara, mais firme, para o consumidor. E que isso se consolide não só nos proximos meses, mas nos próximos anos (...) A nossa previsão de inflação para junho é de uma inflação bastante comportada", afirmou.

Tombini declarou ainda que o aumento dos juros é um tipo de "remédio" para trazer a inflação para baixo e que isso reforça a confiança nos pilares da economia brasileira. "Por outro lado, ajuda a preservar a renda dos assalariados. Teremos um ambiente econômico de maior estabilidade. [O aumento dos juros] vem no sentido de dar mais tranquilidade para os investidores", acrescentou ele.

Metas de inflação
Pelo sistema de metas que vigora no Brasil, o BC tem de calibrar os juros para atingir as metas pré-estabelecidas, tendo por base o IPCA. Ao subir os juros, o BC atua para controlar a inflação e, ao baixá-los, julga, teoricamente, que a inflação está compatível com a meta.

Para 2013 e 2014, a meta central de inflação é de 4,5%, com um intervalo de tolerância de dois pontos percentuais para cima ou para baixo. Deste modo, o IPCA pode ficar entre 2,5% e 6,5% sem que a meta seja formalmente descumprida.
Em abril, o IPCA somou 0,55% e, no acumulado do ano, ficou em 2,50%, acima dos 1,87% relativos a igual período de 2012. No acumulado em 12 meses até abril deste ano, o IPCA teve alta de 6,49% e, assim, ficou no limite do teto da meta de inflação estabelecida pelo Conselho Monetário Nacional, que é de 6,5%.
Entretanto, o próprio Banco Central tem previu, no relatório de inflação divulgado no fim de março, um IPCA próximo de 6% neste ano. Os dados mostram que a instituição manteve a taxa básica de juros inalterada na mínima histórica, em 7,25% ao ano desde outubro do ano passado, elevando-a somente em abril, mesmo com a deterioração do cenário de inflação registrado no primeiro trimestre deste ano.
Entre 1999 e 2012 (considerando todos os anos), desde o início do sistema de metas de inflação brasileiro, o IPCA médio somou 6,69%, enquanto que a meta central "média" do mesmo período foi de 4,60%.
Produto Interno Bruto
O presidente do Banco Central informou ainda que sua expectativa, atualmente, é que o crescimento da economia brasileira não chegue a 3% em 2013. No fim de março, no relatório de inflação do primeiro trimestre, a autoridade monetária estimou uma expansão do PIB da ordem de 3,1% para este ano.

Antes do anúncio do PIB do primeiro trimestre deste ano, que avançou 0,6% sobre os três últimos meses do ano passado, os economistas do mercado financeiro projetavam um crescimento do PIB de 2,93% para 2013. Entretanto, após o resultado do PIB, vários deles já estão revisando para baixo sua estimativa.
O ministro da Fazenda, Guido Mantega, admitiu ontem que a economia brasileira não deverá crescer no ritmo de 3,5% neste ano – que está contido no orçamento federal de 2013 – e que este valor certamente será revisado para baixo, mas não informou o número exato.
Entretanto, de acordo com Mantega, a expansão será maior do que os 0,9% registrados em 2012. A taxa de crescimento da economia de 0,6% no primeiro trimestre deste ano, segundo ele, representa uma expansão anualizada de 2,2% do PIB brasileiro.
"Estávamos em 3,5% [no orçamento], mas certamente vamos rever esse número. Não posso olhar só para o primeiro trimestre. Tenho de olhar para os trimestres sucessivos. Estamos no meio do segundo trimestrre e os dados são muito bons, principalmente de abril", declarou o ministro da Fazenda nesta quarta-feira.
Fonte: g1.globo.com

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