quinta-feira, 19 de abril de 2012

Vaquinha para a merenda


18/04/2012 Na imprensa
Por: Francisco Francerle / Diário de Natal

No CMEI Moema Tinôco, em Neópolis, aviso de funcionamento em apenas um turno seria causada pela falta de comida. Foto: Carlos Santos/DN/D.A Press Alunos e professores estão sendo tratados a pão e água em alguns Centros Municipais de Educação Infantil (CMEIs) de Natal. No caso do professor a situação é mais complicada: apesar de gastar saliva e energia em sala de aula, até a água tem que levar de casa. O problema revela a grave crise que passa a rede municipal de ensino da capital, onde os professores estão em greve, os funcionários terceirizados estão com salários atrasados, os prédios escolares sucateados e a merenda tem sido regrada ou até doada pelos pais.
Com base em denúncia feitas de pessoas da comunidade que pediram para não ser identificadas, a reportagem do Diário de Natal visitou ontem o CMEI Professora Moema Tinoco, no bairro de Neópolis e o Kátia Garcia, em Candelária, ambos na zona Sul de Natal. A denúncia é de que as unidades municipais estão apelando aos pais para que contribuíssem financeiramente para a merenda dos alunos e, se não pudessem, que mandassem o filho com lanche de casapara ser dividido com os outros colegas de sala de aula. As diretoras de ambas as escolas se recusaram a dar qualquer declaração, dizendo ser responsabilidade unicamente do secretário Walter Fonseca falar sobre o assunto.
Mas em conversa reservada com pais, a reportagem constatou a veracidade das informações. No CMEI Moema Tinôco, a escassez da merenda está denunciada logo no portão de acesso quando uma placa indica que só pode receber os alunos em apenas um turno. E é justamente a falta da merenda que impede a efetivação do segundo turno. Eles também confirmaram a realização de uma reunião para pedir R$ 5 semanalmente para contribuição com a merenda e água para os alunos. Além disso, a escola não tem bebedouro, apenas um gelágua cuja manutenção também depende de haver contribuição. "Certo dia, faltou iogurte, outro dia tinha leite, mas não tinha achocolatado e os professores tiveram que convencer as crianças a tomar leite puro. Outro dia não tinha nada disso e os alunos só tinham água com açúcar, ou seja, garapa", disse uma mãe.